Olavo Correia classifica dívida pública como “uma bomba atómica” em África

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Vice Primeiro-Ministro falava durante a sua intervenção na Conferência Económica Africana, que decorre na Ilha do Sal, sublinhando que Cabo Verde gasta 60% das receitas só em juros da dívida. Olavo Correia defendeu ainda a extensão da moratória sobre o serviço da dívida em 2022

O vice-Primeiro-Ministro, Olavo Correia classificou hoje, a dívida pública como “uma bomba atómica” em África, dando como exemplo o caso de Cabo Verde que gasta 60% da receita só em juros da dívida. “A dívida pública é uma bomba atómica a caminho do Continente Africano, na direção de vários países, principalmente depois do início da pandemia; não podemos ter uma economia que funciona só para pagar juros, e as pequenas Ilhas foram as mais afetadas pela pandemia”, sustentou Olavo Correia.

O também Ministro das Finanças e Fomento Empresarial defendeu ainda que a insustentabilidade da dívida pública não é apenas uma questão de números, mas sim um travão perigoso para o crescimento das economias Africanas. “Hoje pagamos de serviço de dívida 24 milhões de contos para um volume de receitas fiscais na ordem dos 40 milhões de contos, o que significa que 60% da receita fiscal de Cabo Verde é alocada apenas para o serviço de dívida; ora, isto é uma bomba atómica, não é sustentável para Cabo Verde, o caso mais dramático, mas também para outros países”, alertou.

Na sua intervenção, Olavo Correia disse ainda que a União Africana devia seguir o exemplo da União Europeia, ajudando especificamente os Estados em maiores dificuldades do ponto de vista económico, e considerou que a defesa e a segurança não devem ser as únicas prioridades de Adis Abeba. “Temos de seguir o exemplo da União Europeia, que mobiliza dívida para depois ajudar os Estados, por que não faz a União Africana o mesmo”, questionou.

Na intervenção, Olavo Correia defendeu ainda a extensão da moratória sobre o serviço da dívida em 2022, criticando o facto de este adiamento dos pagamentos da dívida pública ir acabar no final deste ano. “2022 vai ser mais difícil que 2021 e 2020, e não se fala da extensão da moratória, o que é muito estranho”, disse, concluindo que “África precisa de uma voz forte a nível mundial sobre os temas financeiros”.