O dia em que o partido único foi parar ao caixote do lixo da história

O 13 de Janeiro, em paralelo ao 5 de julho, é a data de maior simbolismo no calendário nacional, por ser o marco referencial de uma rotura com o antigo regime e a entrada de Cabo Verde no concerto das nações livres e democráticas.

Finalmente, mais de 500 anos após o povoamento das ilhas, a esperança de um Cabo Verde livre e próspero começou a tornar-se realidade.

A QUEDA DO REGIME

Em 13 de Janeiro de 1991, de forma massiva e ordeira, os cabo-verdianos foram às urnas e rejeitaram, com firmeza, o caduco e ultrapassado regime arrogante de partido único e tudo aquilo que representava no imaginário coletivo.

Nunca é demais recordar que a proposta inicial do paicv de realização das eleições, era apenas para retocar e maquilhar o regime ditatorial, à semelhança do que acontece nos países com o mesmo regime, para enganar os parceiros internacionais e doadores de Cabo Verde que, com a queda do murro de Berlim e o desmoronamento da União Soviética, já estavam fartos daquele regime. Mas, também, como consequência do forte movimento popular de oposição ao partido único, determinante para o surgimento do Movimento para a Democracia.

CABO-VERDIANOS NÃO SE DEIXARAM ENGANAR

O paicv não queria a democracia. Era apenas um estratagema para continuar a ter acesso às ajudas para alimentar os bolsos e os egos dos “melhores filhos da terra”. A proposta saída do congresso daquele partido era permitir que “grupos de cidadãos”, quiçá meio informais, apresentassem listas contra a máquina do partido-estado, para terem maioria qualificada e dizer que eram escolhidos pelo povo.

Porém, a capacidade negocial dos jovens dirigentes do recém-nascido MpD, aliado a forte vontade de mudança percetível no seio dos cabo-verdianos, impôs o contrário. O Estado de Direito Democrático, finalmente, viria a conhecer a luz do dia com a aprovação da Constituição de 1992.

O MpD usou a maioria qualificada de 2/3 que recebeu nas urnas, para dar o maior presente de sempre aos cabo-verdianos: a possibilidade real de viver num país livre, democrático e próspero, jogando a ditadura do partido único para o caixote de lixo da história.

Viva 13 de Janeiro!



1 COMENTÁRIO

  1. Ontem o ex Presidente Pedro Pires ao inaugurar, no Tarrafal de Santiago, a exposição d,e documentos da vida de Amílcar Cabral, disse que o campo de concentração foi encerrado a 1 de Maio de 1974, com libertação dos presos políticos. Nada mais falso. Em Dezembro de 1974 centenas de Cabo verdianos foram presos e muitos deles internados no campo de concentração do Tarrafal. Motivo. Opunham se ao marxismo leninismo do PAIGC, a Unidade Guiné Bissau/ Cabo Verde e exigiam um referendo. Peço ao O País que em entrevistas com testemunhas da época desmascare Pedro Pires o homem que depois de ter participado na eliminação dos comandos africanos na Guiné Bissau, deu ordens para a prisão e tortura dos que se opunham ao PAIGC. Esta uma luta a favor da verdade.

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