Multi-instrumentista volta a colocar o nome de Cise na órbita e no centro do debate. Djô da Silva não fica de fora, outra vez
Paulino Vieira volta a estar no centro das atenções com nova polémica. E, novamente, Cesária Évora, Djô da Silva e o sucesso da Diva Cabo-verdiana.
A partir de Lisboa, em entrevista à Agência Lusa, Paulino Vieira lançou novos temas para debate, em torno do sucesso de Cesária Évora, definida como uma “rainha falsa”. O música fala em “máfia” por traz da Cise para “enganar o mundo”.
“Ao começar a ganhar terreno, implantam uma máfia para vir enganar o mundo inteiro com uma rainha fantasma, mentindo ao povo acerca do próprio folclore”, criticou, para de seguida denunciar que folclore Cabo-verdiano “foi deturpado”.
“Tínhamos as mornas, as coladeiras, os batuques, os funanás, as bandeironas”, mas a música de Cabo Verde “ficou reduzida à morna, menosprezando os outros ritmos que nunca foram mencionados nem nunca mais foram tratados”, denunciou.
Paulino Vieira garante que foi ele quem pensou o sucesso de Cesária Évora. “Quando se rouba um projeto tenta-se esconder o seu pensador. Neste caso fui eu o pensador da carreira da Cesária. Cabo Verde não tinha nada a ver com isso, porque Cabo Verde nunca ligou à sua cultura”, disse.
Paulino Vieira acedeu a tratar da carreira de Cesária, esperando que, mais tarde, o empresário Djô da Silva o ajudasse a continuar o seu movimento, que consistia em abrir as fronteiras aos músicos de Cabo Verde, com benefícios para o desenvolvimento do próprio País.
“Eu usava a minha carreira para lançar gente. Todas as pessoas, os Africanos todos, vinham para Lisboa e vinham para gravar comigo”, contou, assegurando que “desde os altos músicos até os inocentes” o procuravam.
“Estávamos em serviço, em prol do País, porque levantando a Cesária Évora, da mesma forma como já se tinham levantado outros artistas, estávamos a engrandecer o País, formando produtos musicais que podiam ser vendidos no estrangeiro e o País passaria a viver da sua própria cultura, tendo vários artistas espalhados pelo mundo”, ajuntou. Entretanto, a explosão do sucesso de Cise nos palcos de França e outros palcos mundiais trouxe a desilusão a Paulino Vieira.
“Ao começar a ganhar terreno, implantam uma máfia para vir enganar o mundo inteiro com uma rainha fantasma, mentindo ao povo acerca do próprio folclore. O nosso folclore foi deturpado”, denunciou, admitindo que a música de Cabo Verde “está condenada ao extermínio”.
Djô da Silva volta a ser o alvo de Paulino Vieira, criticando a ação da Lusáfrica.
“Pararam todos os nossos artistas de Cabo Verde com contratos de exclusividade. A Lusáfrica carimbou essas pessoas, não lhes deu trabalho e também não lhes deixou trabalhar para mais ninguém. Por isso a Cesária foi vista como produto único, só ela funcionava. Estava e ainda está nos planos dessa gente mostrar que só a Cesária funcionou. Aquilo não é funcionamento, é mentira. Se é mentira, eu não posso colaborar nisso”, adiantou.