Quem consegue proibir a verdade?

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Ou quem esteja por cima das verdades?

As verdades podem ser escondidas, negadas, engavetadas, coloridas, enfeitadas, enfeitiçadas, mascaradas, mas elas são mais resistentes do que o aço e elas estão aí para o mundo inteiro ver. Penso que é completamente inútil enfeitiçar ou mascarar as verdades! As verdades que construímos nas nossas mentes, para a satisfação do nosso ego, podem não ser as verdades de porta fora das nossas mentes. Então, seria muito melhor contemplar a realidade como ela se apresenta, com os pés bem fincados no chão e pôr de lado as fantasias e o ilusionismo da conveniência.

Aí está! É difícil entendermos que hoje estamos mais fracos do que em 2016? Que as vitórias hoje exigem muito mais suor, trabalho e mais engajamento! Muito mais assertividade do que antes! Quantos elementos perdemos e que estão de costas voltadas à nossa luta? Quantos barulhos internos existem hoje no MPD? Quantos elementos conseguimos indispor e que dizem hoje alto e bom som: “não contém comigo, basta de sermos ignorados e afastados…”? São todas inverdades? Nem existe um meio termo? O MPD deixou de ver as verdades como elas são! E mascara-as! E empurra-as com a barriga e deixa andar no vento. Nas nossas mentes criamos um mundo que não coincide com o de pessoas comuns, simples, pessoas dos bairros e dos cutelos. Deixamos de visitar essas humildes gentes, porquê? É ainda a desculpa da Covid 19? Os militantes, a maioria, estão satisfeitos com os dirigentes, com a cúpula do partido? Ou já isso não interessa? A experiência da perda da Praia nada nos ensinou? O excesso de colocação de quadros da oposição em postos de chefias importantes e as suas sabotagens é apenas uma mania dos milhares de militantes? As pessoas que escolhemos para certos cargos electivos e não electivos são, de facto, os melhores que temos? São pessoas com perfil e potencialidade para vencerem? Será? Porquê que não se debate essas questões de forma descontraída e democrática? Essa forma de socializar as decisões é de facto um estorvo a quê? Perturba a quem?

O governo que temos hoje é o que o país precisa neste momento? Não temos a possibilidade de emagrecer a sua estrutura e ganhar mais qualidade e mais enquadramento? Chegamos ao ponto de termos ministros com dois salários! Isto nunca aconteceu antes no MPD. Estas coisas eram práticas do PAICV. E estamos a copiar. É verdade ou mentira?

Para quê ficar a remar contra todas as opiniões?

Não haverá sítios que temos até dificuldades de escolher candidatos capazes? E por vezes somos forçados a escolher candidatos que sabemos que vão perder! Ou pelo menos que a maioria não aprova? E como se escolhe essas gentes? Faz-se consultas a quem? Quem aconselha a escolha dessas pessoas? Sondagens? Quem as conhecem? Qual é o grau de descontentamento que existe hoje nas populações? Temos a medida? Em certas coisas desviámos demasiadamente da tradição democrática do MPD. Neste partido quem mais sofre com as derrotas não são os dirigentes. São exatamente os militantes e as pessoas que votam e acreditam neste partido. Foi sempre assim. É quase como no Benfica de Portugal.

O caminho percorrido contém falhas, desajustes, uns graves outros menos graves. E contém, sejamos justos, vitórias importantes. O que é necessário é fincarmos os pés no chão e termos a coragem de não fantasiar mais as verdades. Sem a culpabilização, tenhamos a coragem de avaliar e corrigirmos os erros do percurso e não empurrar os problemas com a barriga.



1 COMENTÁRIO

  1. Assino por baixo tudo que o sr. Maika Lobo disse.
    “As pessoas que escolhemos para certos cargos eletivos e não eletivos são, de facto, os melhores que temos?”
    E as pessoas que o MpD escolhe para os altos cargos na Administração Pública, nomeadamente alguns ministros e estes por sua vez, os diretores gerais que escolhem, deixam muito a desejar em termos de competência e capacidade de gestão e de liderança por um lado e por outro lado, deixam desconfiança em termos das suas convicções politicas.

    “A experiência da perda da Praia nada nos ensinou?”
    Eu confesso que não fiquei muuuuito surpreendido, porque apesar de muuuuito trabalho que o MpD fez para transformar a Praia naquilo que é hoje, havia muuuuito descontentamento sobre vários processos administrativos em que a anterior câmara (de Óscar Santos) não soube negociar, parecendo ser mais uma empresa que trabalha para o lucro, do que uma Câmara Municipal, que devia saber dialogar e negociar e solidarizar com alguns aspetos de fórum económico-social.

    Eu sempre disse e volto a dizer: governar capital do país, exige muita atenção e equilíbrio nas decisões, porque os munícipes têm uma massa cinzenta bastante crítica e não deixam ser levados pelo populismo exacerbado (atual gestão camarária), quanto mais, pela atitude de arrogância (anterior gestão camarária).

    Não me espanta nada qualquer resultado na Praia nos próximos embates eleitorais. Mas uma coisa estou certo: MpD precisa urgentemente de reconciliar com os seus militantes, amigos e simpatizantes, para poder tirar a Praia do sufoco em que se encontra, porque este PAICV não dá mostras de capacidade para gerir a maior Câmara e cidade capital do país. Aliás, a gestão atual da Câmara Municipal da Praia é a mais fraca de todas, desde a instituição do poder local no país em 1992.

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