Migrantes passam por um “inferno” na Líbia

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Denúncia foi feita pelo Papa Francisco, sublinhando que “essas pessoas só vinham com uma esperança, atravessar o mar”

O Papa Francisco denunciou hoje “o inferno” por que passam os migrantes que vivem na Líbia antes de zarparem para as costas europeias. “Não imaginam o inferno que lá se vive, nesses campos de detenção. Essas pessoas só vinham com uma esperança, atravessar o mar”, disse.

A denúncia foi feita numa Missa para assinalar o sétimo aniversário da sua viagem à Ilha Italiana de Lampedusa, local de chegada à Europa de muitos migrantes. Francisco celebrou a Missa para recordar a sua primeira viagem como em julho de 2013 à Ilha de Lampedusa, símbolo da crise migratória por estar localizada a meio da perigosa rota do Mediterrâneo central, tantas vezes palco de naufrágios.

O Santo padre escutou os testemunhos de alguns migrantes e recordou o caso de alguém que esteve longo tempo a contar a sua história e que o tradutor resumiu. Depois uma mulher que conhecia a língua africana do homem disse a Francisco que o tradutor não lhe transmitiu “nem a quarta parte das torturas e sofrimentos” que o migrante confessou. “Deram-me a versão destilada. Isto acontece atualmente com a Líbia, dão-nos uma versão destilada da guerra”, sustentou, convidando os fiéis a pensarem na situação dos migrantes no país do Norte de África.

O Papa disse pensar “na Líbia, nos campos de detenção, nos abusos e violências sofridos pelos migrantes, nas viagens de esperança, nos resgates e nas rejeições” e criticou “a globalização da indiferença”. “A cultura do bem-estar leva-nos a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis ao grito dos outros, faz-nos viver em bolhas de sabão, que são bonitas, mas não são nada, são a ilusão do fútil, do provisório, que leva à indiferença em relação aos outros”, lamentou, insistindo que “o encontro com o outro”, por exemplo com quem foge da guerra e da miséria, “é também um encontro com Cristo”.

Nos primeiros seis meses deste ano, as tentativas de atravessar a rota migratória do Mediterrâneo Central, a mais perigosa segundo a ONU, aumentaram em 150% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os Estados-membros da União Europeia  e cinco países do sul do Mediterrâneo vão debater possíveis soluções para a imigração procedente do norte de África numa videoconferência agendada para 13 de julho.

Com Agência Lusa