“Pensar com as nossas próprias cabeças” no quadro de uma ditadura de matriz totalitária?! Conta outra, José!

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José Maria Neves, violando, mais uma vez, grosseiramente, o artigo 125.° da Constituição da República e o juramento prestado no dia da respectiva tomada de posse, voltou a insistir, ontem [12 de Setembro], na astuciosa PROPAGANDA do partido único e no seu mantra preferido: a famosa frase de Amílcar Cabral que faz apelo ao “pensar com as nossas cabeças”.

A frase, em si, não tem absolutamente nada de original e repete apenas a mensagem fundamental que TODOS os grandes Filósofos, desde a Grécia antiga, passam no sentido, diga-se, da construção de um ser humano LIVRE, autónomo e emancipado.

Existe, por exemplo, o famoso apelo de Immanuel Kant, no século XVIII, sobre o crucial significado do Iluminismo, em que ele nos mostra a importância da autonomia e da liberdade de pensamento, o que só é alcançável através do conhecimento. SAPERE AUDE!

A LIBERDADE está no centro da emancipação humana, e da própria prosperidade colectiva.

Agora, no caso específico de Amílcar, temos um problema de fundo. Um obstáculo intransponível.

Como é possível edificar/cultivar, entretanto, a liberdade de pensamento e a autonomia individual no CONTEXTO de uma ditadura de partido único, que ele defendia expressamente, e no meio de uma vanguarda político-cultural intolerante e exclusivista que julga possuir o “sentido da história”?!

É manifestamente IMPOSSÍVEL.

Trata-se, pois, de um puro exercício de manipulação, contando, naturalmente, com a preciosa ingenuidade alheia!

Os regimes políticos totalitários, de inspiração marxista-leninista e cabraliana, NÃO DEIXAM ninguém pensar livremente. Jamais.

Sufocam a criatividade.

Impedem as boas dinâmicas da sociedade civil.

Instituem o orwelliano “pensar-crime”.

Perseguem sistematicamente os críticos, abominam o pluralismo e criam “polícias políticas” para impor, brutalmente, o pensamento único.

A utopia, por vezes, dá maus resultados, como a experiência histórica já comprovou em larga medida…



18 COMENTÁRIOS

  1. Um Presidente da República eleito fez um discurso que publicitou, como é seu direito e dever legal.
    Considero como um insulto para todos os cidadãos nacionais que nele votaram o facto de se fazer referência a um discurso que teria sido pronunciado na qualidade de um cidadão comum.
    Pretende -se aqui estabelecer uma divisão entre os eleitores que votam num candidato e os que votam noutro, com um tratamento pouco de falta de respeito para um desses grupos. Do que se depreende que uns eleitores merecem mais respeito do que outros. E daí se depreende que se considera que há cidadãos que valem mais do que outros.
    Convida-se o articulista a denunciar, mediante a apresentação de provas, todos os crimes que afirma que Amílcar Cabral terá cometido e os que, no seu entender, terá incentivado.

  2. Creio que a senhora Ângela Coutinho, com o devido respeito, não percebeu muito bem aquilo que leu!

    1) É óbvio que o actual Presidente da República NÃO CUMPRIU, em nada, o seu dever constitucional. Muito pelo contrário, VIOLOU o juramento solene que prestou no dia da respectiva tomada de posse, de, por sua honra, “…defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição”. NÃO se pode, ilustre senhora, na vigência desta Constituição, fazer a propaganda dos símbolos e das instituições da DITADURA do partido único. É completamente proibido, percebe? O sr. José Maria Neves actua, quase sempre, na contramão da lei fundamental cabo-verdiana de 1992 e isso é uma conduta gravíssima e inaceitável. O PR, de forma mesquinha, e com espírito subversivo, ataca constantemente as bases axiológicas do Estado de direito democrático.

    Há que accionar, neste caso concreto, o artigo 132.° da Constituição da República e as leis que densificam este importante comando constitucional, nomeadamente a importante LRTCP, aprovada no tempo em que o JMN era, ainda, Primeiro-Ministro de Cabo Verde.

    Não há democracia, como dizia um grande mestre e constitucionalista, fora da Constituição e muito menos contra a Constituição.

    Não estamos na Rússia de Putin ou na Coreia do Norte!

    2) Neste meu artigo de opinião, para sermos rigorosos, NÃO FALEI de quaisquer “crimes que Amílcar Cabral terá cometido…”!!!

    É uma criatividade SUA que não consta de nenhuma parte do meu texto. Ou resulta de alguma desatenção na leitura ou, pior ainda, de pura má-fé da sua parte.

    Nenhuma das alternativas é agradável.

    Vai pois com calma, Sra. Ângela Coutinho!

    Por favor, não deixe a emoção toldar a sua brilhante inteligência.

    • Caro Sr. Casimiro de Pina,
      parece-me que não, não percebi o que escreveu. Ou, a outra hipótese será: o Sr. não soube fazer-se entender.
      Sou toda ouvidos e estou inteiramente disponível para tentar compreender as suas afirmações e pontos de vista.
      Desafio-o a um DEBATE PÚBLICO sobre as acusações que faz à actuação de Amílcar Cabral.
      Pode ser pela via que preferir, presencialmente e em directo.
      Na rádio ou na televisão.
      Assim, julgo que poderemos ficar todos muito bem esclarecidos e pôr um ponto final a este assunto de uma vez por todas.
      ACEITA ESTE DESAFIO?

  3. Senhora Ângela Coutinho
    Um Presidente da República nunca pode falar como cidadão comum e cerimônias públicas. O articulista tem razão em dizer que Pensar com a nossas próprias cabeças, atribuído a Amílcar Cabral não tem nada de original. Mas, a contradição é que os seus discípulos instauraram em Cabo Verde uma ditadura onde ninguém podia pensar. Havia quem pensasse pelo povo. A Ângela Coutinho viveu em Cabo Verde de 1975 a 1991 ? Os opositores de Cabral, onde estão os que o assassinaram, acusavam no de crimes como fuzilamentos e assassinatos aos opositores da. Unidade Guiné Bissau/ Cabo Verde. Bem depois da independência da Guiné Bissau, os chamados “ comandos africanos foram fuzilaria as dezenas. Quem os mandou fuzilar eram os mesmos que agora estão a comemorar os seus 99 anos. Procure ler os crimes cometidos pelo PAIGC contra cidadãos tanto aqui no país como na Guiné. Toda a gente sabe, Dona Ângela Coutinho

  4. Caro Sr. Silvino Silva, agradeço a sua atenção.
    Peço que me faculte, ou melhor, que publique os documentos onde constam essas acusações de fuzilamentos e assassinatos ordenados por Amílcar Cabral. Ou que venham à praça pública aqueles que presenciaram essas acções pretensamente ordenadas por Cabral. Analisemos publicamente todos os dados e apuremos os factos.
    Pergunto se o articulista, que terá nascido em meados da década de 1970 tem autoridade moral para falar sobre uma época que não viveu. Por outro lado, se foi alvo de perseguição ou quaisquer tipos de maus-tratos durante o periodo de partido único, que os exponha também, publicamente. Recordo que aquando da transição para o regime multi-partidario, o articulista era menor de idade.
    É chegada a hora de debater todas essas questões claramente, e na praça pública.
    Somos de uma geração que NÃO viveu o colonialismo e NEM LUTOU pelo multipartidarismo.
    Portanto, temos de discutir e analisar o nosso passado com base em factos.
    Agradeço a colaboração.

    • Cara Senhora Ângela Coutinho. Aparentemente, parece-nos que a senhora não está a “pensar com a sua cabeça “. Então o articulista não pode analisar uma época por não o ter vivido? Para quê então servem os livros, a história, a leitura e quejandos? Deduzo que a senhora lé e invistiga não? Todos sabemos que morreram 6 milhões de judeus na Segunda Guerra mundial, contudo, pensamos nós, de que nem nós nem a Douta senhora Ângela terão vivido a época. Sabemos nós que muitos opiniões makers em CV, são mais fazedores de opinião de café sem qualquer hábito de leitura e muito menos de estudos. Mas queremos acreditar que não será o seu caso

      • A senhora Ângela Coutinho tinha afinal QUANTOS ANOS na altura da Revolução Francesa?

        Já tinha nascido quando os bolcheviques comandados por Lenine tomaram o palácio do inverno e construíram, depois, o maior sistema de terror e ditadura existente neste mundo?

        Será que vossa senhoria não pode falar DESSES acontecimentos históricos fundamentais só porque não viveu nessas épocas?!

        Não tem “autoridade moral” para tal?

        Como dizem os brasileiros, é para rir ou para chorar?

      • Exmo. Sr.,

        normalmente dialogo com pessoas que se identificam na sociedade.
        Caso contrário, há o risco de estar a responder a programas informáticos.
        “Atento” é o seu nome de registo?

        • Cara Sra. O anonimato é normal desde que tenha conteúdo. Já Fernando Pessoa tinha 3 pseudónimos, anónimos à época e nem por isso deixou de ser idolatrado. E sobre o que eu disse? Algum comentário?

  5. Como pensar com as suas próprias cabeças, num regime autoritário, numa ditadura de partido único, como protagonizou Amilcar Cabral? Só a democracia permite a autonomia do pensamento e das ideias. Amilcar Cabral não era um democrata, nem pouco mais ou menos. JMN, pior. Este senhor é um fala barato, um mentiroso contumaz.

  6. Mas a sra. Ângela Coutinho está mesmo preparada para um DEBATE público sobre estas matérias?!

    Não parece, a avaliar pelas confusões que faz (e que já assinalei) e pelas dificuldades notórias que demonstrou, infelizmente, na compreensão de um texto simples e cristalino.

    Veja bem, doutora. Não quero causar-lhe nenhum constrangimento.

    Mas, pela consideração que tenho por si, não abuse muito da sua sorte!…

  7. Sra. Ângela Coutinho.

    Já escrevi variadíssimos artigos (mais longos e com muitas referências até…) sobre o totalitarismo do PAIGC e as ideias do respectivo fundador, que considerava Lenine, um dos maiores ditadores da história, o grande “farol da humanidade”.

    Este aqui não é o primeiro.

    O regime político ditatorial implantado em Cabo Verde, de 1975 a 1990, baseou-se PRECISAMENTE nas “ideias” de Cabral e no seu projecto de sociedade. Ou está a chamar os companheiros cabo-verdianos de Cabral de FALSOS e pouco confiáveis?

    Eles sempre disseram, alto e bom som, que estavam a CUMPRIR Amílcar Cabral e a respeitar, portanto, o seu legado. Aliás, até hoje dizem isso, com orgulho, como é do conhecimento público.

    Esteja, pois, mais atenta.

    Autodenominam-se…”continuadores de Cabral”. O sr. Pedro Pires e todos os outros.

    Não se percebe, por isso, a sua tentativa, sra. Ângela, de reescrever a história e justificar, com truques de retórica, o injustificável.

    Cabral defendia, sim, a DITADURA do partido único, uma economia fechada e estatizada, a existência de uma vanguarda cultural de tipo soviético e a supressão das liberdades individuais e do pluralismo político-social. Porque achava-se investido do científico e hegeliano-marxista “sentido da história”.

    Sabemos, através da leitura de um Karl Popper, que essa é, deveras, uma presunção muito perigosa e com consequências históricas desastrosas. É um caminho que só leva à miséria e à opressão dos povos.

    Quer mesmo DEBATER estes assuntos?

    Então faça o seguinte:

    ESCREVA, pelo menos, um artigo de opinião e tente demonstrar, com factos e argumentos válidos, que aquilo que eu, Casimiro de Pina, digo neste artigo de opinião, e nos demais que já publiquei, não faz qualquer sentido.

    Tem que escrever e “desmontar”, admirável sra. Coutinho, aquilo que eu afirmei!

    Publiquei, para a sua informação, em 2016, através de uma editora portuguesa, um livro com 742 páginas, onde poderá encontrar várias reflexões sobre o seu líder comunista e ditatorial preferido.

    Já publiquei entretanto vários outros livros, com prefácios, comentários e testemunhos de professores catedráticos e figuras destacadas do mundo académico, etc..

    Então, tente fazer isso, o quanto antes.

    Arrume as suas ideias e escreva um texto fundamentado que se possa ler, mostrando, aos cabo-verdianos, os meus supostos “desacertos”.

    É assim que se faz nos países democráticos e civilizados.

    • Caro Sr. Casimiro de Pina,

      desafiei-o para um DEBATE PÚBLICO, na TV ou na Rádio, em Cabo Verde e em directo.
      Aguardo a sua resposta.
      Se não quiser, aceito a sua decisão, naturalmente.
      E tirarei as minhas conclusões, naturalmente.

  8. Pergunta de quem não deseja ofender: caro Dr De Pina, o seu tempo, seu precioso tempo, não seria melhor aproveitado noutras coisas do que estar aqui a falar com alguém que, definitivamente, não entende de patavina do que está em causa neste debate? Esta Senhora, com o devido respeito, é uma desinteligente, como ela mesmo fez questão de demonstrar. O paicv tem no seu seio essas “crias” para fazer e dizer coisas que os ditos “espertos” do partido não ousam dizer em público. É pena, justamente no momento em que se fala tanto de emancipação da mulher, ver o paicv a colocar esta pobre mulher numa “emboscada mental”.

  9. Aceito o seu desafio.

    Organiza então o debate na TCV, sobre “O pensamento político de Amílcar Cabral”.

    É óbvio que a sra. Ângela Coutinho NÃO CONSEGUE desmontar aquilo que já escrevi sobre o seu líder comunista e ditatorial. Nem uma vírgula sequer!

    E tenta FUGIR a todo o custo, já que não tem argumentos válidos para, num artigo de opinião, etc., desconstruir as minhas afirmações, que, de resto, são públicas, fundamentadas e bastante conhecidas.

    Aguardo a marcação do debate televisivo!

    • Combinado, meu caro!
      O debate será sobre os crimes que acusa Amílcar Cabral de ter cometido ou os que terá incentivado.

  10. “Pensar com as nossas próprias cabeças”. Como se fosse possível, alguma vez, pensar com cabeça alheia…a linguagem é figurativa, mas reflete bem a maneira como pensam e agem os comunistas. Eles se arrogam no direito de pensar pelos outros, instituindo uma ditadura que tinha a pretensão de substituir até Deus na Terra, apregoam o contrário. Assim pregava o líder marxista e leninista que fundou o paigc, idolatrado em Cabo Verde por uma seita de turbantes e esquecido na Guiné Bissau, onde seus restos mortais jazem numa pequena mata esquecida, outrora jardim. Em Cabo Verde, o líder dos seus seguidores não é nem mais nem menos que o antigo primeiro ministro de Cabo Verde, que hoje, pasmem, pediu que o governo regularize “as pendências laborais dos professores”, justamente, ele que deixou milhares de pendências, que, mesmo que o governo dedicasse exclusivamente só ao trabalho de resolver pendências na educação levaria, na certa, 15 anos para consertar aquilo que ele mesmo levou 15 anos a arrebentar.

  11. O desafio para debater na TV ou no Rádio é típico de intelectuais de meia tigela, como JMN que anda atrás de um doutorando sem fazer mestrado (não sendo abrangido pelo Protocolo de Bolonha) ou seus novos intelectuais formados na universidade do Google ou Facebook e YouTube. Normalmente, nós que acreditamos na ciência e no conhecimento científico e racional e não apenas nas convicções políticas e ideológicas, como muito bem diz e muito o Dr De Pina, “escrevemos para os nossos pares”. Sempre discordamos de colegas, o meio apropriado são revistas especializadas ou livros. Isto porque, acreditamos que mesmo errando, o colega já contribui de alguma forma para o avanço da ciência discorrendo sobre uma teoria. Se alguém desafia o intelectual para debates nos meios de comunicação social, de duas, uma: ela acredita que o oponente não irá aceitar e, por isso, faz bluff, como é o caso desta “cidadona”; tem ambições políticas e deseja palcos, às custas do oponente. Não acredito que a mulher vá em frente Dr Casimiro.

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