ONU alerta que financiamento e economia verde são cruciais para África

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Para Vera Songwe, é certo que a crise vai continuar, por isso a questão passa por definir um modelo de resposta a longo prazo, em vez de o continente ser repetidamente apanhado desprevenido

A secretária executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África, UNECA, disse hoje que os Ministros Africanos das Finanças vão defender o acesso aos mercados financeiros e a aposta na economia ‘verde’ para recuperar da pandemia.

Em declarações à Lusa à margem da 53ª Conferência dos Ministros das Finanças, Economia e Desenvolvimento, Vera Songwe disse que “desta reunião deverá sair um apelo dos Ministros Africanos para uma resposta adequada da comunidade internacional à crise e um acordo no plano de recuperação”, que estará focado na economia ‘verde’ e acrescentou que “a conversação está muito centrada em como construir melhor doravante, como sair da crise”

Antecipando as conclusões da reunião que termina na terça-feira, Vera Songwe afirmou: “Primeiro, como garantir a resposta de que precisamos, estendendo a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) até final do ano, emitindo Direitos Especiais de Saque [do Fundo Monetário Internacional] e emprestando-os” aos países mais vulneráveis.

Depois, continuou, é importante a criação de “instrumentos de acesso ao mercado, a que chamamos de Instrumento de Liquidez e Sustentabilidade, que vai permitir aos países ir aos mercados com taxas muito mais baixas para poderem investir num desenvolvimento renovável e mais sustentável”, disse a responsável, que é também vice-secretária-geral das Nações Unidas.

A recuperação da crise, acrescentou, “será dependente de uma economia mais verde, com mais sustentabilidade, tecnologias de informação, uma nova era digital e a energia, que é o facilitador de toda esta industrialização, para além de saber como podemos beneficiar do acordo de comércio livre se não temos a infraestrutura certa”.

Para Vera Songwe, é certo que a crise vai continuar, por isso a questão passa por definir um modelo de resposta a longo prazo, em vez de o continente ser repetidamente apanhado desprevenido.

“Está a haver a uma conversação sobre como reiniciar a nível global as instituições internacionais financeiras, porque esta crise vai continuar, e não podemos cada vez que há uma crise pensar no que vamos fazer agora, temos de ter soluções de longo prazo para responder a isto”.

O comité de peritos da UNECA está reunido desde quarta-feira em Adis Abeba, e a partir de segunda-feira são esperadas as participações dos Ministros Africanos das Finanças, Economia e Desenvolvimento, que farão um ponto de situação relativamente ao impacto da pandemia de covid-19 e às estratégias para ultrapassar a crise económica e sanitária daí decorrente.