Suicídio é um tabu porque é muito mal compreendido

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Afirmação é do artista Djam Neguin, que em entrevista ao OPAÍS.cv, no âmbito da segunda edição do projeto “SER KEL KE BO É”, disse que é preciso conhecermos melhor o tema suicídio, do ponto de vista clínico e humano, para precisamente trabalhar na prevenção. O artista precisa que é necessário falar mais sobre o assunto e apela a mais parcerias, porque deseja que o projeto siga em frente e quer levá-lo a outras Ilhas

OPAÍS.cv- Esta é a segunda edição da campanha de prevenção ao suicídio denominado: “SER KEL KE BO É”, qual é a novidade para este ano?

Djam Neguin (DN) – O projeto, este ano, fez uma aposta forte no que se refere ao trabalho com as escolas secundárias. Acreditamos que as escolas são excelentes espaços para se abrir um debate em torno da saúde Mental. Sendo os adolescentes grandes consumidores das artes em especial da música, é relativamente fácil utilizar a música para comunicar com eles, talvez de forma mais eficaz do que as formas tradicionais. Outro aspeto a ser salientado tem que ver com o fato de o projeto conseguir chegar em Assomada e na Ilha do Maio, entretanto fica o desejo e o desafio de levar o projeto a nível nacional .

Trata-se de uma iniciativa sua em parceria com Batchart, qual é o programa, para esta campanha 2021? Esta 2.ª edição arrancou no dia 10, desde então fizeram várias atividades, pode nos elencar alguns?

DN- O projeto arrancou com a distribuição simbólica de lacinhos amarelos pelas ruas do Platô, na Cidade da Praia, por voluntários. É muito importante que as pessoas entendam a importância de ter a saúde mental como uma prioridade diária. Seguiu-se com uma palestra no liceu Amor de Deus, e Escola Secundária Abílio Duarte faltando ainda os restantes liceus da Cidade da Praia e Universidades.

Vocês os dois dão a cara a esse projeto, mas há várias outras pessoas e instituições por trás, quais são os parceiros?

DN- Os nossos parceiros são essencialmente privados. Empresas privadas que se juntaram à causa. E temos apoio de um conjunto de jovens voluntários que nos assistem em algumas atividades, sem deixar de nomear também a Comunicação Social.

Que mensagem deixa à Sociedade Cabo-verdiana, sobre esse mal, que infelizmente afeta a todos, que é o suicídio?

DN-A nossa mensagem é que realmente falemos mais deste tema. Estejamos mais e mais conscientes da importância de cuidar da nossa saúde mental e zelar pela saúde dos que nos rodeiam. Que possamos ampliar a nossa empatia e entender como lidar com esta questão. O suicídio é um tabu, porque é muito mal compreendido. Precisamos de conhecer melhor este tema, do ponto de vista clínico e humano, para precisamente trabalhar na prevenção.

Como acha que o País está a trabalhar no sentido de prevenir o suicídio, sabendo que por ano registamos entre 50 a 60 casos?

DN- Ainda há muito a ser feito. Infelizmente uma pesquisa rápida pela Internet não nos demostra dados, nem informações, o que já começa por ser um sinal de que precisamos de tornar isto num debate público.

O projeto é para continuar, certo?

DN- Queremos que este projeto seja nacional. Descentralizar. Conseguir ir para todos os Concelhos, todas as Ilhas, ter um compromisso anual. Mas somos apenas 2 artistas, não podemos assumir este compromisso sozinhos. Infelizmente, nenhuma estrutura pública se associou ao projeto o que demonstra algo para nós preocupantes pois se não estamos a priorizar temas como este…

Como tem sido a aceitação por parte do público?

DN- Temos alcançado imensa gente com a difusão da música nos canais de TV e rádios, e com as nossas atividades e muito pelas redes sociais. É muito gratificante perceber que todo o esforço não foi nem está a ser em vão, e que temos de fato impactado e conseguido inclusive ajudado a solucionar casos.

Para finalizar algo a acrescentar?

DN- Apenas dizer que esperamos, honestamente, que este projeto seja algo anual, e que possamos não esperar só pelo mês de setembro, e para tal que os órgãos de gestão pública assumam o compromisso com esta causa!