O setor da aviação, é um setor complexo que requer uma análise de uma forma escrutinada. Seja dita, infelizmente é uma geringonça, pois, devido à sua natureza está condenada a ser um “peso morto”.
Um setor vítima de uma regulamentação exacerbada e de alto grau de alavancagem operacional – custo fixo. Setores com essas características são forçados a terem receitas “custo o que custar” devido à rigidez dos seus custos fixos. Na verdade, praticamente 98% dos seus custos totais são inelásticos, independem de qualquer variável que sejam.
O alto grau de alavancagem operacional suicida o setor, por exemplo, o custo total da operação de uma transportadora aérea que realiza um percurso Praia/Lisboa, com 100% de taxa de ocupação ou “passageiros a bordo” seria, praticamente, a mesma com 10% da taxa de ocupação, pois os custos variáveis da operação são irrisórios ou inexistentes. Simplificando, não há margem de manobra no que toca à redução do custo total da operação. Ademais, além da sua deficiência, crónica, estrutural, o setor é muito sensível aos vetores exógenos, nomeadamente: choque do petróleo, crises, alteração geopolítica e climática etc. vista disto, o setor está fadado a não ser rentável.
Entretanto, seria uma tremenda falta de honestidade intelectual ou injustiça moral, analisar o setor de aviação de uma forma isolada. O setor demanda uma análise macro ou transversal.
Melhor dizendo, há que dissecar todas as externalidades positivas que o setor dissemina. O setor de aviação, praticamente, é o indutor ou força motriz de vários outros setores da economia, desde simples companhia de táxi ao mercado financeiro, que financia a economia.
Portanto, não seria muito inteligente, olharmos apenas para a árvore, urge averiguar a floresta como um todo.
Vale destacar, que o setor de aviação gera aproximadamente 3 trilhos de dólares por ano, empregando quase 60 milhões de pessoas. Todavia, se o mesmo fosse mensurado como um Produto Interno Bruto – PIB de um País, estaria entre as 10 maiores economias do Mundo. Realmente o setor é extremamente formidável, que por ironia do destino não aprende a realizar lucro, vide a companhia aérea Italiana – ALITÁLIA.
Ora, tratando-se da CVA/TACV em especial, sobretudo, no que toca aos preços que estão sendo praticados nos voos internacionais, não há de ser um especialista em aviação civil, para inferir que as tarifas são de carácter provisório ou promocional – estratégia de gerenciamento de receitas – cujo objetivo, essencial, é o recrudescimento da operação da empresa.
Até porque, revindo a questão de alavancagem operacional, as tarifas exercidas, mesmo com uma taxa de ocupação de 100% não perfazeria num resultado positivo. Pois, os preços praticados não traduzem no MARKUP real da Empresa – prémio sobre o custo total do serviço ofertado, pelo qual produziria resultados estimulantes à Cabo Verde Airlines.
Enfim, todos, nós, cabo-verdianos, temos a esperança que agora vai, que efetivamente, a nossa companhia de bandeira decolará. Porém, há muito tempo, que a TACV/CVA demonstra estar em cima de uma rampa de gelo, patinando.
1. “Ademais, além da sua deficiência, crônica, estrutural, o setor é muito sensível, aos vetores exógenos, nomeadamente: choque do petróleo, crises, alteração geopolítica e climática etc. vista disto,”; 2. “Enfim, todos, nós, cabo-verdianos temos a esperança que agora vai, que efetivamente,”. Nada contra a reflexão de um tema tão relevante como os transportes. Porém, em matéria de “trato” no uso da língua portuguesa temos ainda muito caminho a percorrer meu caro jovem. Abraço
“O custo total da operação de uma transportadora aérea que realiza um percurso Praia/Lisboa, com 100% de taxa de ocupação ou “passageiros a bordo” seria, praticamente, a mesma com 10% da taxa de ocupação”. O articulista tem que especificar em que modelo de negocio (FCS, LFC, Charter, Taxi Aereo, Hybrid Model etc etc).
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