A institucionalização do Dia Mundial da Criança teve as suas raízes na necessidade de reconhecer e proteger os direitos das crianças em todo o mundo. Este dia, comemorado em diferentes datas dependendo do país, foi estabelecido oficialmente pela primeira vez pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1954, como uma forma de promover o bem-estar das crianças e sensibilizar a sociedade para as suas necessidades e direitos. O Dia Mundial da Criança pretende, assim, celebrar a inocência da infância e destacar a importância de garantir que todas as crianças tenham acesso à educação, saúde, alimentação adequada e um ambiente seguro e amoroso.
Cabo Verde comemora o Dia Mundial da Criança a 01 de junho. A celebração da efeméride no nosso país foi instituída oficialmente em 1980 e tornou-se feriado nacional. Normalmente, neste dia, vêem-se muitos pais com os seus filhos nos parques de diversões, nas gelatarias, cafés e outros espaços, seguido sempre de postagens pomposas nas redes sociais, com a frase cliché: “Feliz Dia das Crianças”.
Pais ausentes
O que se verifica durante o resto do ano é uma realidade totalmente diferente do ambiente que se vive durante o dia 01 de junho. Temos milhares de crianças em Cabo Verde com pais totalmente distantes da sua vida e da sua criação. Os tribunais recebem milhares de processos de pedidos de fixação de pensão alimentícia. Milhares de mães solteiras veem-se aflitas para garantir o sustento dos filhos porque simplesmente milhares de pais têm fugido às suas responsabilidades.
A maior parte das famílias em Cabo Verde são monoparentais e, na larga maioria, lideradas por mulheres que trabalham incansavelmente para garantir o sustento dos filhos. Ouço vários relatos de mulheres a dizerem que, ao terminarem o relacionamento com o pai do seu filho, ele imediatamente parou de contribuir para o sustento da criança, como se a culpa fosse dela própria.
Acontece, ainda, muitas vezes, que os pais só garantem a parte financeira, como se de uma obrigação se tratasse, esquecendo-se da parte mais importante, que é a presença na sua vida, o amor e o carinho que a criança precisa.
Envolvimento emocional, educativo e moral
A presença do pai na vida de um filho é fundamental, especialmente durante a infância e a adolescência. Esta presença vai muito além do sustento financeiro, trata-se de um envolvimento emocional, educativo e moral que contribui significativamente para o desenvolvimento equilibrado da criança. Um pai presente pode proporcionar uma sensação de segurança e apoio, ajudando a criança a desenvolver uma autoestima saudável e a capacidade de enfrentar desafios e vencer no mundo sem medos.
Durante a infância, o envolvimento do pai nas atividades diárias, como brincar, ler histórias e participar na educação escolar, pode fortalecer o vínculo afetivo e promover um desenvolvimento cognitivo e emocional muito positivo. Estudos mostram que crianças com pais presentes tendem a apresentar melhor desempenho escolar, habilidades sociais mais desenvolvidas e uma maior capacidade de resolver problemas.
Na adolescência, a presença do pai continua a ser crucial. Este período é marcado por mudanças físicas, emocionais e sociais significativas, e ter um pai presente pode ajudar a orientar os jovens nas suas escolhas, proporcionando um modelo de comportamento e valores. Os adolescentes que têm uma relação próxima com os seus pais são mais propensos a desenvolver comportamentos saudáveis, evitar atividades de risco e estabelecer relações interpessoais positivas.
Além disso, a presença de um pai na vida do filho pode servir de exemplo de masculinidade saudável, quebrando estereótipos de género e promovendo a igualdade. Esta influência pode contribuir para a formação de adultos mais equilibrados, responsáveis e empáticos.
Hoje em dia, há várias influências negativas na sociedade que podem levar uma criança, adolescente ou jovem para um caminho sinuoso, porque muitas vezes são as únicas que ele vê. Portanto, um pai presente pode ser a influência positiva capaz de mostrar o melhor caminho ao seu filho. Um pai presente, que dê amor, carinho, mas, sobretudo, que saiba direcionar os filhos no caminho certo, pode ser um remédio santo para prevenir vários males que têm afligido a nossa sociedade.
Sejamos todos heróis dos nossos filhos!
