VENEZUELA: Papa responde a Maduro

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Santo Padre confessou-se “desiludido” com regime de Nicolás Maduro

O Papa Francisco já respondeu à carta que Maduro lhe escreveu há cerca de duas semanas e deixou transparecer desilusão com o regime do ainda Presidente.

No auge da contestação internacional ao regime venezuelano, depois de Juan Guaidó se ter proclamado Presidente interino, Maduro escreveu ao Papa, com quem já se tinha encontrado pessoalmente, para pedir ajuda.

A resposta do Papa, crítica de Maduro, é um golpe duro para o regime. A Igreja venezuelana há muito que critica abertamente o Governo de Maduro e a “revolução bolivariana” iniciada por Chávez há quase duas décadas.

A carta do Papa, que foi lida pelo jornal italiano “Corriere della Sera”, é endereçada ao “Excelentíssimo senhor Nicolás Maduro Moros” e em lado nenhum o trata como Presidente.

Embora empregue uma retórica educada, o Papa é claro na crítica que faz ao regime de Maduro e reconhece que não faltaram oportunidades “para tentar encontrar uma saída da crise venezuelana”, mas que “infelizmente todas foram interrompidas, porque o que foi acordado nas reuniões acabou por não ter seguimento nem ser implementado através de gestos concretos”.

O Papa lamenta ainda que as palavras de Maduro pareçam ter “deslegitimado as boas intenções que haviam sido colocadas por escrito”.

O Papa reafirma que sempre defendeu o diálogo, “não um diálogo qualquer, mas do diálogo que existe quando as diferentes partes em conflito colocam o bem comum acima de qualquer interesse e trabalham em prol da unidade e da paz”.

O Papa Francisco explica que a Igreja – tanto a Santa Sé como os bispos venezuelanos – tudo fizeram com o objetivo de mediar uma solução para a crise “pacífica e institucional”, e que o Vaticano impôs ao regime, a troco dessa colaboração, uma série de condições elencadas numa carta datada de 1 de dezembro de 2016. Nessa carta “a Santa Sé explicou claramente quais eram os pressupostos para que fosse possível o diálogo”. Essas condições, e outras que entretanto foram acrescentadas, são cada vez mais necessárias, diz o Papa, que volta a manifestar a sua preocupação com o perigo do derramamento de sangue na Venezuela.