Não devemos manchar a credibilidade de Cabo Verde

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Na verdade, se refletirmos melhor, o Governo de Cabo Verde não tem que estar ou deixar de estar interessado na extradição do Alex Assad. Não é essa a questão! Que se saiba esse cidadão estrangeiro não terá cometido nenhum crime no território cabo-verdiano. Certo!

A questão é outra e é essencialíssima para um pequeno país, frágil e que sustenta o seu processo de desenvolvimento na sua credibilidade externa, como um activo vital para a mobilização de investimentos privados e captação de ajuda pública ao desenvolvimento. A forte aposta que Cabo Verde tem feito nos instrumentos de cooperação internacional em muitos domínios, com especial realce para a segurança, formação, infraestruturas, turismo e desenvolvimento económico em geral, assenta exactamente na credibilidade externa das suas instituições e da sua política.

Ser um Estado credível na cena internacional como um activo que impulsiona os investimentos privados e cooperação pública, implica necessariamente o alinhamento com as grandes organizações internacionais que promovem e defendem os mesmos valores constantes nos textos e proclamações oficiais da República. Não é admissível a hipocrisia, o cinismo e a política de “fitcha ôdjo”, como alguns defendem.

Os Estados só ganham confiança quando as condutas são previsíveis.

Somos da Interpol-que é um sistema de cooperação internacional entre polícias- e isso tem vantagens, como pode ter também alguns inconvenientes pontuais, por esta ou aquela razão. Mas não podemos querer todas as vantagens e rejeitar todos os inconvenientes. Ficar sempre com a carne e deixar o osso para os nossos parceiros. Esse milagre não existe! Não se pode estar dentro e fora ao mesmo tempo! Coerência, consistência e previsibilidade são valores fundamentais nesta área.

Cabo Verde desde a independência, com todos os governos, tem dado sinais claros de combate à criminalidade organizada, impondo penas muito duras em certos tipos de crimes, até mais duras do que vários países no mundo, de entre eles os Estados Unidos da América. Cabo Verde tem imposto penas que até podem ser consideradas excessivas para associações criminosas, tráfico de drogas e branqueamento de capitais, com prisão de 25 anos!

BOBU NA TCHUTO suspeito desses crimes foi condenado a 4 anos de prisão.

Salvo raríssimas excepções que se verificam fundamentalmente em certos países asiáticos, as penas em Cabo Verde nessas matérias têm sido muito mais pesadas, talvez até excessivamente pesadas se considerarmos as condenações nos hediondos crimes de violação de menores por exemplo.

Faz pena notar que a oposição, para ganhar votos, não tem tido a dimensão política que lhe é exigida em ocasiões como esta, a defesa do prestígio do Estado de Cabo Verde. Somos, ou devemos ser, antes de tudo, cabo-verdianos. E a credibilidade do Estado de Cabo Verde na cena internacional é crucial, vital, até para a nossa sobrevivência neste mundo cada vez mais complexo, competitivo e que move agora num mar de incertezas.

Temos que funcionar aqui como um todo, como um sistema previsível. Quem não percebeu isto, não percebeu nada!

Absolutamente nada!



2 COMENTÁRIOS

  1. Muito bem. Para quando a Procuradoria Geral da república e a Polícia Judiciária começam a investigar em todas as Ilhas, os novos ricos, riquezas que aparecem da noite para o dia, pessoas que do nada começam a adquirir imóveis aqui, acolá, etc. ? Parece-nos que isso também ajudaria a manter o nome de Cabo Verde limbo no concerto das nações!

  2. Meu Caro o teu primeiro parágrafo diz tudo … a tendência para muitos , é para passar por cima do essencial, do factual e tentar influenciar, de forma torpe e distorcida a capacidade crítica limitada de alguns de alguns menos informados ,.. isto é pernicioso do ponto de vista sócio pedagógico se assim podemos dizer ; não se trata de uma questão de opinião, mas sim de honestidade intelectual. Gente interessada em preservar a imagem de Cabo VERDE ?? qual quê? oposição? Quem tem obrigação o dever de formatar e gerir a FOTOGRAFIA , é quem está no poder , para providenciar ” pão ” para a mesa deste país , o resto, tem sido “roido ” infelizmente, ou não ??

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