Vida das famílias e dos cidadãos em Angola “não está fácil”

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Constatação é da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe, reunida em plenária, a partir desta quarta-feira

A Igreja Católica reconhece que a vida das famílias e dos cidadãos em Angola “não está fácil” e teme o risco de os Angolanos se habituarem à pobreza e de se acomodarem à miséria.

A constatação é da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe, que está reunida na primeira Assembleia Plenária do ano, em Malange. O Presidente da Conferência chega mesmo a lamentar a degradação socioeconómica da vida das famílias no País.

O Arcebispo José Manuel Imbamba notou que o elenco dos problemas socioeconómicos que “desafiam, afligem e sufocam” a vida dos Angolanos “são sobejamente conhecidos e devidamente identificados”, observando que os relatórios das Dioceses e estudos sobre a realidade social “ilustram bem este quadro”.

A Conferência Episcopal considera que tal situação deve-se a uma “profunda crise de ética” em Angola.

“A minha convicção é que tudo o que de ruim estamos a viver e a experimentar deve-se à uma profunda crise de ética”, vincou o Arcebispo que preside a organização, admitindo que a Sociedade Angolana vive hoje uma era de fragmentação da consciência em relação às referências éticas.

“A consciência do mal, do injusto e do pecado está a desaparecer vertiginosamente”, lamentou, acrescentando que “o sentido de honra e de dignidade já não encaixa no nosso perfil, o egoísmo ou o individualismo está a ofuscar e a banir o sentido do bem comum”.

Dom Imbamba denuncia ainda que a política “já não visa o bem dos cidadãos, mas sim dos militantes, enfim, por falta de ética a religião tornou-se comércio e muitas igrejas transformaram-se em espaços de depravação, violência e desnorteio”, criticou.

“Esta é a nossa maior e a mais perigosa doença que lentamente nos vai corroendo por dentro”, ajuntou.