Natal, Deus, progresso e dignidade humana

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O Natal é um dia especial e impõe-nos, também, um certo dever de REFLEXÃO.

Que sociedade estamos afinal a construir? Qual é o nosso conceito de Justiça e Humanidade?

Estará a nossa Polis radicada naquela Amizade Cívica pressuposta por J. Maritain?

O Natal é também um dia de Saudade. De muitas saudades. Como não lembrar e recordar aqueles que partiram, por vezes precocemente, e que já não estão na mesa familiar de todas as partilhas?

Aqueles cujos abraço e sorriso em vão solicitamos, e cuja ausência inquieta a nossa alma e nos leva a reconhecer, de uma vez por todas, a nossa radical incompletude.

Só Deus, o Altíssimo e Omnipotente, pode consolar as nossas mágoas e assinalar-nos um caminho outro de Fé, Esperança e Fraternidade.

Deus-Pai e Todo-Poderoso, cujo sopro divino sentimos, desde sempre, na alegria do presépio (tão belo, tão inspirador!) do menino-que-nasceu e na magia de uma data que toca verdadeiramente os nossos corações e conclama o melhor de cada um de nós, é afinal aquele APELO AO MISTÉRIO que dá sentido à vida humana e nos salva, definitivamente, das banalidades do quotidiano.

O Natal é, pois, esse ENCONTRO fundamental.

Entre o homem, cada vez mais orgulhoso das suas conquistas técnicas e materiais, e Deus, o Senhor do Universo e a lembrança da nossa infinita fragilidade e pequenez.

NÃO se pode abolir Deus. Jamais. É uma impossibilidade lógica e axiológica!

Quando alguns homens, ingenuamente, pensaram, um dia, “aboli-lo”, sem deixar rasto, eis que surgiram, no Seu lugar, novos deuses, imprevisíveis, vingativos, rapaces e sem qualquer critério ou sentido ético.

Sabemos o que aconteceu. Terror, miséria, opressão, fanatismo ideológico.

A experiência dos regimes políticos totalitários, durante o século XX, aí está para o provar. Os aprendizes de feiticeiro costumam viver momentos amargos. Cuidado com a utopia!

A descrença é a loucura e a tirania. É o genocídio em larga escala.

O horizonte mais importante do homem (ser humano) é a Transcendência. A nossa natureza nunca nos enganou. Vivemos para a imortalidade e para o Bem. O resto é patologia.

Há muitos anos, li um livro de um grande filósofo norte-americano, e ele, numa passagem luminosa, perguntava inteligentemente: Porque tiramos FOTOGRAFIAS?

Sim, porque, constantemente, tiramos fotografias, mormente nesta era de sofisticados telemóveis e “redes sociais”, em que as pessoas, de todas as idades, fazem “selfies” sofregamente, partilhando, em público, momentos e emoções?!

A resposta, que ele deu, é surpreendente e inquestionável: porque, como homens, aspiramos de facto…à ETERNIDADE! Buscamos preservar a nossa identidade…para sempre. Deixar a nossa marca irrepetível. For ever.

Estamos sempre a regressar ao Jardim das Virtudes e das Tentações, ouso dizer agora.

Todos os nossos instintos, se pensarmos bem, vão nessa imponente direcção. Sabemos, até inconscientemente, que há mais mundos!

E procuramo-los incansavelmente. Todos os dias, minutos e segundos. Nos filmes de Hollywood e na “scienza nuova” das nanotecnologias, bio-genética, etc..

Li, em delícias, vários escritos de Carl Sagan, à procura de entender a grande saga do universo, a partir dos cânones da Física e da Astronomia.

A ciência é o retrato de uma pequena parcela da realidade.

As viagens espaciais são contudo, parece-me, apenas uma sumptuosa metáfora. Há ALGO bem mais profundo atrás delas. Vamos para onde, afinal?

A Física, dir-se-ia, é apenas um capítulo da Metafísica ou mesmo da Teologia.

Freud passou ao lado do mais importante. O nosso SONHO, humano, é Deus e a imortalidade.

Que é ESTE mundo, povoado ainda por guerras, maldades, tiranias e desumanidade? Um pobre “vale de lágrimas”, diz o livro santo e sagrado.

O Natal é, por tudo isso, a Esperança de superação. O Arché. O anelo da simplicidade perdida, desaguando numa lei fundamental: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

É um momento, ímpar, de um diálogo íntimo. De um RE-ENCONTRO sagrado, decisivo, enquanto símbolo da nossa Civilização e garantia de um devir mais sensato e gratificante.

Hosana nas alturas!

Cristo nasceu em Belém e veio, sim, resgatar os nossos pecados! Entoemos o magnífico canto!

A Sua glória é eterna.

Hosana nas alturas! O mal foi vencido.

Saibamos recebê-Lo de braços abertos. E encontrar o conforto perene nos seus generosos (a)braços, e aconchego. Fomos redimidos.

Na Sua mesa divina, e abençoada, haverá lugar para todos aqueles que Nele crêem, de Este a Oeste, e para além de todas as nossas pequenas divisões.

E é LÁ, precisamente, que encontraremos aqueles que agora procuramos em vão nas nossas frágeis recordações.

Bendito seja Deus. Bendito seja o Natal.

Max Planck, prémio Nobel da Física e patrono de instituições científicas de primeira grandeza na Alemanha, recordou-nos, humildemente, que os maiores génios de sempre foram Cristãos convictos.

A fé e a razão são perfeitamente compatíveis.

Reforçam o discernimento humano.

Quem criou a Natureza, com toda a sua perfeição e complexidade?

Aguardemos sempre no ardor das Suas sagradas e infalíveis palavras!