Com tantos moralistas nas redes sociais, dar uma mera opinião torna-se quase um ato de coragem. Quando tens uma posição que vai contra o que esses moralistas defendem, és vilipendiado e acusado de tantas coisas, como se não vivêssemos num país democrático, onde cada cabo-verdiano é livre de assumir a posição que entender, desde que respeite o outro.
Esses moralistas tentam passar a ideia de que assumem posições neutras e de que estão livres de amarras partidárias ou políticas, para assim legitimarem os seus ataques e vilipêndios. No entanto, assim que atingem o objetivo de derrubar o outro, entram em hibernação e passam a dizer que tudo está bem. Nas últimas eleições autárquicas, vi vários desses moralistas das redes sociais nas listas de partidos. Há até um escriba de artigos moralistas que foi o rosto de uma candidatura, apesar de afirmar que era anti-partidos. “Determinados convites são difíceis de recusar”, disse ele para justificar tamanha audácia.
Pessoalmente, admiro as pessoas que criticam nas redes sociais e assumem de forma clara as suas opções político-partidárias. Tenho todo o gosto em debater, de forma descomplexada, aspetos ideológicos ou a bondade de determinadas opções políticas.
Respeito igualmente aqueles que mantêm sempre a mesma posição crítica, independentemente de qual partido esteja no Governo, e que não se deixam levar por interesses circunstanciais. Admiro os que são capazes de elogiar boas medidas e, ao mesmo tempo, criticar com o objetivo de promover melhorias para o povo cabo-verdiano.
Não respeito, contudo, aqueles que se tornam moralistas e apartidários apenas para atacarem o partido no Governo. Fingem não ter filiação partidária para ganharem legitimidade nas suas críticas. Fingem preocupar-se com o bem comum, mas apenas para atingir determinadas pessoas e alcançar objetivos pessoais.
Ideologicamente, sou do MpD, nunca o escondi, e assumo frontalmente as minhas escolhas. No dia em que o meu partido estiver noutra posição, terei sempre a mesma postura, porque aprendi que fugir das tuas crenças e não defender aquilo em que acreditas torna-te um covarde.