MIRIAM MEDINA: É motivo de muito orgulho representar a África

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Mon na Roda foi à Polónia e voltou com Ouro e Prata na bagagem. Foi no Campeonato do Mundo em Cadeira de Rodas, realizado no último sábado

No regresso à Cidade da Praia, a líder do grupo conversou com OPAÍS e classificou como “bastante satisfatória” a participação em mais este evento internacional.

Sem desvendar os detalhes do seu afastamento do grupo, por algum tempo, deixando de lado a competição, Miriam Medina apenas diz que a sua relação com o Mon na Roda é como de filho e mãe. “E uma boa mãe nunca deixa um filho”, garante.

Nas linhas que se seguem, Miriam Medina fala do desafio de dançar em cima de uma cadeira com 8 kgs, quando a concorrência usa umas de 3 kgs, da próxima gala do grupo, que acontece em setembro, na Suíça, e das “boas vibrações” que o Mon na Roda sente quando representa Cabo Verde, em qualquer palco.

Confira a entrevista que nos foi concedida via Facebook, nesta quarta-feira, 20.

OPAÍS: Como avalia a vossa participação no Campeonato do Mundo em Cadeira de Rodas, na Polónia, no último sábado?

Miriam Medina – A nossa participação foi bastante satisfatória, tendo em conta que tivemos pouco tempo de ensaios. Cabo Verde foi representado apenas por 3 dançarinos (Miriam, Flavio e Titico) e ainda assim subimos ao pódium 3 vezes.

Mon na Roda volta a ser medalhado. Há Ouro e Prata na vossa bagagem neste vosso regresso a Cabo Verde. É um bom resultado para o grupo?

O resultado não poderia ser melhor, fazemos muito com tão pouco.

As cadeiras de rodas que usamos não são próprias para a modalidade, pois pesam 8kg, e dos outros competidores, apenas 3 kg.

Nenhum dos elementos do grupo Mon na Roda tem uma formação de dança, sendo que os outros países levam junto os seus professores de dança para as competições.

O resultado do nosso trabalho advém de muita dedicação, muito estudo e entrega. Mas, mais do que sermos medalhados é a mensagem que temos passado lá fora, é o fazer ver e ouvir Cabo Verde.

O que significa mais esta conquista?

Essa conquista significa o resultado de um trabalho árduo, porém prazeroso.

Ensaiamos de segunda a segunda, numa sala sem eletricidade, das 17 às 20 horas. Somos nós a coreografar o que levamos para competir, com dançarinos que já praticam essa modalidade há muitos anos. E por sermos o único País a representar o Continente Africano, é motivo de muito orgulho. Escutar o nosso Hino foi um momento indescritível. É aquele momento que tens a responsabilidade de representar bem o teu País.

Miriam Medina, líder do Mon na Roda.

Fala-se, entretanto, numa paragem da bailarina Miriam. A que se deve esta decisão?

Por motivos meramente pessoais, por um tempo não irei competir.

Como vai ser Mon na Roda sem a Miriam?

Mon na Roda é como se fosse um filho. E uma boa mãe nunca deixa um filho. Jamais o grupo ficará sem mim. Enquanto líder, os elementos do grupo foram dotados de ferramentas que os permitem andar com as próprias pernas, ou melhor, com as próprias rodas. Ser líder para mim é isso, é ensinar as pessoas a fazer melhor. Tenho total confiança neles e sei que continuarão o bom trabalho que temos feito.

Ainda sobre a sua paragem, Miriam, podemos indicar um tempo?
Não. Espero ser breve, não sei viver sem a dança.

Qual a vossa agenda para os próximos meses?
Iremos realizar a nossa V Gala Internacional, na Suíça, com a participação da Bélgica, Brasil, Colômbia e Holanda, a 22 de setembro.

Porque Suíça?

Sempre realizamos as nossas galas na Assembleia Nacional, mas como estiveram 2 anos em obras, optamos por realizar a IV Gala no Luxemburgo. Recebemos um convite da Associação du Valais, iremos realizar a V Gala na Suíça.

O que dizer aos Cabo-verdianos que vos acompanham em mais esta conquista internacional?

Os Cabo-verdianos sempre foram nossa força, dentro e fora de Cabo Verde. Mesmo que nas competições não tenha nenhum Cabo-verdiano presente fisicamente, conseguimos sentir boas vibrações da nossa Nação. Queremos agradecer todo o carinho e esperamos continuar a ser o motivo de orgulho e de representar bem o nosso País.