Um PAICV de “levanta espanca”

O panorama político em qualquer país é marcado por dinâmicas diversas, confrontos de ideias e, claro, estratégias de cada partido para marcar sua posição e conquistar o eleitorado. Em Cabo Verde, temos observado, nos últimos tempos, um PAICV que parece estar à deriva. O partido dispara em todas as direções, como se estivesse a atirar no escuro, na esperança de acertar em algum alvo.

Está evidente o desespero do PAICV que, em vez de apresentar propostas construtivas ou críticas fundamentadas, tenta convencer a opinião pública com narrativas que, muitas vezes, parecem ter sido criadas de forma improvisada. Optando pelo monólogo, através de conferências de imprensa, o PAICV demonstra não apenas sua incerteza sobre como agir, mas também um certo desapego ao diálogo produtivo.

Por outro lado, os resultados da governação do MpD falam por si: redução notável do desemprego, diminuição dos índices de pobreza e um crescimento económico palpável. Os indicadores mostram que o Governo, sob a liderança acertada de Ulisses Correia e Silva, está, sem dúvida, no caminho certo, pese embora alguns desafios que temos que vencer. E, ao que tudo indica, Cabo Verde está prestes a retomar e, quem sabe, superar os índices de 2019.

Perante tais realizações, não é surpresa que o PAICV pareça perturbado. O partido vai ao extremo de questionar a integridade das instituições da República, desacreditando, por exemplo, os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística. O que o PAICV parece esquecer é que questionar a veracidade de tais instituições, meramente por conveniência política, é um ataque à própria essência democrática de Cabo Verde.

A cada dia, o PAICV parece escolher um novo tema para dominar a agenda política, lembrando uma ave desorientada. Esta abordagem caótica, permeada por sentimentos de ódio e uma notável falta de sentido de Estado, apenas reforça a ideia de que o partido está sem rumo. A liderança incerta, com Rui Semedo parecendo estar apenas de passagem e Janira Hopher Almada à espreita, apenas contribui para essa perceção.

Além disso, o partido tem consistentemente falhado nos debates parlamentares, evidenciando uma falta de preparação e aprofundamento nas matérias discutidas. Esta abordagem apressada, seguindo a lógica do “quanto mais rápido, melhor”, não só prejudica a qualidade de seus argumentos, mas também o deixa vulnerável a críticas bem fundamentadas. Um exemplo claro foi a  moção de censura que levaram ao parlamento – uma iniciativa sem pés nem cabeça, mais parecida com um ataque impensado do que com uma crítica construtiva. Faltaram argumentos válidos, e o que apresentaram já havia sido discutido e refutado anteriormente. O resultado? Um debate onde saíram humilhados e cabisbaixos. E, como se essa lição não fosse suficiente, repetiram os mesmos argumentos no debate sobre o Estado da Nação, encontrando, mais uma vez, a derrota. Durante o debate sobre a moção de censura , foi notável a insatisfação de Janira Hopher Almada, uma clara indicação das tensões internas no PAICV. O partido parece mais uma embarcação em mar revolto, sem capitão confiável ao leme.

O PAICV precisa refletir e redefinir seu rumo. Ataques infundados e uma postura errática não servirão aos interesses do povo cabo-verdiano. A esperança é que o partido encontre seu Norte e retorne ao diálogo construtivo pelo bem da democracia e de Cabo Verde.