Santiago “Leaks” e o menino bonito

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* a proposito do artigo «Os Pupilos do Estado»

Acordei esta manhã com duas ou três mensagens de cidadãos e amigos, poucas, a respeito de um artigo do Santiago “Leaks” (SL) que menciona o Instituto Democracia e Desenvolvimento (IDD), de que sou presidente e co-fundador. Confesso que não leio o SM há anos, por nenhuma razão especifica a meu respeito. E continuo a não o fazer. Nem hoje tive curiosidade em ir ver, após receber o link por duas vezes. Dá a impressão que não são notícias, mas post pagos, uma espécie de Santiago “Leaks”(fugas). Mas todos têm direito ao sustento.

Pelo que me resumiu ao telefone um amigo, não me senti sequer ofendido. Até perguntei se deveria enviar o assunto a um dos nossos advogados, mas afinal, pelo que ouvi oralmente, não sei se existe matéria que justifique tanto trabalho. Em principio, este breve texto deve chegar.

Um dos editores principais do jornal foi meu colega do Liceu, e é originário da minha terra. Não tenho nenhum rancor pessoal, nem assuntos pessoais com ele. E espero não vir a ter.

Mas em jeito telegráfico, ocorre-me comentar o seguinte:

– “Nha bex” (a minha vez) não chegou agora. A minha chegou há muito, quiçá desde o berço, passando por diferentes anos, oposição, governos e partidos. E a minha já está a mesmo a passar, por despreendimento e falta de necessidade.

– De facto tenho uma grande amizade e consideração pessoal com o Vice-Primeiro Ministro (VPM) de Cabo Verde, e fui assessor jurídico dele, por 6 meses, antes de ir para Deputado da Nação (BO). Além do trabalho árduo, nossa afinidade deve ser natural. Ele e eu somos duplo-nacionais na alma e no espirito. Além de cabo-verdianos de gema, ele é alemão e eu francês.

– Como alemão, e eu, como francês, uma das coisas que lhe criticam é de não favorecer os amigos com que trabalha(ou), e eu de não pedir e nem depender em nada de Governos e Estados. Alías, é visível que não sou menino bonito de nenhum Governo. E, graças a Deus, isso ajuda-me a crescer enorme em trabalho, esforço e autonomia pessoal e profissional.

– o VPM não faz parte das pessoas que ajudo como advogado, ou de outra forma, nem pro-bono, nem pago. Nunca me pediu, se precisar pode pagar a qualquer advogado melhor, e nossa amizade resume-se a think tanks, raras caminhadas e bicicletas.

– o único concurso que alguma vez ganhamos, foi uma short list com o ISCJS e o IPP, em que ganhamos já na fase de reclamação, apos termos sido eliminados no relatório preliminar. Por ironia, até ao momento, o projeto que é financiado pela Cooperação Luxemburguesa, nem sequer foi executado ainda, em procedimento que dura há mais 1,5 anos. Seguramente, o projeto deve ser mais pequeno do que qualquer outro ai, recebido pelos denunciantes. Favorecimentos deste tipo, se era essa a intenção, dispensamos. O dossier do concurso, as diversas deliberações, reclamações e documentos, imagino que estão disponíveis para quem quiser consultar no instituto ou no Estado.

– o desenvolvimento do instituto é assegurado há anos por pessoas individuais, por promotores privados, voluntários, estagiários, particulares, empresas e parceiros privados, que compram programas e formações há 6 anos, inclusive, durante o Governo anterior. Trabalhamos com dezenas e centenas de pessoas e instituições de todas as ilhas, e não nos pediram nem demos favor nenhum. Mérito dos seus bolsos.

– Tenho honra e exercer no Parlamento como Deputado (suplente), n.18 em Santiago Sul, e exerço atividade académica e de consultoria jurídica pontual para start ups e empresas privadas, no limite do permitido pela lei, ética e controle de interesses, conforme à tradição e declarado no Tribunal Constitucional. Não tenho nenhuma avença com Governo, Estado ou algum Ministro ou Presidente de Camara. Nem empresa publica. E nenhuma empresa, ONG ou atividade privada nova, desde há 4 ou 6 anos.

– E prescindo de comentar aqui o que passamos para fazer o que fazemos. Outros há que, sendo afectos a outros partidos, beneficiam seguramente mais rapido dos protocolos, donativos e fundos do Estado. Deve ser através de estratégias como esta, de desviar a atenção para aqui, para receber mais fácil e discretamente ali. Devem ter bons “insiders” a aconselhar.

Desafio quem de direito a solicitar uma Comissão de Inquerito, parlamentar ou outra, para investigar qualquer projeto ou assunto relativo ao nosso instituto, bem assim, as demais congéneres, tais como institutos superiores, universidades, fundações politicas e de desenvolvimento.

Lá estaremos. Por agora é tudo.



2 COMENTÁRIOS

  1. Já li o artigo no Santiago Magazine. Houve ou não ofensa ? Os documentos apresentados o que significam ? O Miguel Monteiro ameaçou levar o Santiago Magazine ao Tribunal . Se fez ou não sei. A honra lava se na barra do Tribunal.

  2. Agora que os ‘ministros sombra’, literalmente na sombra, do Paicv para a aviação civil e da aeronáutica civil são Samilo Moreira, Francisco Carvalho e Yannick, Paicv estará bem entregue, daqui a uns dez anos. Não entendo como pode um partido adulto como o Paicv entregar pastas tão importantes para um trio de garotos, dois dois quais nem carta de condução de automóvel têm, mas consideram-se para emitir opinião sobre avião.

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