Sustentando que a competência, até à data não conseguiu ser “quantificável”, jovem doutoranda em História Relações Internacionais e Defesa sustenta que uma lei de quotas seria vantajosa para Cabo Verde
Anabela dos Santos, licenciada em Ensino de História, pela Universidade do Porto, Portugal, diz-se favorável à adoção de uma lei de quotas em Cabo Verde, e sustenta que devem ser apresentados um “conjunto de critérios” para se avaliar a competência, porque a competência como alguns defendem, até à data não conseguiu ser “quantificável”.
Em conversa com OPAÍS, à margem da segunda edição da Universidade de Verão do MpD, esta jovem que se apresenta como ativista social, cultural e comunitário questiona o que vai determinar que um homem ou uma mulher seja mais competente. “Como se vai dizer que este homem é mais competente que esta mulher?”, indagou, admitindo que, em grande verdade, “tudo vai depender do percurso” de uns e de outros.
Recorrendo a um exemplo ocorrido nos Estados Unidos da América, Anabela dos Santos que é, atualmente, assessora do Ministro dos Negócios Estrangeiros, e doutoranda em História Relações Internacionais e Defesa, recorda que os afro-americanos conseguiram afirmar-se pela via de uma lei, que lhes permitiu estudar e formar.
“Pela via da lei de quotas muitos acederam a universidades, por exemplo, e criaram uma classe negra, estudada e capacitada”, lembrou, advogando que uma lei de quotas seria vantajosa para Cabo Verde, mas não deseja a hegemonia das mulheres, mas sim equilíbrio. Tal como está, diz, “a balança está desequilibrada”.
Entretanto, defende que é preciso “informar, capacitar e criar oportunidades” para que todos aqueles que ambicionam uma carreira, possam perseguir o seu projeto.
No seu entendimento, a questão da representatividade é algo cultural. Sempre foram os homens que tiveram uma maior representatividade a nível político, ao longo da história política de Cabo Verde.
Conforme observou Anabela dos Santos, a questão de conciliar a família e a política depende, em grande medida, do que se puder “negociar” com o cônjuge, sobretudo. “Havendo boa relação familiar e compreensão é possível, sim”, admitiu.
Quanto à Universidade de Verão, a nossa interlocutora faz boa apreciação, dizendo mesmo que “está a valer muito. Eu aprendi muito com os meus colegas” que chegaram de vários Concelhos e que trouxeram novas ideias. “Já consegui reter muitas informações que vão me ajudar agora a desenvolver um melhor programa, melhor trabalho e também criar uma nova rede de amizades”.
No seu dizer, esta formação intensiva de três dias é uma oportunidade de “aprimorarmos” conhecimentos, através de trocas de ideias e experiências. “E é uma oportunidade que a JpD oferece aos jovens para conhecerem melhor como é que funciona a política a nível partidário e as ideologias do Partido e o papel que podemos desempenhar enquanto jovens na vida política do País”, avaliou.
A Universidade de Verão do MpD chega ao fim esta quinta-feira, 27, ao início da tarde. Antes mesmo da cerimónia de encerramento que contará com as presenças dos presidentes do PSD e do MpD, haverá um seminário denominado “falar claro” versando “os jovens e redes sociais”, um tema que será animado por Paulo Colaço e Beatriz Ferreira.