Portugal. Ministro Eduardo Cabrita demite-se do Governo

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A decisão surge no dia em que o Ministério Público acusou o motorista do Ministro da Administração Interna de homicídio por negligência, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador na A6

Eduardo Cabrita acaba de anunciar a demissão do cargo de Ministro da Administração Interna do XXI Governo Constitucional, cargo que ocupava desde outubro de 2017. Antes, recorde-se, foi Ministro Adjunto.

Cabrita defende que não o fez durante um verão “tão difícil” agora por “lealdade” e pelas “circunstâncias” que o País atravessava.

Após ter sido conhecido o despacho de acusação do Ministério Público visando o motorista do automóvel em que seguia o Ministro da Administração Interna, no caso do trabalhador atropelado mortalmente na A6, Eduardo Cabrita marcou uma conferência de imprensa para defender o seu trabalho ao longo dos últimos quatro anos, defendendo que “tem trabalhado intensamente para assegurar que Portugal é um País seguro nas suas várias dimensões”, enaltecendo os resultados positivos na área dos incêndios florestais e na segurança interna do País.

Na dimensão externa, prosseguiu, “Portugal afirmou-se no tema mais divisivo da agenda Europeia, na forma como abordou o tema das migrações”.

No balanço dos quatro anos de governação, Cabrita destacou também o papel nos dois anos “tão difíceis” durante a pandemia.

Sobre o acidente na A6, “mais do que ninguém lamento a perda irreparável. (…) Desde então, foi com grande sacrifício pessoal o aproveitamento político que foi feito de uma tragédia pessoal”, afirmou.

Conhecidos os termos do despacho de acusação, Eduardo Cabrita disse que “tal só reforça a minha confiança no Estado de Direito, no funcionamento das instituições”. “Mas só a lealdade, só o tempo e as circunstâncias que enfrentávamos há seis meses, me determinaram a prosseguir nas funções neste verão tão difícil”.

“É por isso que hoje não posso permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no atual quadro para penalizar a ação do Governo, contra o Primeiro-Ministro, ou mesmo contra o PS. Por isso solicitei exonerar hoje as minhas funções de Ministro da Administração Interna ao senhor Primeiro-Ministro”, anunciou.

O motorista do carro onde seguia o Ministro da Administração Interna e que atropelou mortalmente um trabalhador na A6 foi acusado de homicídio por negligência, segundo despacho de acusação do Ministério Público hoje divulgado.