A narrativa centra-se numa mulher Cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião
O filme ‘Vitalina Varela’, de Pedro Costa, foi votado o quarto melhor de língua estrangeira do ano pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos, anunciou hoje aquela organização.
O anúncio, que colocou ‘Vitalina Varela’ atrás do Romeno ‘Collective’, de Alexander Nanau, do Brasileiro ‘Bacurau’, de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e do Russo ‘Beanpole’, de Kantemir Balagov, foi feito através da conta de Twitter da organização, depois da reunião dos 55.º prémios anuais.
Segundo a votação, “Collective” reuniu 38 pontos, enquanto “Bacurau” e “Beanpole” conseguiram 36 pontos ‘ex aequo’, seguindo-se “Vitalina Varela” com 32 pontos.
O filme de Pedro Costa foi ainda o terceiro classificado na categoria de melhor cinematografia, com o diretor de fotografia Leonardo Simões a ser superado por James Richards (de ‘Nomadland’) e Shabier Kirchner (de ‘Lovers Rock’).
Candidato Português à nomeação para Óscar de Melhor Filme Internacional, “Vitalina Varela” teve estreia mundial em agosto de 2019 no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, onde arrecadou os principais prémios: Leopardo de Ouro e Leopardo de melhor interpretação feminina.
Desde então, tem sido exibido e tem recebido vários prémios em diversos festivais internacionais de cinema, para além de ter aparecido em múltiplas listas de melhores do ano. A publicação especializada Variety colocou-o, há dias, em 19.º na lista de possíveis candidatos ao Óscar de Melhor Filme Internacional.
Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava “Cavalo Dinheiro”, acabando por incluir parte da sua história na narrativa, dando-lhe depois protagonismo no filme seguinte.
A narrativa centra-se numa mulher Cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.
Em Locarno, Pedro Costa explicou que os filmes sobre a comunidade Cabo-verdiana não são documentários: “Estamos a fazer algo um pouco mais épico”, com base numa relação que existe há 25 anos. “Falo de pessoas que vivem hoje no esquecimento, dormem nas ruas, são torturados. O cinema pode protegê-los, de certa forma vingar uma parte desta situação, porque pode ser exibido em qualquer lado”, disse.