Paulino Vieira no CCB, o regresso do mago (da modernização) da música cabo-verdiana

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Estou muito feliz com o regresso de Paulino Vieira aos grandes palcos da música. Bem haja.

Cresci, desde tenra idade, com os sons e a melodia desse génio da Praia Branca, acompanhando o Bana e vários outros artistas renomados deste país.

Os ARRANJOS musicais dele sempre foram fabulosos, distintos, com aquele toque sublime que Apolo não confere a qualquer um!

Abriu, sem dúvida, novos horizontes à música cabo-verdiana. Toca (especialmente) piano que é uma maravilha, facto bem espelhado, se mais não houvesse, no melhor álbum de Cesária Évora por ele dirigido, o inesquecível “Miss perfumado”. Perfeito em termos de concepção.

Há poucos anos, tive a felicidade imensa de acompanhar o Paulino Vieira. Estávamos a tocar no Quintal da Música (eu, o Albertino Évora, Zeca Couto, etc.) e lá apareceu o carismático mestre, com a sua inseparável harmónica. Aproximou-se suavemente do palco e, combinando algo com o grande Albertino, apoderou-se do microfone, cantando alguns clássicos de sua autoria.

A plateia entrou em delírio. Palmas infindáveis.

Tocou e encantou nessa noite, como sempre. Incomparável.

Incentivou-me bastante a fazer uns solos de guitarra eléctrica e, depois, deixou-me algumas palavras de elogio, mais uma prova da sua incrível generosidade.

Desde esse dia ficámos muito amigos. Eu e o Hermano Lopes da Silva íamos, várias vezes, ter com ele na Terra Branca e ele também procurava-me para conversarmos sobre a música e outros assuntos.

Respira sabedoria.

Lembro-me dele, num barzinho, a tocar informalmente uma música dos Beatles e também a ensinar umas “notas” a um menino curioso, meu vizinho! De uma simplicidade contagiante.

A música, para ele, é um factor de engrandecimento humano, algo que estimula, educa e edifica.

Desejo as maiores felicidades e êxitos ao nosso grande Paulino Vieira.

Que o concerto do dia 20, em Lisboa, seja enorme, como a ALMA desse crioulo-cidadão-do-mundo!

Two cheers for P. V..



1 COMENTÁRIO

  1. Quem disse que este homem – o Casimiro de Pina – não é sensível, não é humano, não tem sangue nas veias? que leia este artigo em forma de homenagem, em vida, do GRANDE artista Paulino Vieira, discípulo da Escola do Padre Filipe em São Vicente)…Quando há mérito, ele apoia, no sentido contrario ele é cáustico.
    Obrigado Casimiro de Pina por esse belíssimo texto.

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