ILHA DO MAIO: Autarca fala em “interesses escondidos” por detrás da manifestação

Presidente da Câmara Municipal do Maio reconhece o direito à manifestação mas estranha “a pressa” dos promotores que no seu entender seguem uma “estratégia” politico-partidária

Um autoproclamado União Maense está a promover uma manifestação para o próximo sábado, 16, no Porto Inglês. A ideia, dizem os promotores, é protestar contra “as muitas promessas” dos sucessivos governos central.

José Emanuel Anes disse ao OPAÍS que sentem-se “enganados” em relação ao desenvolvimento da ilha do Maio que segundo observou é “só no papel, ou seja só na teoria e nada de prático”.

Agostinho Silva, João Tavares, Ezequiel Fortes, Ermenegildo Freire, Ermenegildo Rocha, Evandro Sanches são outros nomes de alegados promotores desta iniciativa que segundo se apurou está a mobilizar apoios na Praia e noutras ilhas para a manifestação no Porto Inglês.

Uma estratégia política

Para o Presidente da Câmara Municipal do Maio, Miguel Rosa, esta manifestação mais não é do que uma estratégia política com claros fins político-partidários.

Embora reconheça o direito de manifestação, Miguel Rosa diz que é importante conhecer os meandros desta ação que no seu entender tem apenas um fim político. “Basta ver quem são as pessoas que dão a cara e quem os comanda”, atirou.

MR é categórico ao afirmar que o PAICV e a OAIM – grupo independente que concorreu nas eleições autárquicas de 2016 e que perdeu para o MpD – “estão por detrás” da organização “mas escondem a cara”.

Um novo tempo

O Edil vaticina que o Maio vive um novo tempo e que nunca houve “tão boa articulação” entre os poderes Local e Central, e segundo observa a ilha já vive uma “dinâmica que não pode parar”.

“A situação atual da ilha é de longe melhor” que em 2015, exemplificou, reconhecendo que a população do Maio está consciente do desenvolvimento da ilha, apesar dos constrangimentos criados sobretudo com a seca e mau ano agrícola.

O Presidente reconhece que uma das razões que pode estar a gerar algum sentimento de revolta entre os cidadãos possa estar relacionado com o Porto da ilha, mas garante que o Governo sustentado pelo MpD está “fortemente engajado” neste processo, devendo oportunamente ser lançado o concurso para as obras.

“Vamos ter um Porto digno” perspetiva, sublinhando que todo o processo está em curso e nunca se esteve tão perto de uma boa solução como agora. “Para o PAICV o Maio não era prioridade e durante 15 anos não houve uma medida no caso do Porto”, enfatizou para de seguida confirmar que nos dois anos de governação do MpD a ilha registou uma melhoria em termos de ligações, sendo 3 aéreas e 3 marítimas. “E temos garantia de uma quarta viagem marítima”, acrescentou.

Caravanas

MR sustenta que a manifestação de sábado tem “interesses escondidos” e não é apenas suportado pelas pessoas que estão a dar a cara na ilha.

Dá conta de uma forte mobilização sobretudo na ilha de Santiago para levar pessoas para o Maio para engrossar a manifestação. “É claro que há muito dinheiro envolvido e segue-se uma lógica de luta pelo poder a todo o custo”.

Promotores

Apesar de se apresentarem como apartidários, a generalidade dos nomes apontados como organização são destacadas figuras do PAICV/OIAM na ilha do Maio, apurou este diário online.

José Emanuel Anes afasta, no entanto, a tese de manifestação política apesar de confirmar que vão manifestar contra o governo.

Quanto ao financiamento desta ação, diz apenas que recebem apoios de emigrantes e de algumas pessoas com posse, na ilha.

Follow @CvOpais