Morreu Vialli, jogador que cresceu num castelo com 60 quartos e que se tornou num goleador Italiano

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Licenciado em Geometria, Vialli, que foi treinador, autor de três livros, e argumentista de um filme, morreu vítima de um cancro no pâncreas, aos 58 anos

O antigo futebolista e selecionador Italiano, Gianluca Vialli, morreu aos 58 anos. Lutava contra um cancro no pâncreas, detetado pela primeira vez em 2017. Em 2020, Vialli anunciou que a doença estava em remissão, mas acabou por reaparecer no fim de 2021.

Vialli morreu num hospital de Londres, menos de um mês depois de ter deixado o cargo de chefe de delegação da seleção nacional, o que já levou a Federação Italiana de Futebol (FIGC) a aprovar a observação de um minuto de silêncio antes do início dos jogos deste fim de semana, em memória do antigo jogador e treinador.

Ao longo da carreira de futebolista, representou clubes como a Juventus, o Sampdoria e o Chelsea.

O avançado foi um dos responsáveis pela conquista do único título da Sampdoria na Série A, em 1991, voltando a sagrar-se campeão Italiano em 1995, ao serviço da Juventus, pela qual venceu também a Liga dos Campeões, em 1996. Disputou ainda 59 jogos pela seleção transalpina, tendo marcado 16 golos.

Gosto pelo futebol/Licenciatura/Literatura

Vialli nasceu no seio de uma família milionária, era o quinto de cinco irmãos e teve uma infância privilegiada, vivia num palácio com 60 quartos, mas distante dos rituais do jogo de rua.

Foi um sacerdote, o Pe. Angelo, que lhe incutiu a paixão pelo futebol, quando entrou na igreja de Cristo Rei para fazer a catequese. O padre era também ele um apaixonado pelo jogo e gostava de ver as crianças a jogar. Diz-se que, depois disso, Vialli dormia com uma bola de papel, a sonhar ser jogador, enquanto desafiava os irmãos para jogarem no pátio do castelo.

O miúdo foi desenvolvendo talento para jogar futebol e aos doze anos houve quem reparasse nele: na circunstância foi o professor de Italiano da escola, Franco Cristiani de seu nome, que o levou para os infantis do Pizzighettone, um clube a seis quilómetros de casa.

Acabou por fazer apenas cinco jogos no pequeno clube, até se descobrir que não podia estar inscrito por causa da idade: um problema de nove dias. Foi jogar para o Cremonese, que pagou cerca de 250 euros por ele.

Licenciou-se em Geometria, em 1993, quando já era adulto, para cumprir uma promessa feita à mãe quando decidiu seguir a carreira de futebolista.

O antigo internacional Italiano descobriu pela primeira vez que tinha cancro em 2017. Depois de oito meses de quimioterapia e seis semanas de radioterapia, decidiu que tinha de dar a conhecer a sua história. Em novembro de 2018, numa entrevista ao Corriere della Sera, disse que teria sido melhor não escrever sobre o assunto, “mas não é possível”.

“Foi uma parte da minha vida que tive de enfrentar com bravura e aprendi algo com isso”, revelou na altura.

Com MF/SIC