Pandemia veio agravar ainda mais a desigualdade entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento

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Afirmação é do Primeiro-Ministro. Ulisses Correia e Silva discursou hoje na 75.ª Sessão do Debate Geral da Assembleia-Geral da ONU, e voltou a abordar a necessidade do perdão da dívida externa, e o acesso universal à vacina contra a Covid-19

O Primeiro-Ministro disse hoje que a pandemia veio agravar ainda mais a desigualdade entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Para Ulisses Correia e Silva, que discursava na 75.ª Sessão do Debate Geral da Assembleia-Geral da ONU, poucos países do mundo possuem poupanças suficiente para acomodar os custos extraordinários impostos pela crise global provocada pela pandemia da Covid-19 e ao mesmo tempo, recuperar e relançar a economia.

O Chefe do Governo fez essas considerações ao questionar o porquê nos países mais desenvolvidos há pacotes bilionários para fazer face à pandemia, enquanto que nos mais pobres ou em desenvolvimento o mesmo não acontece. “Nos países mais desenvolvidos, como é o caso da União Europeia, foi necessário um pacote financeiro de 750 mil milhões de Euros para apoiar os Estados membros. Os estímulos financeiros dos países mais ricos ultrapassam centenas de bilhões de Dólares”, referiu, para de seguida pedir o mesmo para a África e os pequenos Estados insulares.

“E a África? E os pequenos Estados insulares em desenvolvimento? Conseguem suportar os custos e a recuperação e o relançamento das suas economias sozinhos? Claro que não!”, precisou.

Para UCS, está-se perante um combate interno de cada País e ao mesmo tempo um combate global, que exige soluções colaborativas globais, sustentando que “ninguém ganha com uma África mais empobrecida”, com o aumento de crises humanitárias e securitárias.

“Todos ganham se os países Africanos tiverem as condições necessárias para superar a grave crise sanitária, económica e social provocada pela Covid-19, e entrarem numa nova era de transformações estruturais que impactem positivamente as suas economias e os Índices de Desenvolvimento Humano”, pontuou.

Por tudo isso, o Chefe do Executivo, que discursava através de videoconferência, defendeu o acesso equitativo e universal à vacina contra a Covid-19, como um bem público essencial. Para além da vacina, destacou UCS, a iniciativa de perdão da dívida externa, devem ser objeto de um Pacto de Responsabilidade Mundial de modo a não deixar ninguém para trás. “Perdão da dívida externa é necessário. É necessário não só para fazer face à contração económica e aos desequilíbrios macroeconómicos provocados pela crise do coronavirus, mas como um ponto de viragem para impulsionar o desenvolvimento sustentável dos países Africanos no quadro de um forte compromisso com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS”, indicou, defendendo que uma abordagem diferenciada deve ser feita aos pequenos Estados insulares em desenvolvimento tendo em conta a sua grande vulnerabilidade aos choques externos económicos e ambientais e forte dependência do turismo, um setor fortemente atingido pela crise da Covid-19.

Em Cabo Verde, disse o PM, a perspetiva é aplicar os recursos libertos do serviço da dívida externa no financiamento da Agenda Estratégica de Desenvolvimento Sustentável 2030, cujas prioridades são: desenvolvimento do capital humano; segurança sanitária, habitação social e saúde; transformação digital; transição energética; estratégia de agua para a agricultura associada às energias renováveis; economia azul; e turismo sustentável.

Esses, afirmou UCS, são aceleradores dos ODS para tornar Cabo Verde um País mais resiliente e menos vulnerável a choques externos; eliminar a pobreza extrema; melhorar o rendimento das famílias e criar oportunidades de emprego decente para os jovens com uma economia mais diversificada.

“Vivemos hoje no contexto de uma grave pandemia. Mas ela não deve confinar a ambição da Agenda 2030”, reforçou.

A ONU celebra 75 anos, e segundo UCS, é necessário reformular a Organização, nomeadamente, a composição e o funcionamento do Conselho de Segurança, a revitalização da Assembleia Geral, o reforço do Conselho Económico e Social, e o alinhamento dos métodos de trabalho entre estes órgãos.



2 COMENTÁRIOS

  1. Ingrata missao do Primeiro Ministro quando no pais ha vencimentos e pensoes astronomicas em detrimento da porca e negra miseria em que a maioria dos caboverdianos vivem.

    Boa sorte

  2. Coerente com os seus principios e valores o Primeiro Ministro de Cabo Verde Jose Ulisses Correia e Silva esteve, como sempre, muito bem globalmente nas suas intervencoes neste forum das nacoes unidas.

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