Os políticos têm prazo de validade

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Abundam os estudos sobre as lideranças políticas. Desde Aristoteles, que esculpiu sobre as “virtudes” indispensáveis para o líder político, passando por Max Weber, que desenvolveu o conceito de “dominação carismática”, como também de Maquiavel, com a sua obra “O Príncipe”. E muitos outros autores clássicos, que debruçaram sobre o tema.

As lideranças políticas surgem sempre de um processo histórico. Podem surgir em circunstâncias de uma conjuntura excepcional. Certo é que elas não aparecem da geração expontânea.

No contexto actual, com as crises das instituições democráticas e as desconfianças nos partidos políticos, as lideranças políticas podem aparecer de repente e podem desaparecer com a mesma velocidade.

Mudam os tempos, mudam as vontades e não haverá a repetição da mesma vontade.

Por detrás das lideranças políticas existem sempre uma máquina de promoção e o apoio de um grupo social. Elas não podem surgir do vazio e são o resultado dessa promoção e sem esse apoio não se pode falar de um líder político.

Por este motivo, é que se defende que um líder político é aquele que sai da sua concha, do grupo que só alimenta o seu ego, para extrapolar para além do seu grupo social de apoio.

Ele ouve mais os seus críticos do que os seus bajuladores (homens de serviço).

Pode haver poder sem carisma, mas não pode haver líder político sem carisma. O líder carismático weberiano é tão essencial e obrigatório quanto as “virtudes” tratadas pelo Aristoteles.

O líder político deve ter a capacidade de dirigir, congregar e de criar consensos, indispensáveis à execução do projecto social que defende.

O líder político deve ter uma visão clara do futuro, promover a felicidade dos cidadãos, mas nunca deve esquecer do quintal onde nasceu, que é onde se germinou o seu projecto de liderança.

Distingue-se o líder político do líder populista. Aquele conduz um projecto político, tem habilidades para construir consensos, pelo diálogo. Ele constrói estratégias políticas do poder. Nem sempre tem o domínio da palavra, mas tem outras características essenciais da liderança.

O líder populista tem má fama e é efêmero. Ele não é necessariamente carismático. Porque ele é simplesmente um agitador e não tem a direcção do futuro.

Queda-se pelo imediatismo e pela baixa política. Normalmente é bastante polémico e conflituoso.

Em resumo, o líder político deve ter capacidade, virtudes e carisma. Deve ter abertura de espírito, de diálogo, sair da sua concha política e demonstrar resultados, deve extrapolar o seu grupo social, mas nunca esquecer do quintal onde nasceu.