Ricardo Gomes conta porque abandonou os Tubarões Azuis

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Jogador do Partizan disse que não foi respeitado na Seleção e que não pensa, no momento, em regressar. “A minha saída da seleção teve muito a ver com o meu relacionamento com o selecionador e alguns diretores da seleção”

O futebolista, internacional Cabo-verdiano, Ricardo Gomes contou, numa entrevista ao Desporto ao Minuto, o porquê da sua saída da Seleção Nacional, sublinhando que não foi respeitado quando estava na seleção.

E o que aconteceu ao certo para decidir renunciar à seleção?

Já falei disto antes. Foi um acumular de muitas coisas. Eu já tive casos na seleção, quando estava na Turquia e que é uma das piores coisas que se pode fazer, em que o selecionador me ligou, após voltar de lesão, e me perguntou se estava disponível para representar a seleção. Disse-lhe que sim e que ia começar a jogar nessa semana. Ele disse-me que estava convocado. Tratei das questões processuais, juntei as minhas coisas para ir para a seleção e, quando a convocatória saiu, o meu nome não estava lá. E ninguém me ligou a dar uma explicação para isto. Também já me lesionei na seleção e voltei para o clube nessa situação. Eles não dão as condições médicas necessárias para os jogadores se tratarem. Cheguei ao clube, na altura estava nos Emirados, e estive mais de quatro meses sem receber uma chamada a perguntarem-me se estava bem. No meu clube pressionaram-me muito por causa de chegar lesionado, ficaram chateados por isso. Não senti esse reconhecimento pelo esforço que fazia por parte da direção. Também temos muitos problemas com as viagens, às vezes temos de fazer escalas de 10 horas no aeroporto e sem nos darem as condições necessárias para descansar. Foi o acumular de todas estas coisas que me fez tomar essa decisão.

Não pensa em voltar atrás nessa decisão?

Neste momento não, porque a minha saída da seleção teve muito a ver com o meu relacionamento com o selecionador e alguns diretores da seleção. Achei que não me respeitaram em algumas situações. Perante este desrespeito, decidi não representar mais a seleção. O número de jogos que tinha pelo clube e as inúmeras viagens que tinha de fazer até chegar a Cabo Verde ou outro país onde a seleção fosse jogar também pesaram na minha decisão. Estava a ser uma situação desgastante para mim. Juntei todos estes fatores e achei que era melhor parar de ir à seleção. E acho que tomei a decisão certa.

Selecionador disse-me que estava convocado e depois não apareci na convocatória. Senti-me desrespeitado

Se as coisas que apontou mudarem no futuro e acabar por voltar atrás na decisão, que sonho ficou por realizar ao serviço de Cabo Verde?

As pessoas de Cabo Verde têm a ideia de que os jogadores vão lá pelo dinheiro, mas nós praticamente não recebemos nada ao ir lá. É simplesmente pelo orgulho de representar a seleção e pelo amor ao nosso país. A família fica muito contente por nos ver lá. Mudando o treinador e a direção, talvez voltasse. Neste momento, e dada a relação que tenho com quem está à frente da seleção, isso está fora de hipótese. O que ficou por conquistar? Representar Cabo Verde numa competição de seleções, seja africana ou Mundial. Não tive hipóteses de jogar a CAN, apenas qualificações. Penso que se tiver de acontecer, vai acontecer. É uma situação em que penso muito, mas como é algo que está longe de acontecer, não gasto muita energia a pensar nisso.