Estratégia falida(?) do Paicv

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O Paicv tem agido, insistentemente, fora do contexto e subestimando a realidade objectiva da sociedade caboverdeana. É ainda os efeitos da maquiavélica mania de serem eles os iluminados da história e os mais sabichões!

De 2016 a esta parte, o Paicv, após as derrotas humilhantes nas autárquicas (2020) e legislativas (2021), em vez de passar a pente fino as razões dessas derrotas, e ter a humildade de adaptar-se e engendrar um discurso conducente à nova realidade, na condição de oposição, em contramão e um pouco por birra, escolheu o caminho mais difícil de confrontação e crispação permanentes, borrando e zerando tudo o que o Governo faz, não se importando com a avaliação e sentimentos dinâmicos da maioria da população, insistindo no objectivo falhado de vender a imagem do MPD como um partido de “mafiosos”, que gere os negócios de Estado com intransparência e corrupção, com destaque pelo combate rasteiro às PRIVATIZAÇÕES!

O Paicv inclui nesta estratégia a sua favorita política de tentar condicionar a actuação do governo e dos governantes, repetindo sem cessar, a cada oportunidade, as bandeiras e a ladainha da partidarização da Administração Pública e do concurso público e, por incrível que pareça, a título de sátiro gozo, falam (Paicv e JMN) da governamentalização da Comunicação Social do Estado, afirmando que em Cabo Verde já não existe a liberdade de imprensa ou que se esteja a pôr em causa essa liberdade. Andam fora do tempo, compasso e da realidade!

Tem sido esse o quadro central ou a bataria orquestrada da estratégia do Paicv. Isto sempre na linha da estratégia de 2001, quando o JMN lançou a violenta campanha contra o MPD, acusando-lhe de ser o “vendedor de Cabo Verde”, “vendedor da terra” aos estrangeiros e aos empresários afectos ao MPD. E classificaram o MPD de grupo de mafiosos! Quando agora, Deus não dorme (!), com provas evidentes, se descobriu que o enriquecimento foi parar para o lado dos dirigentes do Paicv! Evidenciado na triste realidade do programa Casa para Todos e do Novo Banco, apenas para citar estes dois exemplos.

Essa estratégia do PAICV teve sucessos em 2001, contando na altura com vários erros políticos do MPD, mas ela, felizmente, sucumbiu em 2016 e 2021.

A apresentação da Moção de Censura, sem dúvida nenhuma, enquadra-se na desesperada radicalização da estratégia do partido da estrela negra e conjuga-se, articuladamente, em boa medida, – estúpidos não somos – com o discurso sistemático e permanente de José Maria Neves contra o governo de Ulisses Correia e Silva, num uso inconstitucional do palco de um órgão de soberania.

O MPD e o Governo suportado por ele devem ter presente, em cada momento governativo e em cada momento da vida partidária, essa maléfica e orquestrada realidade e procurar combatê-la com todas armas democráticas disponíveis. Para este efeito, creio eu, o MPD tem de elevar e motivar ainda mais o espírito de combate dos seus militantes e estimular no máximo a motivação do seu eleitorado e, igualmente, reforçar a união interna. Evitando surpresas!

Esta luta é do Governo, numa procura insistente para não cometer falhas gritantes e procurar apresentar ao país sempre os melhores e qualificados resultados. O que queima e dói a alma do Paicv e do JMN são os sucessos deste Governo. Os constantes reconhecimentos e elogios feitos pela Comunidade Internacional, a disponibilidade e apoios dos parceiros de Cabo Verde, ao governo do MPD. E, sobretudo, o que lhes corta e amachuca as suas almas, é o reconhecimento da maioria dos caboverdeanos dos sucessos deste Governo. São esses sucessos que (dói e apoquenta a alma da estrela negra) o Paicv e seus satélites procuram enlamear e classificar, repetidamente, de governação corrupta e intransparente. Apesar do contexto difícil da economia mundial e seus reflexos internos, o Paicv sabe e prevê o que está por vir de sucessos no resto do mandato. Sabe da retoma um pouco surprendente da economia, sobretudo da retoma do turismo, sabe dos dados do crescimento económico, sabe do combate previsto à pobreza extrema, da descida do desemprego, mesmo em relação ao emprego juvenil, da tendência da diminuição da dívida pública, do impacto da retoma das actividades dos TACV, com mais voos, da requalificação em curso do transporte marítimo, sobretudo com a vinda e aquisição de mais quatro barcos, sabe dos efeitos e impactos da injeção financeira que o Governo tem estado a fazer aos municípios, sabe e tem consciência dos efeitos da reconversão da dívida de Cabo Verde a Portugal a favor do combate aos problemas climáticos, sabe dos resultados que a reconversão energética provocará na economia e, consequentemente, no emprego. Sabem dos investimentos em curso para a dessalinalização da água do mar, para a reconversão da agricultura. E sabem de muito mais que estão por vir antes do fim do mandato. Então, a pressa e o nervosismo do Paicv e do JMN são absolutamente compreensíveis. Querem antecipar e combater as boas obras deste governo e que sabem que estão a caminho.

Eles vivem das e para as eleições!

Com este quadro, penso eu, será necessário uma remodelação governamental, enxutando o elenco, aquecendo e refrescando a máquina, imprimindo mais velocidade, para que haja uma melhor articulação e para que o PM tenha um melhor controle e coordenação sobre o desempenho da equipa e procure apresentar ainda melhores resultados da governação, para o desespero daqueles que querem emporcalhar os sucessos e o avanço deste país.

Esta luta é do MPD, enquanto partido, pois que ele é a razão e o pilar do seu próprio sistema, e é quem é avaliado nas urnas. Tendo este partido a harmonia e a paz internas com os seus militantes e eleitorado, feito o reforço do seu desempenho e intervenção, prestar especial atenção às necessidades concretas do eleitorado, selecionar, a tempo, e com a firme coragem, as melhores equipas para enfrentar as eleições, ninguém, nem os grupos associados ou coligados, expressos ou implícitos, misturados ou travestidos, vencerão o MPD. Pois, neste momento crucial da saída das crises, ninguém defende o retrocesso do país e das políticas. Seria uma aventura imperdoável e arriscado!

Esta luta é também do Grupo Parlamentar do MPD, grupo acarinhado do MPD e que é o seu órgão, com a função de suportar, politicamente, o Governo a nível da Assembleia Nacional (centro do poder político).

O MPD e o seu inteiro sistema têm de se articular, modernizar (vejam que o PAICV já utiliza o Teleponto nas conferências de imprensa), cuidar-se e conceber uma inteligente e operacional estratégia de desmontagem (desminagem) da monocórdica estratégia do Paicv, que tem por objectivo de emporcalhar a imagem do MPD e do Governo. E essa estratégia de desmontagem, a curto prazo, deverá passar pela preparação mais cedo das próximas eleições autárquicas e, com racionalidade e ousadia, selecionar as melhores equipas e com boa estratégia, vencer as próximas eleições autárquicas. As quais, contudo, na minha modesta opinião, penso que não vão ser fáceis e nem um simples passeio eleitoral.