CASIMIRO DE PINA: Dez mitos do comunismo internacional

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Já vimos no artigo anterior, publicado no jornal (https://expressodasilhas.cv/opiniao/2018/04/10/marxismo-o-mal-absoluto-que-deve-ser-extirpado-do-planeta/57543), que a “revolução” russa – na verdade, um violento golpe de Estado disfarçado de boas intenções, em que os “bolcheviques” do sr. Lenine (com a ajuda da Alemanha, potência inimiga do seu país, o que mostra a natureza desse sicário comunista, tido, em certos meios, todavia, como um grande “idealista”), saltando da velha estação da Finlândia ao elegante Palácio do Inverno, desmancharam o sonho nascente de uma democracia constitucional, após a queda do czarismo, em Fevereiro de 1917.

Os resultados foram desastrosos: miséria colectiva, fome em massa, matança indiscriminada de opositores, atraso social, medo, terror, polícia política, ditadura cruel, tribunais revolucionários, burocracia corrupta, tendo, ainda, essa mistura de fantasia marxista e “despotismo oriental”, a suprema habilidade de reintroduzir o trabalho escravo em pleno século XX!

O comunismo provocou mais de 100 milhões de mortos durante o séc. XX, em tempos de paz. É obra.

O Livro Negro do Comunismo, editado por Stéphane Courtois et al., dá-nos um resumo completo dessa utopia brutal e genocida. Trata-se de um absurdo incomparável, inspirado no Manifesto Comunista de 1848, do sr. Karl Marx (já vimos, também, que o truque barato de separar a “teoria” da “prática” não funciona, porque contradiz a essência do pensamento de Marx, segundo o qual a prática é a prova final da bondade, ou não, de uma certa teoria; o resto “é formalismo burguês”; ou será que o pessoal, doido por justificar o injustificável, quer inventar um “novo” Marxismo sem Marx?!).

Esse é o primeiro grande mito, que ficou completamente desfeito no meu artigo anterior: a revolução russa não foi, como querem certos sequazes domésticos do comunismo, uma “gesta libertadora”, mas, antes, como explicou o politólogo J. Carlos Espada, “a maior fraude moral e intelectual do século XX”, instaurando uma tirania sem precedentes, que aliás iria ser exportada para outras partes do mundo (durante o “partido único”, 1975-1990, tivemos em Cabo Verde, infelizmente, a nossa dose dessa farsa daninha, caucionada pela Constituição de 1980, filiada, é claro, na tradição do “sovietismo” jurídico-político; foram anos de atraso e ditadura, para variar…).

Mas há outros mitos perniciosos que circulam por aí, captando a simpatia do povo ignaro e desinformado. E mantendo, até, a “fé” no ideário marxista, cambaleante, decerto, após a queda do muro de Berlim.

O 2.º mito é sobre Cuba, essa ilha-prisão da família Castro e companhia.

Os sofistas vermelhos, desiludidos com o rumo universal da sua crença de base, metendo água como um navio açoitado pelo temporal no triângulo das Bermudas, e sem bons exemplos para apontar (que pena!), lançam, então, mui afoitos, o olhar para a radiosa Havana do saudoso barbudo e caudilho, e proclamam embevecidos: vejam só esta maravilha!

Os adversários podem dizer que é uma ditadura, etc. e tal, que há presos políticos, fuzilamentos regulares de dissidentes, “balseros”, mas Cuba progrediu bastante em termos de saúde e educação! E concluem: “Graças à boa política social da revolução comunista!”.
Lamento, mas é uma mentira repugnante. Mais uma…

Quando Fidel Castro entrou triunfalmente em Havana, em 1959, Cuba já tinha o melhor índice de saúde e educação de toda a América Latina.

Estava, inclusive, naquela época, à frente de alguns países europeus.

Vejam as estatísticas. (Ou será que estudar é um acto burguês e “contra-revolucionário”?! Lula da Silva – sim, o do Mensalão, Lava-Jato, etc. – faz gala da ignorância, maldizendo publicamente a leitura, ciente das inúmeras virtudes da incultura e da manha sindicalista-utopística!…).

O comunismo cubano só conseguiu esta proeza magnífica: fazer regredir, no meio das piruetas do regime e do folclore “vanguardista”, as conquistas da época pré-revolucionária. O “Estado social” já lá estava, e o comunismo superveniente só o arruinou.

Hoje, Cuba está bem atrás de vários países da sua região, e não consegue competir com nenhum país europeu. E tudo o vento levou!

Um 3.º mito muito forte, e que faz, ainda, a cabecinha dos velhos adolescentes do comunismo totalitário (passe o pleonasmo!), daqui e d’além-mar, é a ideia de que Salvador Allende foi um “herói”, um idealista de grande porte, um patriota, enfim, injustiçado, contudo, pela maldosa acção da “potência imperialista” e dos seus “lacaios” de costume, sempre prontos a “lixar” a bela utopia segregada na cuca fértil do Dr. Karl Marx, esse incubador das eternas e sangrentas “ditaduras do proletariado”!

Qualquer idiota útil formado nas cercanias marxistas repete esta lenda com fervor, com paixão, com a vivacidade de um honesto prosélito.

Pinochet estragou tudo. Allende, sim, foi um “grande” homem, um ícone do “progressismo”! Será assim?

Ora, o senhor Allende não passou, na verdade, de um traidor, uma figura caricata e ridícula, um ditador de opereta, um sátrapa socialista de pacotilha, pago (através de um tal Svyatoslav Kuznetsov – ver http://www.olavodecarvalho.org/o-mensalao-de-allende/), como qualquer bom soldadinho, pela KGB da ex-URSS.

Allende era apenas um serviçal obediente da polícia política mais hedionda do planeta.
Levou o Chile ao descalabro e destruiu as instituições públicas do país…para variar.

Quando saiu do poder, o Chile era já, antecipando o paraíso da cartilha, uma espécie de Venezuela de Chavez e Maduro: lúgubre, inerme, policial, improdutivo e moralmente desfeito.

O 4.º mito é poderoso e de grande alcance geoestratégico.

Os manuais escolares, redactores de jornais, garotos-de-propaganda, filmes, etc., costumam apresentar a Rússia como uma nação amiga da paz e da boa convivência entre os povos, que ajudou o mundo a “libertar-se” do fascismo alemão. O que não dizem é isto, que é, porém, absolutamente essencial:

Adolf Hitler é, praticamente, uma criação do genial Estaline.

Foi a Rússia comunista que possibilitou o rearmamento alemão e esteve, por isso, na origem da II Guerra Mundial e do terrível Holocausto.

A própria ideia de “campo de concentração” é uma invenção russa.

Nenhum historiador pode, hoje, ignorar este aspecto, uma verdade escancarada após a abertura dos Arquivos de Moscovo. A prova é documental, límpida, lógica, rigorosa, imponente. Só um pateta alegre ousará chamar a isto…“teoria da conspiração”.

Quem quiser descobrir mais segredos interessantes, acerca de assuntos paralelos, pode ler Vladimir Bukovski, Jugement à Moscou. Un Dissident dans les Archives du Kremlin, Robert Laffont, Paris, 1995.

Para terminarmos o artigo de hoje, falemos um pouco do “socialismo africano”. O 5.º mito seleccionado.

A coisa foi uma tentativa, em síntese, de conciliar Marx com as tradições africanas. Desastre absoluto.

De Norte a Sul, mergulhou o continente na penúria, destruiu o aparelho produtivo (com as nacionalizações, etc.) e criou uma vaga horrível de carreiristas e ditadores, que infernizaram, durante décadas, a vida dos respectivos povos, hipotecando, em muitos casos, o futuro dos seus países.

E ainda há – vejam só esses “inteligentes” de palanque – quem queira mais…socialismo africano, em nome do “progresso”, kkkk!

No meu 2.º livro (Sociedade Civil, Estado de Direito, Economia e Governo Representativo, Chiado Editora, Lisboa, 2016), há vários textos dissecando a maluquice dessa filosofia do subdesenvolvimento.

Leiam, por exemplo, “De Atenas a Harare” e “África e Globalização – Mitos que Perduram”.

Os fala-baratos ficaram ressabiados, mas não conseguem, por escrito, e na esfera pública, desmentir uma única vírgula do que está ali pensado e registado.

(Continua…)

 



2 COMENTÁRIOS

  1. […] Grande parte da actual contestação ao SOFA provém precisamente dessas raízes profundas, que ainda moldam o “hardware” de uma geração que aprendeu, no meio dos cânticos socializantes, e das suas mentirinhas da praxe, a enxergar os EUA como a encarnação de todo o mal do universo e dos terríveis apetites “imperialistas” (historicamente, todavia, a grande potência imperialista do séc. XX foi a URSS, que teve a habilidade de reintroduzir a escravatura – abolida cerca de 2 séculos antes! – no seu território e manter, qual jaula de ferro, uma atmosfera de barbárie sem precedentes nos seus chamados “países satélites” – para mais informações, ver um anterior ensaio meu, in http://162.241.134.211/~opaisc1/2018/05/03/casimiro-de-pina-dez-mitos-do-comunismo-internacional/). […]

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