As especulações infundadas por causa das máscaras

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As medidas tomadas pelo Governo constantes da Portaria Conjunta n.º 18/2020, de 5 de maio, gerou muita desinformação, a acreditar nos diferentes “posts” colocados nas redes sociais, vindos até de personalidades com acesso a todos os diplomas e regulamentos e com, supomos, capacidade de análise e interpretação, de onde se esperaria honestidade intelectual.

A questão não é a expressão e multiplicidade de opiniões, mas antes uma crítica pouco argumentada do “bota abaixo”.

Senão vejamos,

  • O contexto: a expetativa de grande procura por Equipamentos de Proteção Individual, por parte dos cidadãos, decorrente da recente publicação do D/L n.º 50/2020;
  • Logo, teria que se adotar medidas alternativas para garantir o acesso da população a produtos com qualidade, eficácia e segurança, a preços acessíveis, viabilizando a produção nacional de máscaras para uso comunitário;
  • Qual a melhor via e a mais rápida de ser implementada? Através do seu instrumento para implementação da política do Governo no domínio da Saúde, neste caso, a Emprofac, atribuindo-lhe o papel exclusivo de distribuidora grossista das mesmas, e definindo um circuito de distribuição diverso e novo, mas porque possui uma estrutura logística de distribuição montada;
  • Onde está a honestidade ao afirmar que a Emprofac aplica margens especulativas e vende máscaras a 235$? Os preços e margens de comercialização também estão regulados! A Emprofac adquire aos produtores, cada unidade de máscara por, 170$00, e vende aos retalhistas identificados na portaria atrás referida, por 196$00 e estas vendem ao consumidor final por até 235$00.
  • A Emprofac não definiu preços, responsabilidade que cabe à entidade reguladora que igualmente tem a missão de monitorizar!
  • A Emprofac não certifica os produtos! Este papel é também reservado a entidades com essa vocação, cabendo à Emprofac apenas a validação dos parâmetros técnicos definidos!

A avaliação da conformidade das máscaras reutilizáveis e de uso comunitário, são competência do IGQPI, o qual articula e adapta-as ao contexto, com os parceiros internacionais, nomeadamente, a União Europeia e a CEDEAO, sempre norteados pelas Boas Práticas internacionais.

  • Não há honestidade nas críticas quando se infere que doações feitas ao País, nestes tempos de pandemia, são comercializadas pela Emprofac. É de todo conveniente que se averigúe os canais, pois não acreditamos que, em existindo, passem pela Emprofac, uma empresa com prestígio no mercado nacional e regional.
  • Ao invés de se vitimizar, porque não ver o lado positivo das coisas, por exemplo, a oportunidade que artesãos e outros criadores, hoje no setor informal, estão a ter de se organizarem e ter uma atividade formal e com um rendimento certo para as suas famílias?!

Porque não também refletir positivamente, sobre a oportunidade de várias unidades industriais formais, cuja atividade produtiva se encontrava suspensa, no contexto do estado de emergência, poderem, agora, retomar, desde que observadas todas as orientações e recomendações das autoridades, com os benefícios óbvios?!

Neste contexto atual, julgamos que o objetivo nada mais é do que garantir o bom funcionamento do mercado, com total segurança para os consumidores, e estando a Emprofac no circuito de comercialização, tais objetivos são atingidos, tais como o são com os produtos provenientes da importação e todos ganham porque todos os produtos produzidos pelos artesãos e outros criadores têm mercado e não se fica a depender de marketing e publicidade para se vender os referidos produtos, muito importantes nestes dias de pandemia.

Deixemos de lado as especulações infundadas por causa das máscaras e foquemos, todos, no combate à pandemia.

Com foco, positividade, honestidade.

OPAÍS.cv



1 COMENTÁRIO

  1. Longe das polémicas das redes sociais em relação às questões de negócios das máscaras, eu apenas não compreendo quando, no presente artigo da redação, se diz, passo a citar: “Não há honestidade nas críticas quando se infere que doações feitas ao País, nestes tempos de pandemia, são comercializadas pela Emprofac. É de todo conveniente que se averigúe os canais, pois não acreditamos que, em existindo, passem pela Emprofac, “. Não ficou muito claro, para mim, pois se a redação do jornal pensa que existe falta de honestidade nas críticas, e desconheço tais críticas, devia ter certificado dos canais que têm levado as farmácias a receberem máscaras de doações descartáveis que são vendidas cento e tal escudos por unidade.
    Outra questão, e não tem diretamente a ver com o artigo da redação deste jornal, é fato de nunca o PCA Gil Évora cumprir com a palavra, quando, por várias vezes, prometia produtos de higiene nas farmácias, desencadeando cortejos de pessoas às farmácias sem sucesso facto que, infelizmente e outra vez, acontece com as máscaras comunitárias que, segundo a mesma autoridades, estariam nas farmácias na segunda-feira.

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