Se dúvidas houvesse, ficaram dissipadas. Ulisses vence inequivocamente o primeiro debate

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Primeiro-Ministro e Presidente do MpD venceu o debate desta noite nos órgãos públicos de rádio e televisão. Ulisses reiterou a aposta na vacinação contra a Covid-19 e reforçou que se quer imunizar, pelo menos, 70% da população. Quanto aos transportes foi taxativo e avisou que se for necessário “vamos nacionalizar” a Cabo Verde Airlines

Com as eleições Legislativas marcadas para 18 de abril, os Partidos estão em campanha. Seus líderes estiveram num debate de cerca de 2 horas na TCV e na RCV. Vários temas foram debatidos por Ulisses Correia e Silva, Amândio Vicente, António Monteiro e Janira Hopffer Almada. O PSD não assinou o acordo com RTC não foi ao debate tal como o PTS cujo líder está convalescente e não foi indicado substituto de José Augusto Fernandes.

Saúde, economia, turismo, diversificação da economia, transportes, economia azul/pescas e agricultura foram os assuntos em debate.

Num ano marcado pela pandemia da Covid-19, a saúde foi o tema a abrir o debate e o Primeiro-Ministro e Presidente do MpD foi categórico. Ao bom combate que o País está a fazer à pandemia chegaram as primeiras vacinas que se posicionam como uma “porta de esperança”. Ulisses Correia e Silva referiu-se a investimentos superiores a 2 milhões de contos promovidos pelo seu Governo, por um lado, e por outro, a investimentos na ordem de 1 milhão de contos realizados em equipamentos hospitalares. Para o novo ciclo, para além do reforço das medidas, Ulisses aponta para a construção do novo Hospital nacional, de referência, a ser edificado na Capital Cabo-verdiana com equipamentos de ponta para servir a todos. “São investimentos reais”, precisou.

O PP não apresentou propostas mas falou de falhas no setor. A UCID reconheceu avanço “muito grande” e elogiou os “esforços” dos vários governos nacionais mas pediu “mais investimentos” na área, nomeadamente “mais dinheiro” para os hospitais e o PAICV avaliou que a saúde “não está bem”.

A economia foi o segundo tema que levou os líderes políticos a explanarem suas posições. A prioridade neste setor, na opinião de Ulisses, é continuar a proteger o emprego e as empresas. O turismo não é o único setor económico, mas o que mais sofre com a pandemia, clarificou, ao mesmo tempo que lembrou um conjunto de setores em que o Pais tem potencial e que o seu novo Governo vai continuar a investir, após as eleições de abril. As coisas estão a acontecer, sublinhou.

A fotografia do setor na opinião de Amândio Vicente “não é boa”, considerou que o turismo é “volátil” e diz ser necessário “diversificar” a atividade económica e apostar noutros setores como agricultura e pescas. “É diversificar a atividade económica”, resumiu, sugerindo.

António Monteiro lamentou a “grande sacudidela” provocada com a Covid-19, mas defendeu diminuir a balança de pagamentos e diminuir a importação. Sugeriu também apostar mais noutros setores para que se possa ter uma economia “mais robusta”. O PAICV, por sua vez, defende uma reforma do Estado, com “menos custos”, e sugeriu um “novo turismo”. Janira Hopffer Almada anunciou a criação do cluster do mar e disse apostar nas economias criativas.

Em matéria de turismo, Ulisses reitera que as apostas estão em curso já, nomeadamente, a certificação dos aeroportos para a retoma do turismo. “Há sinais animadores” enfatizou. Cada Ilha um destino, melhorar a conectividade, um turismo com “mais impacto” noutros setores são as apostas para o novo ciclo. “As coisas estão a acontecer e vão ser reforçadas no próximo mandato”, adiantou o Presidente do MpD. A UCID defendeu, de entre outros, investimentos “claros e sérios” em setores da agricultura e pesca de modo a se poder tirar mais proveitos. JHA defendeu a qualificação do turismo, combater a concentração e garantir a sustentabilidade social, ambiental e económico. O PP é contra a privatização do setor dos transportes. Amândio defende o regresso à estatização.

Se necessário for, “vamos nacionalizar” CVA

No capítulo dos transportes, Ulisses foi categórico. O MpD não vai deixar “colapsar” a Cabo Verde Airlines, companhia que é “muito importante” para o Arquipélago. Em última instância e se necessário for, “vamos nacionalizar” a companhia, assegurou o Presidente do MpD que sublinha que o projeto do hub aéreo “tem pertinência”.

O PP não vê motivos para salvar a companhia mas resgataria a companhia para as ligações internas, a UCID diz que a CVA “não dá satisfação”, ao passo que o PAICV propõe renegociar o acordo de privatização, renovar a companhia e recapitalizar. Ulisses reafirma, no entanto, que com os transportes internos a opção encontrada pelo seu Governo foi um imperativo sob pena de o País ficar sem ligações aéreas. Diz mesmo que foi “uma solução” para “evitar o descalabro”.

Para a agricultura, Ulisses adianta que a prioridade continua a ser resolver o problema de abastecimento de água num setor onde se está a aplicar mais 35 milhões de Euros em novos investimentos. O Presidente do MpD fala em soluções alternativas num setor onde os jovens estão cada vez mais a investir. O PP, por sua vez, fala num setor que é de “subsistências”, onde há “muitos desafios” mas diz que o setor “não é” moderno. A UCID defende o recurso às tecnologias e a dessalinização de água nalgumas regiões do País, ao passo que o PAICV defende uma visão integrada no meio rural e estima um setor organizado em cooperativa com novos métodos e novas práticas.



4 COMENTÁRIOS

  1. Ganhou este, ganhará os próximos e, finalmente,ganhará as Eleições Législatives com o mesmo score que Carlos Veiga havia conseguido em 1991

  2. Ulisses é o homem necessário para suceder a si próprio, assim como Carlos Veiga é o homem necessário para suceder a Jorge Carlos Fonseca. Aliás, falando das legislativas, tirar Ulisses e pôr um qualquer ou uma qualquer, só servirá para atrasar o país neste tempo de pandemia.

  3. O MPD não pode voltar a cometer os mesmos erros que cometeu durante as eleições autárquicas, erros esses que levaram a que milhares de eleitores a ficaram em casa, e que resultou, pelo menos na Praia, na vitória que até o Francisco Carvalho reluta aceitar. Portanto, é de todo conveniente, abaixar o facho de confiança para colocar os pés bem assentes na terra firme. Numa coisa, contudo, todos os analistas, mesmos aqueles mais suspeitos da orla do Paicv concordam: acendeu-se o alarme nas hotes do Paicv, e JHA, depois do debate de ontem, já não é vista como alternativa ao UCS. Durante grande parte do debate de ontem:
    a) JHA não conseguiu apresentar uma única proposta concreta, tudo generalidades pouco mais. JHA liderava com o Amândio as cenas mais cómicas da noite. UCS foi bastante comedido para não machucar a JHA. O grau de ignorância sobre os dossiers de governação por parte da JHA foi confrangedor;
    b) JHA vagueou na crista das ondas de generalidades e na negação dos resultados da governação do MPD, o que é normal, enquanto líder oposição. JHA fez lembrar, vastas vezes, durante o debate as perolas da Dilma Rousseff;
    c) JHA não consegue contabilizar e nem irá conseguir contabilizar os custos da sua eventual passagem dela pela governação a partir de 2021;
    d) JHA não foi capaz de demonstrar de onde provêm os recursos para implementar a sua governação e seu impacto no déficit;
    e) JHA aposta no “nós vamos fazer, vocês não fizeram, vocês destruíram, nós vamos construir”, mas não mostrou o impacto para melhor do que seriam as melhores para a vida dos cabo-verdianos. Por exemplo, é fácil dizer que o MPD não investiu na agricultura, na educação, na saúde, nos transportes, na segurança, na mobilização de água, etc., etc.,. O mais difícil, seguramente impossível para a JHA é dizer quanto iria investir, quais os benefícios, a origem dos recursos e seus impactos no deficit;
    JHA não demonstrou a alternativa ao programa de mobilização de água salobra e de água residual tratada na agricultura vai ou não insistir nas barragens hoje, para esperar 5 anos depois pelas chuvas. Vai ou não abandonar a opção pelas energias renováveis na mobilização de água? Quais os custos das novas barragens e quais os custos de novos furos, se abandonar a dessalinização da água do mar e o tratamento seguro das águas de esgoto. É verdade que, os economistas do Paicv (Avelino e companhia), na sua grande maioria, não são muito dados a números, preferem verbalização de intuições ou falsidades. O debate de ontem, pode, no mínimo acelerar o final inglório de uma liderança obtusa, errática, birrenta, barulhenta e conflituosa. Ora, isto, quer se queira ou não, é bom para a democracia e para o Paicv, sobretudo.

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