Tarifa social de energia. A presidente do PAICV faltou com a verdade

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A Presidente do PAICV disse à Inforpress que com a tarifa social de energia, criada pelo Governo do Dr Ulisses Correia e Silva, a família carenciada deve ter “apenas uma lâmpada em casa, pois, se tiver um ferro ou um frigorífico já não entra na tarifa social”.

Esta afirmação é, tecnicamente, FALSA.

Uma família pode SIM estar enquadrada na Tarifa Social e ter em casa todos os equipamentos essenciais (lâmpadas, televisor, frigorífico e ferro de engomar de média potência).

Passo a explicar, de uma forma técnica e muito simples, mas sem amassar as pessoas.

1) Qualquer casa tem uma POTÊNCIA CONTRATADA e um dispositivo (disjuntor) de controlo que limita a potência ao valor contratado.

2) Quando a soma das potências dos vários aparelhos ligados ao mesmo tempo excede a potência contratada, o disjuntor interrompe automaticamente a corrente elétrica e o quadro “vai abaixo”.

3) O Decreto-lei nº 37/2018, “diploma que estabelece o regime de atribuição da tarifa social para o fornecimento de energia elétrica a aplicar a clientes finais economicamente vulneráveis”, diz no seu artigo 4º (número 2, alínea C) que devem “as instalações serem alimentadas em baixa tensão normal com potência contratada inferior ou igual a 2.2 kW”.

4) Se considerarmos as potências médias (em kW) dos aparelhos básicos que uma família tem em casa, Televisão (100 W), Frigorífico (100 W), Ferro de engomar (1000 W) e 4 lâmpadas Led de 5W (20 W), a soma das potências desta casa seria 1.22 kW, muito inferior ao valor de 2.2 kW (significa que o disjuntor não dispara, ou seja o quadro não “vai abaixo”).

Conclusão 1: uma casa com tarifa social (2.2 kW de potência contratada) pode ligar, simultaneamente, 1 TV, 1 Frigorifico, 1 Ferro e 4 lâmpadas sem quadro desligar.

5) O artigo nº 3 do mesmo diploma fixa o nível de desconto a conceder em função do consumo: i) parcela de consumo até 30 kWh/mês (desconto de 30%); ii) 31 até 60 kWh (20%) e iii) 61 até 90 kWh (10%). Para consumo superior 90 kWh, aplica-se a tarifa normal (ou seja, a família fica fora da tarifa social).

6) Ora, se considerarmos o consumo médio mensal (em kWh) dos aparelhos básicos, Televisão (15 kWh), Frigorífico (20 kWh), Ferro de engomar (15 kWh) e 4 lâmpadas Led de 5W (0.5 kWh), o consumo total desta casa seria de 55.5 kWh/mês. Portanto, esta família cairia no 2º nível da tarifa social (Nota: é preciso algum cuidado com ferro, um equipamento que consome muito!).

Conclusão 2: Uma casa com 1 TV, 1 Frigorifico, 1 Ferro e 4 lâmpadas entra na tarifa social no 2º escalão (tem 20% desconto e paga uma tarifa base de 14,68 Esc./kWh).

Logo nesta casa, paga-se cerca de menos 50% por kWh que uma família com tarifa normal.

Portanto, não há dúvidas que as famílias mais vulneráveis vão beneficiar com a tarifa social de energia, com redução da fatura mensal, e vão poder ligar os equipamentos básicos.

No entanto, é importante que esta medida do governo, seja acompanhada de outras medidas mais pedagógicas, nomeadamente sobre uso racional da energia, utilização de equipamentos energeticamente mais eficientes (classe A) e evitar (para não dizer mesmo PROIBIR) o uso de equipamentos elétricos (fogões, placas ou termoacumuladores).



2 COMENTÁRIOS

  1. Oh Luiz, por favor, a JHA não faltou com a verdade como ‘tecnicamente’ queres dizer. A JHA mentiu!

  2. Perda de tempo, um PhD, Professor Universitário em Energias Renováveis a explicar a uma ‘phd em mentira’ e semianalfabeta conceitos de uma disciplina que ela só ouviu falar. Mesmo coisa, quando meus amigos me pedem para responder as burrices do Manuel Amante Rosa sobre a Económico Facebook. Facebook é lugar de Chico espertismo desqualificado. Pra já meu tempo é muito caro para perde-lo com analfabeto. Na minha turma de Economia esse mané nunca sairia do primeiro semestre e mais, eu o mandava de volta para o Liceu. Segundo, não ofereço ouros nem aos bois, muito menos aos porcos.

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