Cabo-verdiano Jay Brito Querido destaca-se na descoberta da descodificação da informação genética nos tripanossomatídeos

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A revista Cell Reports (Cell Press; EUA) acaba de publicar um artigo científico com os resultados de uma descoberta em que o Cabo-verdiano é co-primeiro autor. No citado artigo, revela-se a descoberta da estrutura do complexo que inicia a descodificação da informação genética (tradução do mRNA) nos tripanossomatídeos, revelando aspetos únicos destes parasitas que podem servir de base para o desenvolvimento de novos fármacos mais eficazes e menos tóxicos

A informação é avançada pelo próprio Jay Brito Querido, numa publicação na sua conta pessoal na rede social Facebook, em que explica que os tripanossomatídeos são responsáveis por várias doenças infeciosas que afetam milhões de pessoas ao redor do mundo, como a doença do sono (tripanossomíase africana), a doença de Chagas e a leishmaniose. “Contudo, ainda não existem vacinas para a prevenção, e o tratamento é feito à base de fármacos com elevados níveis de toxicidade”, revela o Cabo-verdiano, fazendo saber que a descodificação da informação genética (tradução do mRNA pelos ribossomas) é o principal alvo dos antibióticos existentes para o combate às infeções bacterianas.

Ao contrário das bactérias, revela, os tripanossomatídeos pertencem a um grupo chamado eucariotas, no qual também se incluem os humanos. “A forma como nós, os eucariotas, descodificamos a nossa informação genética é muito semelhante entre nós. Por isso, não tem sido possível bloquear a descodificação da informação genética nos tripanossomatídeos sem bloquear as células humanas. A única exceção tem sido a utilização do Paromomicina (Humatin®) no tratamento da leishmaniose visceral (com as suas limitações)”, acrescenta na sua publicação.

No artigo da Cell Reports, os autores revelam “várias caraterísticas únicas” no processo de tradução do mRNA nos tripanossomatídeos que não existem nos humanos. “Apresentamos vários possíveis alvos terapêuticos, o que reforça a nossa descoberta anterior”, reforça, acentuando que esta descoberta representa um “importante contributo” para o desenvolvimento de novas moléculas mais eficazes e menos tóxicas no combate aos tripanossomatídeos.
Jay Brito Querido adianta que durante o período em que fez parte do grupo, ele pode demonstrar, “pela primeira vez”, que é possível isolar e purificar o complexo que inicia a descodificação da informação genética nos tripanossomatídeos (tradução do mRNA).
“Esta descoberta permitiu-nos determinar a sua estrutura por crio-microscopia eletrónica (cryo-EM), o que foi o meu trampolim para Cambridge. Por isso, um profundo obrigado aos meus colegas que finalizaram o projeto após a minha ida para o Reino Unido”, escreveu ainda.

Jay Querido, 36 anos, é cientista e confirma ter particular interesse pela biologia molecular e tem-se dedicado a estudar a forma como as células conseguem descodificar toda informação genética que os humanos recebem dos pais.



1 COMENTÁRIO

  1. Cientista crioulo conceituado sempre a dar o seu contributo para a Humanidade. Parabéns Jay!

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