Papa pede ao clero uma igreja “não assética” e próxima das pessoas

Francisco propôs hoje, na missa inaugural do Sínodo dos Bispos, uma igreja “não assética”, mas sim apegada à realidade e aos seus problemas

“Deus não habita em lugares asséticos e tranquilos, afastados da realidade, mas caminha a nosso lado e alcança-nos onde quer que estejamos, pelos caminhos às vezes acidentados da vida”, disse o papa ao clero reunido na Basílica de S. Pedro.

Francisco perguntou aos participantes do Sínodo — bispos, padres, religiosos e religiosas e laicos — se creem que a comunidade cristã encarna esse “estilo” que se preocupa com os problemas da sociedade. “Encarnamos o estilo de Deus que caminha na história e partilha as vicissitudes da humanidade? Estamos dispostos à aventura do caminho ou, temerosos perante a incerteza, preferimos refugiar-nos das desculpas do ‘não faz falta’ e do ‘sempre se fez assim?”, questionou.

Francisco frisou que todo o encontro “implica abertura, valentia e disponibilidade” e criticou que, frequentemente, o clero prefira “refugiar-se em relações formais ou usar máscara de circunstância”. “Na igreja como estamos com a escuta? Como vai o ouvido no nosso coração? Permitimos às pessoas que se expressem, que caminhem na fé mesmo quando têm percursos de vida difíceis, que contribuam para a vida da comunidade sem que se lhes ponham obstáculos, sem que sejam rejeitadas ou julgadas?”, questionou ainda, defendendo uma igreja que escuta os desafios do mundo moderno.

O XVI Sínodo dos Bispos tem por tema “Por uma igreja sinodal: comunhão, participação e missão” e, segundo a reorganização aprovada pelo papa em maio passado, insere-se num processo de cerca de três anos para dar voz às dioceses e aos fiéis.

Após a abertura de hoje, iniciar-se-á uma fase de consulta dos fiéis até abril de 2022, com o envio de um questionário a cada diocese. De setembro de 2022 até março de 2023 serão colocadas as mesmas questões a nível dos Continentes.

Em outubro de 2023, reunir-se-á a Assembleia Geral do Sínodo, no Vaticano, para estudar e debater toda a informação recolhida e integrada no documento de trabalho designado “Instrumentum Laboris”.