Os quadros da polémica: sou contra!

Diz-se que houve censura na Casa do Povo, mas não me lembro de ninguém ter perguntado ao Povo se queria aqueles quadros na sua casa.

O Tchalê tem toda a liberdade de expressar o que lhe vai na alma e ninguém o pode censurar por isso; o curador (que organizou a exposição) tem toda a liberdade de decidir sobre o perfil da sua exposição e ninguém o pode dizer o contrário. Mas, também, a Casa Parlamentar tem o direito (para não dizer a obrigação) de definir um regulamento que estabelece os termos da utilização do espaço comum no parlamento e das demais Instituições Políticas de Cabo Verde, espaços frequentados por todos: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, no pleno exercício da diversidade e da liberdade. Estamos a imaginar a Presidência da República a decidir organizar uma exposição com conteúdo racista?

Com isso quero dizer que: andou mal o parlamento ao permitir que quadros sejam expostos na sua área comum sem a mínima verificação e não ter um regulamento que estabelece as condições de utilização dos espaços comuns no Parlamento, pois, se hoje foram conteúdos eróticos (pornográficos?), amanhã poderão ser conteúdos sexistas, xenófobos, racistas ou que incitem à violência.

Os espaços comuns das Instituições Públicas e Políticas são de todos, pelo que devem servir os interesses e a liberdade de todos. Não podem ser capturados por alguns, nem por nenhuma classe social ou grupos de interesses. Embora espaços de exercício da diversidade, são também espaços de consensos e de imparcialidade.

Condeno a exposição dos quadros da mesma forma que condeno ver as nossas crianças a dançarem “tra rabo” nos palcos dos nossos festivais, condeno com a mesma veemência que condenei os cadernos “cumi bebi” porque, para mim, é importante que o Estado seja capaz de definir e proteger o quadro de valores que ele comunica para a sociedade e, mais ainda, para as crianças.

Não nos podemos permitir conviver com ausência de regras, com a inexistência de limites à nossa atuação, pois estaríamos, aqui sim, a violar a liberdade de todos.

Herbert Spencer já dizia que “A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro”.



1 COMENTÁRIO

  1. Os patéticos acabarmo por fazer uma publicidade do referido quadro, onde quase todos os que não tinham visto já o viram, acabaram por dispersar curiosidade…

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