Tenho dito e explicado que o PAICV continua a ser um partido altamente perigoso e revolucionário, inimigo das liberdades fundamentais e, claro está, das conquistas civilizacionais trazidas pela II República.
O PAICV traz o veneno da utopia marxista na sua essência, tentando, depois, através de métodos gramscianos, estender esse manto tenebroso sobre toda a sociedade cabo-verdiana. Conspurca tudo.
A mui recente entrevista do dr. José Maria Neves a um semanário da praça é mais uma prova, no meio de tantas outras, da natureza perversa desse partido e dessa gente.
O sorriso é, por vezes, mefistélico, mas a alma é podre e radicalmente totalitária.
É realmente perturbador ouvir um homem que já foi Primeiro-Ministro deste país a dizer, publicamente, que o Partido Único (1975-1990), esse monstrengo inventado pelo bolchevique Lenine, “…não era, na sua essência, um partido ditatorial” (sic).
Porca miséria, diria Marx.
Isso revela, de uma vez por todas, que o sr. José Maria Neves não tem um pingo de compromisso com a II República e com o Estado de direito democrático.
É apenas um tosco propagandista que, apesar de algum verniz circunstancial, não se libertou dos mitos da ditadura e dos símbolos que absorveu, tant bien que mal, nos tempos da JAAC-CV. Mais nada.
José Maria mente descaradamente. Parece uma doença.
Afirma, no meio de tantos absurdos, que o PAICV “não era um partido marxista-leninista”. É redondamente falso.
Para começar, o modelo de Partido Único é uma criação de Lenine.
Isso mostra, à saciedade, que o nosso “estadista” não sabe realmente o que diz.
Karl Marx deixou mais ou menos pronta a “filosofia” comunista, mas quem se encarregará, historicamente, de a implementar são os revolucionários russos, através dos métodos brutais bem retratados nesse filme inesquecível intitulado Doutor Jivago, inspirado no romance de Boris Pasternak.
José Neves alega também que o Partido Único trouxe a “decência” na governação e, pasmem-se!, a “liberdade” (com e, já que ele, consabidamente, só consegue dizer “leberdade”…).
A liberdade, acrescenta o nosso pequeno génio, enquanto “não subjugação”!!!
A pantomima é extraordinária.
As “organizações de massa” atreladas ao Partido recebiam directamente do Orçamento do Estado e não havia nenhum tipo de prestação de contas.
E havia um artigo 4.º na Constituição de 1980 que conferia, à boa maneira soviética, poderes absolutos ao PAIGC-CV, consagrado, formalmente, como “a força dirigente da sociedade e do Estado”.
Espelho meu, espelho meu, haverá regime político mais decente no mundo?!
Um regime que aplicava, regularmente, choques eléctricos como método de obtenção de “prova” tem alguma coisa a ver com a LIBERDADE?
Só na cabeça do dr. Neves.
Os juízes, no tempo da ditadura do PAICV, eram nomeados directamente pelo Ministro da Justiça. É uma vergonha incomparável.
São estes os preciosos “valores de esquerda” referidos na lengalenga nevesiana.
Seria fastidioso estar aqui a recomendar dezenas de livros (acerca do comunismo e da sua natureza intrinsecamente totalitária) ao propagandista-mor JMN.
Basta, todavia, indicar-lhe um único livro: O Livro Negro do Comunismo, editado, em 1997, por Stéphane Courtois e outros autores.
Trata-se, aliás, de um livro de leitura obrigatória, que explica, com meridiana clareza, o mecanismo perverso de funcionamento da utopia marxista e as consequências que essa coisa demoníaca trouxe ao planeta Terra, cifrando-se em mais de 100 milhões de mortos durante o século XX, em tempos de paz.
Ditadura, miséria, genocídio e opressão, eis o resultado dessa terrível experimentação.
É uma maldade indescritível, descomunal, que começa, todavia, pela propagação de pequenas mentiras e pela suave falsificação das palavras.
A corrupção da linguagem é o sinal, antes de tudo, de uma vasta doença espiritual, e isso já tinha sido bem explicado pelo psicólogo Viktor Frankl, o célebre fundador da “logoterapia”.
É por isso que devemos ter muito cuidado com os pequenos demagogos, os sofistas de esquina e, enfim, os esbirros da ditadura, os quais, orwellianamente, tomam o totalitarismo como sinónimo de liberdade.
Caro Casimiro, pior que as burrices do JMN, de resto um ‘habitue’, só as perguntas ou as não-perguntas deixadas de fazer pelo Expresso das Ilhas, que se afasta, a olhos nus da nossa civilização democrática.
Demência total. Há muito que andar a querer branquear a História do Regime Comunista de Partido Único da I República de Cabo Verde, mas a História não se apaga.
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