Numa única noite foram construídas 19 barracas no Alto da Glória

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Informação foi avançada ao OPAÍS.cv pelo Edil da Capital. Óscar Santos admite que por detrás disso tudo estão “negociatas” no que configura ser uma “nova forma de crime organizado sobre terrenos”

O Presidente da Câmara Municipal da Praia foi recebido, esta terça-feira, 2, em audiência pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, onde foram abordadas questões sobre estatuto especial da Praia, Covid-19 e situação das barracas no Alto da Glória.

Na sequência do encontro, o Edil conversou com OPAÍS.cv, e avançou que a situação naquela localidade merece atenção e preocupação de toda a Sociedade civil e não só da Câmara Municipal.

Conforme adiantou, em apenas uma noite foram construídas 19 barracas, o que mostra que há pessoas por detrás dessa situação com um esquema lucrativo.

“Sabemos que há pessoas que têm necessidades, estamos a falar com elas e estão a ser alojadas paulatinamente, mas por detrás disso tem negócio”, disse sublinhando inclusive que há nomes já conhecidos que estão a vender terrenos naquela localidade. “É um negócio de terreno que nem imaginas”, acrescentou.

A situação de Alto da Glória veio agravar-se ainda mais com o estado de emergência. De acordo com Óscar Santos as pessoas estão a aproveitar da situação para ter “uma explosão” nas construções e caso não for “travado pode ter certeza que iremos ter mais de 4 mil barracas em pouco tempo”, podendo, acrescenta, se alastrar por várias outras zonas.

Nas suas declarações ao OPAÍS.cv, o Autarca adiantou ainda que, para além do plano local que irá ser aprovado no Parlamento, a Câmara Municipal solicitou ao Governo Chinês, em 2017, um financiamento de um projeto para Alto da Glória, Jamaica, São Paulo e Achada Mato, com 250 habitação social para cada um desses bairros, para travar a construção clandestina, no entanto porque começaram por São Vicente, “só depois será aprovado o plano da Cidade da Praia por ser maior”.

Tendo em conta os riscos que essas construções poderão trazer à Cidade da Praia, e ao País, a Autarquia vai continuar a combater essa prática, mas conforme adianta o Presidente há altas personalidades por detrás disso, a incentivar construções clandestinas, ganhando dinheiro à margem da lei.

“Uma pessoa que não tem condições como consegue transportar todas as chapas que necessita para essas construções, transportes, de noite para o dia, mão de obra”, questiona, admitindo que isso só pode ser pessoas com dinheiro por detrás disso, afirmando mesmo se tratar de uma nova forma de crime organizado. “Pessoas tiram o seu lote, fazem barracas, se não fizermos nada, dentro de 2 a 3 meses, fazem um quarto de casa de noite para o dia com teto de betão para depois vender por 500 contos”, explicou Óscar Santos.

Casos como estes, diz, não é de agora, havendo inclusive vários casos enviados para a PGR, mas “infelizmente as nossas autoridades tem outras prioridades”.

O Presidente da Câmara adianta que estão a agir por precaução, porque caso contrário dentro de anos haverá várias barracas, que consequentemente trará ondas de criminalidades, para além de várias doenças sanitárias. Por isso Óscar Santos pede a união de toda a Sociedade civil para combater esse problema, para que no futuro não haja “desastre”, avançando que com a Covid-19, caso as autoridades não tivessem fechados as pessoas em hotéis, haveria uma situação desastrosa ali, principalmente no bairro de Barraca em Boa Vista, e “isso não queremos”.



1 COMENTÁRIO

  1. Se Oscar está conversando com as pessoas afetadas e fazendo provisões para moradias aprovadas paulatinamento, qual é o problema? Em vez de agir gradualmente, aja mais rapidamente. Depois que as pessoas forem colocadas em uma moradia pública adequada, destrua as barracas. Mas você não deve apenas expulsar as pessoas na rua.

    Além disso, vamos resolver o problema maior, que é a falta de moradias para os pobres. As principais necessidades de um ser humano são comida, abrigo e segurança nessa ordem. O problema pode ser que as prioridades não estão definidas corretamente.

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