BEI quer apoiar Cabo Verde a ser dos primeiros países “livres de carbono”

Informação foi avançada pelo vice-Presidente do Banco Europeu de Investimento, que está de visita ao Arquipélago

O vice-Presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix, afirmou hoje, na Praia, o compromisso da instituição em apoiar financeiramente Cabo Verde a tornar-se num “dos primeiros países livres de carbono”.

“Mais importante do que milhões e biliões de Euros de que muitas vezes passamos a vida a falar é o impacto concreto na vida das pessoas, é a assegurar que se tem 22% de energia renovável hoje e que se ambiciona ter 40% até 2030 e estar livre de carbono muito antes de 2050. Isso sim é ambição e impacto na vida das pessoas”, afirmou Ricardo Mourinho Félix, sobre as metas do Governo de Cabo Verde, no primeiro dia de vista ao Arquipélago.

O responsável, que falava aos jornalistas à margem de um encontro com empresários, na Praia, para abordar as possibilidades de financiamento do BEI ao setor privado, reuniu-se antes com o Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, e garantiu que o banco da União Europeia (UE) está “empenhado” em seguir o caminho traçado com Cabo Verde.

“Um caminho de desenvolvimento, numa economia e num País que são exemplo na África Ocidental, um exemplo de democracia, um exemplo de desenvolvimento sustentável e um exemplo de primado do respeito pela lei (…) E estamos empenhados em, juntos, fazer de Cabo Verde também um dos primeiros países livres de carbono e, portanto, mostrar que não só a democracia é um valor em si mesmo, como é também um valor habilitante para que os países possam desenvolver de forma sustentável”, afirmou.

A visita desta missão do BEI ao Arquipélago, que integra ainda a Diretora-Geral do banco para Parcerias Internacionais, Myriam Ferran, visa avaliar os avanços nas prioridades de cooperação definidas entre o Governo de Cabo Verde e a União Europeia para o período 2021-2027, segundo o executivo Cabo-verdiano “centrado na promoção de um crescimento verde e inclusivo”, mas também “para abordar outras vias possíveis de colaboração”.

O responsável acrescentou que o BEI não tem “plafonds de crédito definidos por País”, dentro ou fora da UE, mas objetivos, nomeadamente reservando 10% da atividade, à volta de oito mil milhões de euros anuais, para a atividade fora do espaço comunitário.

“Existem os meios, existe a vontade, existe o trabalho que está a ser feito e determinaremos os montantes em função daquilo que sejam os projetos que existem e que são necessários”, disse.

À margem do evento de hoje, e depois de se reunir com a missão do BEI, o vice-Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, Olavo Correia, destacou que o banco da UE é um “parceiro especial” de Cabo Verde, com apoio ao nível das convenções públicas e de financiamento ao Orçamento do Estado Cabo-verdiano em cerca de 18 milhões de Euros.

O BEI é importante para apoiar o “esforço de combater a pobreza extrema em Cabo Verde, para apoiar a transição energética em Cabo Verde e para apoiar também a qualidade da governação (…) mas, ao mesmo tempo, nós temos de trabalhar no sentido de trazermos para esta cooperação o setor privado, para que o setor privado possa aproveitar as oportunidades que se abrem agora no que tange à transição digital, à transição energética, ao aproveitamento do potencial que a economia azul encerra para Cabo Verde, mas também para a economia verde”, justificou Olavo Correia.

O governante defendeu que é necessário “trabalhar com o setor privado” para passar “toda a informação em relação aos mecanismos de financiamento, de garantia, de assistência técnica que, do lado da UE, existe para África, para Cabo Verde”.

“Como sabem, a União Europeia lançou um programa de investimento para África no montante de 150 mil milhões de Euros e nós queremos fazer parte deste envelope e por isso é muito importante o envolvimento, o engajamento e o cumprimento do setor privado”, destacou ainda Olavo Correia.