SOS Cabo Verde quer mais homens cuidadores

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Há mais de 35 anos em Cabo Verde, a vocação das Aldeias Infantis SOS Cabo Verde tem sido acolher crianças em situação de vulnerabilidade.

São muitas as crianças que passaram pelas mãos da SOS. Foram acolhidas, institucionalizadas, cuidadas e reintegradas socialmente, muitas delas sob o cuidado de mulheres.

Hoje, com raízes na Praia, Santa Catarina de Santiago, Tarrafal e São Vicente, as Aldeias Infantis SOS Cabo Verde albergam cerca de 170 crianças e jovens em 12 casas familiares, sendo que cada uma delas tem entre 5 e 6 crianças e, sempre ao dispor, uma mãe e 6 outras mulheres, denominadas de tias, para darem o devido apoio nas lides domésticas.

Assim como nas Aldeias SOS, em Cabo Verde 80% dos trabalhos e cuidados de crianças estão sob a responsabilidade de mulheres, segundo o Plano Nacional de Cuidados, que, há muito, têm assumido o papel de mãe e chefe de família. Agora o desejo é ter, também, homens a cuidarem dos mais pequenos.

A SOS Cabo Verde começou, para já, este debate como forma de introduzir e equilibrar a componente género nos cuidados de crianças. “Estamos a tentar converter as tradicionais mães SOS em cuidadores, abrindo portas a figuras masculinas para também cuidarem das crianças que estão sob a nossa responsabilidade. Abrimos já este debate no ano passado e estamos agora a definir qual deverá ser o papel do homem, qual a relação deles com a SOS, com a mãe e com os filhos. Há também este nosso desejo de termos famílias já constituídas a serem cuidadores SOS”, avança Alexandre Rocha, Diretor de Programas das Aldeias Infantis SOS CV.

Esta ideia é corroborada pela Diretora-geral da Família e Inclusão Social, Mónica Furtado, para quem é preciso combater, urgentemente, este desequilíbrio de género no que toca aos Cuidados de Crianças até mesmo no seio das famílias. “Agora, se formos ver, há muitos homens a acompanharem a vida dos filhos, mas é um número muito desigual se comparado com anos anteriores. Mas são construções que requerem tempo, trabalho sobretudo com as novas gerações para serem bons pais no futuro, mas também campanhas para que tenhamos mais homens a dedicarem e a partilharem os cuidados com as mulheres”, examina.