Qual é o futuro da nossa democracia?

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Na minha opinião e desejo, só pode ser um futuro risonho.

Ela é sobremaneira jovem, para se estar a falar de cansaço, de stress institucional ou mesmo de falência das suas instituições.

Ela tem apenas 29 anos de idade.

Quase sempre, temos a esquisita tendência para desvalorizarmos o que é nosso e deixarmos aos outros o arbítrio da sua apreciação e valorização.

Ao contrário do que alguns pensam, a nossa democracia está cada vez mais forte, cada vez mais útil ao nosso país e ao seu povo.

Ela demonstra a sua utilidade numa dimensão nacional, apesar de sermos um país insular, com os custos inerentes a essa realidade, com a aposta na integração territorial, populacional e prestação de serviços públicos, que são demandas permanentes e sempre um desafio a vencer.

É certo que os resultados conseguidos são frutos de uma longa caminhada desde a independência e dos 29 anos da governação democrática do país, sempre contando com a labuta e imensa colaboração de todos os cabo-verdianos.

Não há dúvidas de que a democracia veio acelerar os processos, criar outros caminhos e abrir as asas do país ao mundo.

A nível externo, a nossa democracia é aplaudida, respeitada e vimos valoralizados os esforços que o país vem empreendendo. A democracia, pela natureza dos seus valores e estímulos, veio a valorizar ainda mais a obra e dar maior motivação e sentido à participação.

Os trunfos e os méritos da nossa democracia são mais que evidentes.
Não são palavras coloridas nem basofarias. São realidades factuais! São resultados palpáveis.

Fico desapontado e triste quando alguns zombam e fazem chacota da nossa democracia. Também muitos que fazem isso, nunca viveram num regime não-democrático, pelo que o termo de comparação fica diminuído.

Ao contrário de certos países, desde a sua instituição em 1991, nunca enfrentamos uma única crise institucional grave ou política. O que garante a nossa histórica estabilidade.

Apesar de falta de recursos e secas persistentes, sendo um país altamente depende do exterior, com desequilíbrios graves na sua economia, a democracia resistiu e vai proporcionando um crescimento econômico, social e cultural, sem precedentes.

A nossa democracia é considerada uma das melhores de África e bem reconhecida a nível mundial, pelos diferentes governos e pelas diversas instituições internacionais credíveis.

Uma notícia boa reside no facto de noventa e tal por cento da população cabo-verdiana reconhece o valor e a importância do nosso sistema democrático.

Isto conduz-nos à obrigatória leitura de que o povo das ilhas não quer viver em nenhum outro sistema político.

De facto e de direito, o poder em Cabo Verde assenta nas mãos do povo. Penaliza quem quiser e enaltece e coloca no poder quem quiser.

A alternância política é pacífica!

O povo deu já garantias da irreversibilidade da nossa democracia.
Prefere viver num sistema de democracia liberal, mesmo que hajam algumas fraquezas e ineficiências, do que viver num sistema não-democrático.

Prefere o sistema democrático, mesmo sabendo que nem todas as respostas podem vir duma vez e no imediato.

Que a democracia não é um sistema perfeito, nós sabemos. Que a abstenção na participação é relativamente persistente, também nós sabemos.

É claro que o mundo mudou e está a mudar a cada segundo.

Temos as mudanças operadas nas comunicações sociais e, sobretudo, nas redes sociais. Mudanças essas que, felizmente, trouxeram a popularização de informações, do conhecimento, mas que também implicou o aumento das expectativas das pessoas.

Podemos dizer que graças ao poder das redes sociais, a opinião pública está cada vez mais poderosa e esclarecida dos seus direitos.

Também temos o impacto das mudanças tecnológicas, com as conquistas do novo mundo digital.

Neste quadro, a nossa democracia, tanto no campo formal como no campo substancial, tem de se inovar, adaptar-se e procurar soluções inovadoras para os problemas da sociedade, os quais são cada vez mais complexos.

Entra aqui o papel crucial das lideranças políticas, dos políticos e partidos políticos em geral. E também o papel fundamental da própria sociedade.

No meio de tudo isto, deve reconhecer-se que cada país, a cada momento, só pode usufruir daquilo que ele próprio produz e consegue realizar.

É aqui que a boa governação faz toda a diferença. Os governos devem gerir de melhor forma a coisa pública e procurar atender, na medida que o país permite, às novas expectativas criadas.

O mundo mudou e as expectativas das populações aumentaram.

As exigências são maiores e mais complexas.

A questão que se deve colocar é se o sistema acompanhou, de forma adequada e em tempo, essas alterações globais?

Contudo, o que foge de polémica é o facto de ser hoje muito mais difícil governar do que há trinta anos passados.

Agora, mais do que nunca, o que mais conta para as pessoas é mudanças concretas nas suas vidas e nos seus familiares.

O futuro é hoje para as pessoas. A gestão de todas essas expectativas não pode ser considerada tarefa fácil ou de um mandato governamental.

É por isso que eu sempre digo que na política nada está garantido, em termos da agenda política.

Também é normalmente neste quadro ambiental que aparecem os populistas, os messiânicos e os falsos profetas. Os políticos de ocasião, com uma visão imediatista das soluções.

Não seria mal questionar esses demagogos, se fossem hoje poder, por exemplo, em quantos meses resolveriam a questão da pobreza e a pobreza extrema?

Neste ambiente complexo, o poder do Estado coexiste com diferentes formas de outros poderes, certas vezes sem rosto, o que provoca incessante pressão sobre o poder público, para resolver no imediato todas as questões sociais.

Outras vezes, é certo, essa pressão ao Estado é feita de forma monitorizada por outras forças sociais e políticas, procurando induzir as populações a indignar-se e, depois, reconquistar o poder.

Apesar de poder ser legítimo, estamos neste caso, em face de uma luta pelo poder e não necessariamente de boas alternativas de políticas ou de busca de melhores soluções.

De qualquer forma, o nosso país não tem solução fora do quadro da nossa Constituição. Todas as soluções dentro do quadro constitucional são legítimas.

Em Cabo Verde devemos enquadrar a questão, não tanto quem esteja pela democracia, porque isso é menos polémico, mas interrogarmo-nos quem é que com as suas atitudes, sua linguagem, suas propostas, quer o fortalecimento da democracia e quem quer estar, efectivamente, ao serviço dela?

Em todos os sítios onde vigora a democracia, seja ela jovem ou não, sabemos que ela tem os seus inimigos ou adversários.

Aparecem sempre políticos messiânicos, iluminados e aventureiros, cheios de astúcias e arrogância, procurando utilizar a democracia para outros fins, que não seja o de servir o país.

Desde logo existe o maldito populismo.

Este procura incutir na cabeça dos eleitores de que tudo devia ser cor-de-rosa e que o país, concretamente o governo, é o responsável, para resolver todos os problemas no imediato e agora. Utilizam a suspeição contra tudo e todos.

Sobretudo o populismo utiliza a pobreza ou a estrema pobreza como uma arma política, para a disputa do poder, mesmo que ele, quiçá, saiba que as suas políticas são as causas principais da pobreza.

Outra arma poderosa do populismo é o objectivo para envenenar e torrificar as instituições democráticas da República e tentar diabolizar os seus titulares.

Quanto mais derreterem as instituições da República e enlamearem os seus representantes, recorrendo à desinformação, aos fake news, mais ficam convencidos de que o regresso ao poder está na próxima esquina eleitoral.

Apesar de tudo isto, confesso-vos, prefiro mil vezes viver na democracia do que num regime não-democrático!



3 COMENTÁRIOS

  1. No final do discurso sobre o Estado da União no Senado, o presidente da associação dos agricultores de Nova York, convidado pelo Presidente RJTRUMP afirmou à FOXNews: “somos sortudos de viver numa democracia tão pujante. Devemos isso aos fundadores dessa grande Nação”. Em Cabo Verde, só choro, só desconfiança em relação à democracia. Os desafios está lá para ser vencidos e mais nada. Isto é incrível!

  2. kal democracia Maika Lobo? Democracia sem respeito pa pessoa humana, liberdade/verdade e responsabilizason tem própi? e Excia Maila Lobo, bus ideias e nhu sabel mas di ki mi ki sta presumi, é esrita pa tacho, sem pensa e exteririza verdade dos factos e de pensamento. Se nom, pamodi ki nhu ka sta ser imparicial e relata verdadero situason ki país sta vive? è claro k demos so izisti na hora di voto e dicerto nhu sta ku medo represalia di propi partido di nhô!
    Tenho Dito !

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