O MpD deve tomar cuidado

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Nos últimos tempos, através de algumas manifestações de posicionamentos, quer através de artigos, comentários, vídeos em directo nas redes sociais, spots, rádios e lives, mesmo nos meios de Comunicação do Estado, e também de outros meios, assiste-se a configuração de uma espécie de coligação inorgânica ou uma certa convergência política à volta de certas posições defendidas pelo Paicv.

Fazem parte desta espécie de coligação de esforços uma diversidade de pequenas entidades e pequenos sectores. Os antigos elementos do Paigc/Paicv, os jovens filhos destes elementos (alguns a viver hoje na emigração), algumas organizações-satélites deste partido, uma significativa parte da Comunicação Social do Estado (Rádio e RTC), Comunicação Social privada, quadros com responsabilidades na Administração Pública que são afectos à oposição, algumas figuras ditas independentes e algumas poucas figuras descontentes com o MPD por razões diversas.

Estas manifestações estão patentes ao longo das redes sociais, onde se verifica o predomínio de influência de pessoas afectas à oposição.

O tema fundamental que liga essa diversidade de gente é, essencialmente, alguma comunhão formal e teórica a nível ideológico, a bandeira da pobreza e alguma frustração política por parte de certas individualidades.

Contudo, o elemento identificador que agrega este grupo é a bandeira da pobreza e a sua exploração política. E para isso, nada melhor de que fazer-se uma exploração emocional da pobreza, com uma certa arte de compaixão, porque, por outro lado, sabe-se que a pobreza, sendo mundialmente considerado um problema estrutural, não pode ter uma resposta imediata.

Confiantes no número lançado por instituição internacional, acreditam que existe 170 mil pobres no país e que eles vivem em condições sub-humanas, sobretudo a nível habitacional, chegando a condenar o governo e a CMP por falta de políticas públicas e colocando o foco na recente demolição de barracas clandestinas e ilegais por parte desta instituição.

Esta espécie de coligação, melhor, uma espécie de cocktail político, que retomou a linguagem mais baixo do ano 1975, esquece-se que esta pobreza veio sobretudo dos governos do partido que esteve no poder durante 15 anos, com uma governação descontrolada e que não soube equacionar as prioridades das políticas públicas.

Por mais que se queira defender, não será objetivamente possível e aceitável, quando se deixa, após três mandatos, um terço da população na pobreza! Com este resultado, alguma política terá falhado!

Pior. E esta gente que agora pretende coligar sabe que, mesmo que o Paicv retorne hoje ao poder, não consegue resolver a questão da pobreza existente no país. De forma nenhuma!

A pobreza é uma questão estrutural, cujo combate exige várias gerações de programas públicos sustentáveis e permanentes.

Caso contrário, se fosse com uma varinha mágica, não teríamos, como eles próprios assumem, 170 mil pobres em 2016 (???).

No mundo existe 2,2 de bilhões de pessoas a viver em situação de pobreza, constituindo 1/3 da população mundial.

E sabe-se que o seu combate vai exigir várias gerações de programas, nos quais se devem contemplar os instrumentos integrados de crescimento, conhecimento e trabalho das comunidades mais pobres.

Que a pobreza não se combate com o assistencialismo ou com o populismo, com sestas básicas, é um dado reconhecido por todas as instituições internacionais e governos mundiais.

Contudo, o MPD deve estar atento a esta pequena recomposição do campo político e de posicionamento de algumas figuras políticas.

Na minha opinião, o MPD não deve subestimar esta crista de onda de opinião ou de aproximação de correntes diversos que se quer criar.

O MPD deve agir, com a urgência que entender necessária, e concentrar o seu foco no reforço efectivo do sistema MPD, tocando em dois aspectos fundamentais:

  1. a) aproximar-se ainda mais de sectores da sociedade que condenam o assistencialismo, o populismo e a demagogia nas políticas públicas;
  2. b) reforçar e consolidar os componentes do sistema MPD, vitaminamizar os quadros, os dirigentes, os militantes, os empreendedores e todos os sectores de sociedade, que, naturalmente, condenam o imediatismo político e que não querem o retrocesso das políticas públicas em Cabo Verde.

É fundamental que o MPD se prepare e bem a partir de agora e ter presente que a coesão só resulta de um compromisso e de medidas e actuações concretas.

Daqui em diante, ultrapassada a crise pandêmica, o Paicv, alguns sindicatos e os seus aliados vão exigir do Governo coisas que sabem que Cabo Verde não poderá dar.

Prevê-se um período difícil e se o sistema não estiver preparado para o ataque coligado que vem aí, será mais difícil aguentar a pressão.



4 COMENTÁRIOS

  1. Caro Maika o MpD não quer se acordar para realidade as “Fakes News”. Como faz a tropa digital do Jair Bolsonaro um grupo cria, dessimina, divulga massivamente notícias falsas que depois são retomadas pelos deputados e dirigentes como sendo verdadeiras. O objetivo é a destruição de caráter dos adversários políticos, mas também de pessoas individuais e entidades empresariais. É um autêntico Gabinete de Ódio cujo financiamento ainda é uma incógnita, mas fácil de se achar: jornais do Paicv pedem descaradamente dinheiro para fazer campanha ilícita. Tome como exemplo a quantidade de sujeira que um jornal do Paicv escreveu sobre a morte recentemente de um advogado da praça.

  2. Não sou nem mpd, nem paicv, e nem me deram se quer, chance de ser. Achei esta chamada de atenção muito importante para qualquer partido no poder. Aliás ! Uma visão profunda de comando… Os partidos democráticos também, devem ouvir ideólogos, devem ter comandados, o deixa ir desenfreadamente prejudica a boa convivência democrática. Os políticos Cabo-Verdianos, não devem esquecer do povo. O saudoso Renato Cardoso, já chamava atenção do governo, para não esquecer que tude criston, tude cimbron, tem direit na ce gota D’água. Ildo lobo, dizia : es ta bai pa governo, esta ta dado corda, es ta pensa ma es é midjor fidjo que tude gente nes terra.

  3. João Pedro Mendonça você não sabe o que de fato acontece no Brasil, eu tô aqui e tô vendo o que de fato vem acontecendo. Procure se informar pra não ficar falando água. Gabinete do ódio não passa de uma narrativa para censurar os apoiadores do PR, houve a instauração de um inquerito ilegal, que até agora não achou nada. Como diz os procuradores: Follow the money. Mas cadê ? A Operação Lava Jato desmantelou uma quadrilha usando essa premissa. Se há um financiamento, cadê esse dinheiro ?
    Pare de ler O Globo, Folha de SP e Estadão, se informe em veículos limpos e sem viés, Conexão Política e Renova Mídia, Canal do Terça Livre no you tube.

  4. Meu caro, meu papo aqui é sobre Cabo Verde e seus problemas que são de bom tamanho, e não propriamente sobre o que sai na: Globo, Estadão, Folha, Band, Record, SBT, CNN Brasil; TVGlobo, GloboNews, EBC, TVCultura, RedeTV, IstoÉ, Veja, Exame, Valor, Época, Carta Capital, Fórum. Sou solidário com aqueles que lutam por uma democracia liberal no Brasil. Meus respeitos de coração, se a minha chamada tiver sido ofensiva, peço imensas desculpas.

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