O homem é o estilo, ensinava o sapientíssimo Pascal.
O estilo do sr. José Maria Neves é, fundamentalmente, o de um político formado nas entranhas da JAAC-CV e na cultura de intriga, maquiavelismo e subversão que isso significa.
José Neves nunca abandonou a lógica revolucionária que aprendeu nos dias da juventude. E nunca fez, também, o “aggiornamento” ideológico que se impunha após a queda do muro de Berlim.
Ostenta, nos mais pequenos gestos, os defeitos de fabrico do “centralismo democrático” da era leninista.
É um politicante ambíguo que não percebe o alcance do Estado de direito democrático e os seus fundamentos normativos e axiológicos.
O legado dos seus 15 anos enquanto Primeiro-Ministro é deveras sofrível: um crescimento económico raso, uma alta taxa de desemprego e uma dívida pública estrondosa.
Numa conjuntura internacional bastante favorável, não conseguiu, mesmo assim, reformar o país e lançar as bases para um desenvolvimento sustentável. Falhou no essencial.
A miopia detecta-se, por mais que se diga o contrário, nos fracos resultados alcançados.
O pior, contudo, foi a erosão sistemática dos valores, critérios e axiomas do Estado constitucional.
Em Janeiro de 2006, num acto sem precedentes na história da nossa democracia, cometeu meia dúzia de crimes e pôs em causa os alicerces da sã concorrência eleitoral, ao proferir, via Rádio Nacional, uma célebre declaração (proibida, de extrema gravidade) no dia das eleições legislativas.
Queria ganhar a todo o custo!
Os fins justificam os meios, tal como defendia o autor florentino do mefistofélico “O Príncipe”, o manual preferido de Gramsci e dos adeptos do comunismo totalitário.
A Neveslândia é um mar de enganos e de golpes de secretaria.
Já antes, em 2001, em conluio com o então Presidente da República, tomara posse ANTES do fim da legislatura e com uma Assembleia Nacional ainda dominada pelo MpD. É absolutamente inacreditável!
A golpaça está, todavia, documentada nas folhas solenes do Boletim Oficial. Os factos são teimosos.
JMN é um perigo público e actua, quase sempre, à margem da Constituição da República.
Recentemente, apontei-lhe, com rigor, mais uma falha gravíssima, a propósito da trapalhada à volta do diploma sobre o Fundo Soberano.
É vergonhoso aquilo que o actual PR diz e faz.
Não respeita a “rule of law”, tem tiques de ditador de província e sufraga, publicamente, o regime ditatorial do partido único.
Querem ver a triste natureza de José Neves? Perguntem-lhe sobre a “guera na Ucrânia” (sic), como ele disse numa recente entrevista televisiva.
O homem é incapaz de condenar a brutal invasão perpetrada pela Rússia de Putin e os crimes de guerra que têm sido cometidos nesse território. O mundo inteiro (e Cabo Verde não é excepção) entrou numa crise energética e alimentar por causa dessa aventura tresloucada e imperialista.
Não, a democracia não pode ser sequestrada pelos caprichos de Humpty Dumpty, segundo o qual “as palavras significam aquilo que eu quero”.
O ocupante do palácio do Plateau tem de perceber que a cultura revolucionária é a antítese perfeita do actual Estado constitucional e que não há democracia fora da Constituição.
A cultura revolucionária é uma doença de alma que corrói os fundamentos da Constituição e não reconhece, por uma obsessiva inversão dos valores, que a dignidade da pessoa humana é mais importante que o “sentido da história” proclamado, na esteira da utopia marxista, pelos profetas do totalitarismo.
É o berço da tirania e da “vontade de poder” sem limites.
Atenção!
É uma história que nunca teve um final feliz.
Nesses tempos difíceis, em que a mentirinha e o fetiche foram elevados à doutrina no mais escalão da hierarquia do Estado, CdP consegue como mestria singular botar abaixo toda a casca grossa do JMN.
Um dos principais objetivos do atual ocupante do platô, é lavar os 15 anos da partido único e da ditadura. Por isso, nunca é demais fazer a memoria do que realmente se passou nesses lúgubres anos,
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