Vice-Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças diz que Cabo Verde vive um “bom momento” com a realização da Cimeira da CPLP na ilha do Sal. Trata-se de um encontro que promove espaços regionais, mas sobretudo as parcerias, destaca Olavo Correia
Em declarações ao OPAÍS, à margem da Cimeira da CPLP, o número 2 do Governo, destaca que a magna reunião de Santa Maria serve também para promover o destino Cabo Verde. Olavo Correia põe tónica na parceria a ser assinada, à margem da Cimeira, com o BAD para financiar a segunda fase das obras do Porto da Palmeira, e a construção do Porto do Maio.
No caso do Porto Inglês, o Vice-Primeiro-Ministro observa ser “muito importante” porque o Porto vai viabilizar o turismo na ilha num momento em que o Governo da república quer dar “uma nova perspetiva” ao desenvolvimento daquela ilha
OPAÍS – Esta Cimeira está a movimentar por estes dias a ilha do Sal. O encontro insere-se na divulgalão e promoção de Cabo Verde?
Olavo Correia – Claro, qualquer destes encontros, sobretudo este da CPLP que vamos assumir a presidência, serve para promover Cabo Verde à escala global, mas também para promover os países que fazem parte da CPLP.
Este encontro promove espaços regionais, mas sobretudo as parcerias para acelerarmos a dinâmica do desenvolvimento económico e social em cada um dos nossos países.
Este é um bom momento para Cabo Verde, para a CPLP e para o Mundo.
Das parcerias, fala-se num acordo que vai ser assinado com o Banco Africano de Desenvolvimento Africano, BAD, para financiar a construção do Porto do Maio e a segunda fase do Porto da Palmeira. Está tudo garantido?
Está, está. Os portos do Maio e Palmeira já têm o financiamento garantido pelo BAD, já temos a autorização para avançarmos com o concurso, vamos imediatamente avançar com o concurso para a construção no Maio e a segunda fase do Porto da Palmeira, no Sal.
Este pacote é muito importante sobretudo para o Maio, porque viabiliza o turismo na ilha e vamos dar uma nova perspetiva de desenvolvimento ao Maio.
O Porto do Maio é muito importante, não só para o Maio mas também para a região de Sotavento.
Que mais valias pode trazer a Cabo Verde, a presidência da CPLP?
Se conseguirmos fazer o que está na agenda, que é fazer da CPLP um espaço de cultura, de mobilidade, mas também de desenvolvimento económico e social, Cabo Verde ganha e todos os demais países ganham.
Estar na presidência da CPLP dá a Cabo Verde uma projeção que enquanto pequeno País olha na parceria e na integração como um ativo fundamental. É para nós uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.
Tem que ser uma presidência que possa aportar resultados, não pode ser apenas discurso, tem que aportar resultados para as pessoas e para a CPLP. Mais cultura, mais mobilidade de pessoas, bens e capitais, mas sobretudo mais promoção de bens económico e social em cada um dos nossos países.
Na verdade, a questão da mobilidade se coloca mais com Portugal e Brasil. Acredita que é possível ultrapassar a questão?
Penso que sim, penso que há uma vontade de todos os países. Claro que há especificidades de cada País que devem ser respeitadas e devem ser compreendidas, mas há esse engajamento e comprometimento e penso que nos próximos dois anos muita coisa se fará no quadro da mobilidade.
A perspetiva futura é termos uma mobilidade plena mas temos que ser pragmáticos. Isto não pode ser conseguido num primeiro momento, tem que ser uma coisa faseada e gradual, dando pequenos passos até atingirmos a meta máxima que é garantir a livre circulação de pessoas, bens e capital na CPLP.
Os empresários falam na necessidade urgente de, pelo menos, a isenção de vistos com os PALOP. É mais prático?
Acho que sim. Os empresários são agentes que não podem ser limitados pela burocracia e que precisam de um quadro de livre circulação. Esta é uma abordagem pragmática, começar com os homens da cultura e empresários e progressivamente ir aumentando o universo até chegar à livre circulação plena.