Cabo Verde como uma plataforma do desporto.

Cabo Verde é uma “mina de ouro”. Essa é uma frase clichê, mas que não deixa de fazer sentido, até hoje. Na perspetiva histórica, Cabo Verde foi uma “mina de ouro” devido à sua localização geográfica que facilitava o comércio transatlântico. Hoje em dia, o país continua sendo uma mina devido a sua população jovem. Porém como é que estamos a explorar esse jazigo no quesito desportivo é uma grande incógnita.

Historicamente, Cabo Verde serviu como um ponto estratégico no tráfico negreiro. Durante essa época, escravos vinham de vários pontos do continente africano para o processo de ladinização e depois seguiam para as Américas. Tudo isso, fez com que Cabo Verde fosse uma importante plataforma a nível mundial.

Hoje em dia, o governo suportado pelo MpD tenta fazer com que Cabo Verde volte a ter uma relevância nos palcos mundiais. Certamente, o governo não quer que Cabo Verde volte a ser uma plataforma de ladinização de escravos, tanto que a escravatura já foi abolida há muito.

O que se quer hoje é transformar Cabo Verde numa plataforma de formação a nível mundial. Por isso há um grande investimento nas formações profissionais em diversas áreas. Por causa desses investimentos, Cabo Verde tornou-se num mercado preferencial de alguns países europeus para a aquisição de mão-de-obra qualificada.

Todavia, há uma área que deveríamos apostar mais, porque, obviamente, ganharíamos muito mais.

A área a que me refiro é o desporto.

Nas últimas décadas, o governo e as câmaras suportadas pelo MpD, investiram fortemente na infraestrutura desportiva. Em todas as cidades houve uma massificação de campos relvados, pavilhões desportivos e demais infraestruturas. Isto é algo louvável. Mas demonstra não ser suficiente porque a juventude e os desportistas querem mais.

Esse querer mais, traduz-se em políticas que ajudem na internacionalização dos desportistas cabo-verdianos. Neste momento, vários atletas cabo-verdianos vão para a europa fazer testes em diferentes clubes desportivos. Porém, os resultados não são muito satisfatórios. Assim sendo, podemos mudar esse cenário investindo em políticas mais eficazes.

Uma das políticas que deviam ser implementadas é a criação de academias de formação desportivas com níveis de treinamento e preparação europeu. O que essas academias trariam de bom para o país

Tendo uma academia de Formação Desportiva a nível europeu, abriremos as portas para os inúmeros talentos do futebol, e não só, em Cabo Verde. Investir numa academia de formação, permitiria que jovens com talentos tivessem a possibilidade e a oportunidade de ter treinamentos e jogar em qualquer campeonato europeu, e não só, cujo mercado que rende milhões.

Com essas academias de formação, Cabo Verde, assim como fez Senegal, Mauritânia e outros países africanos, teria receitas, ganho em cada jogador que jogasse numa liga europeia, para investir mais e capacitar melhor os desportistas. A título de exemplo, temos jogadores africanos que jogam em grandes ligas e fazem investimentos astronômicos em seus países de origem.

Seguramente, o governo teria de fazer um esforço orçamental para conseguir concretizar esses feitos. Criar academias de formações com esses níveis não é algo que acontece do dia para noite, mas seria uma garantia para aproveitar da melhor forma possível uma sociedade jovem e cheia de talentos. Consequentemente, teríamos, num espaço de 10 anos, um desporto mais valorizado com desportistas motivados.