Reportagem. Autarquia da Praia acumula dívidas com empresa de recolha de lixo e de limpeza

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SEPAMP acumula dívidas com empresa de limpeza no Mercado do Platô. Denúncia é confirmada por OPAÍS.cv junto de uma fonte no SEPAMP que também denuncia a não realização de “limpeza profunda” no Mercado do Platô há 4 meses

Iniciamos esta reportagem pela denominada “limpeza profunda” no Mercado Central da Praia, no coração da Cidade Capital do País.

A Câmara Municipal da Praia, através do Serviço Público de Abastecimento Municipais da Praia, SEPAMP, programou para os últimos dias 15 e 16 uma campanha de limpeza no Mercado do Platô, mas tal não ocorreu. Em causa estão alegadas dívidas dos serviços municipais para com a empresa, que é responsável pela limpeza dos mercados.

Desde a alternância política tem havido “muitos sobressaltos” na limpeza dos mercados.

Segundo a nossa fonte, esta situação é devida à falta de pagamentos por parte da Câmara Municipal da Praia à empresa pelos serviços prestados. “Agora em maio, completa 4 meses que a empresa não recebeu qualquer valor”, denuncia a nossa fonte, explicando que esta situação coloca a empresa em situação de irregularidades com o seu pessoal. “Se não recebe da Câmara Municipal talvez não consegue também pagar os seus trabalhadores”, admite a nossa fonte.

Com 4 meses de pagamentos em atraso, agrava-se contudo o saneamento nos mercados da Praia.

A denominada “limpeza profunda” que vinha sendo realizada mensalmente deixou de ser uma regra. Há 4 meses que se realizou uma limpeza de fundo. “Não mais se realizou qualquer limpeza e os lixos amontoam-se no local”, denuncia a fonte junto do SEPAMP que precisa, no entanto, que apesar dos atrasos, a limpeza diária tem sido feita todos os dias.

Populismo x falta de dinheiro

A nossa fonte que mantém anonimato para evitar perseguição no seu trabalho na Autarquia da Capital, refere que a situação de falta de pagamento decorre de “medidas populistas” adotadas pelo Presidente Francisco Carvalho que “sem qualquer estudo” alterou os valores que os ocupantes dos Mercados da Praia pagavam pela ocupação. “Só para se ter uma ideia, uma vendedeira pagava cerca de 3 contos por mês e agora apenas 500$00”, uma situação que alterou a “saúde financeira” do SEPAMP que vê-se, agora, sem dinheiro para cobrir as suas responsabilidades.

“Uma medida populista sem qualquer fundamento, apenas eleitoralista”, comenta a fonte para quem o Edil da Capital “alterou o valor com olhos nas eleições” mas com a derrota do PAICV nas Legislativas “as coisas lhe complicaram”.

“A contabilidade do SEPAMP despencou” refere a nossa fonte observando que as alterações feitas pelo Presidente são superiores a 90% e que como tal “haveria de ter consequências” na tesouraria da empresa pública.

Os valores pagos caíram drasticamente e está a afetar “gravemente” a Tesouraria do SEPAMP, indica o nosso informante, explicando que em mercados de menor dimensão, como Achada Santo António, Terra Branca, Achadinha, Eugénio Lima e Vila Nova, anteriormente se pagava 65$00 por dia, mas com as alterações promovidas por Francisco Carvalho passou-se para 300$ mensal.

No Sucupira, onde se pagava 110 ou 135$00 diários, após alterações passou-se a pagar 1.660$00 e 2.035$00, e no Platô os valores foram também alterados, passando de 65$00 e 110$ diários para 300$00 e 1.660$00 mensais.

Limpeza suspensa

A Câmara Municipal já terá recrutado cerca de 30 operários “à margem” da lei. “São pessoas que estiveram com o PAICV na campanha”, denuncia a fonte.

Contatado para exercer o contraditório, o Administrador da SEPAMP, José Carlos Moniz, escusou-se a reagir, alegando estar convalescente e a cumprir um período de nojo. “Agradeço imenso o seu respeito”, pediu.