Tempo de Lideranças!

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Há dias li um belo texto do meu amigo Hélio Varela sobre o tempo das lideranças e a importância de cada um de nós sermos obrigados nos dias de hoje a exercermos o nosso potencial de liderança. E é relembrando a riqueza desse texto que começo a ficar angustiado com alguns posicionamentos por parte de uma certa liderança política, sobre este momento especial por que passa o nosso país.

A tal liderança política parece distante de um genuíno empenho em apoiar as medidas do governo e muito mais focada numa agenda pessoal e de contabilidade de ganhos políticos.
E por estes dias, todos assistimos, estupefatos a este espetáculo político degradante e a este deambular repentino pelas instituições, em visitas despropositadas, quando o momento reclama recato e contenção.

O que a liderança política pretende mesmo todos nós já sabemos: alguns minutos de antena na imprensa nacional para posicionamentos esdrúxulos a confundir a opinião pública nacional. Finge-se preocupada com o estado de saúde da Nação, mas na verdade deixa transparecer uma grande infidelidade ao dever de cooperação num tempo em que o País exige convergência e sentido de Estado.

Sem ideias, com propostas desmedidamente populistas, continua a tal liderança na mesma cruzada de desacreditar as medidas do governo visando conter a expansão da pandemia no nosso país. Aproveita cada minuto da crise para lançar mais caos e desalento na sociedade para o gáudio de, felizmente, uns poucos. Umas vezes discorda de tudo e de todas as políticas do governo e promove retóricas ambíguas e sem sentido. Outras vezes, não enxergando o ridículo, pretende substituir o governo propondo medidas irresponsáveis para engodo dos mais incautos. Mas, devia esta liderança perceber, que se o governo falhar, falhamos todos e falha o País, e que por isso mesmo o melhor caminho é um inequívoco e genuíno apoio às medidas deste governo e propostas articuladas para juntos vencermos esta crise.

Não sendo político, sempre encarei a política como um ato nobre que exige serenidade e convergência, sobretudo nos momentos em que o país reclama de nós todos o melhor que pudermos e soubermos. Pelo que em tempo de crise as agendas pessoais não podem sobrepor-se às causas da Nação e acima de tudo é tempo sim de nos convergirmos com a ação governativa para regressarmos rapidamente à normalidade. Agora não é o tempo da política nem dos políticos, não é o tempo nem do MpD, PAICV, UCID ou PP. É o tempo de Cabo Verde em que cada cabo-verdiano é um soldado desta batalha difícil que temos de vencer.

E se num momento frágil para o país, uma determinada liderança continua a manter o seu registo quezilento e egoísta na forma de estar na política, então todos aqueles que estão a seu lado devem ter a coragem de dizer-lhe, FikaNaKaza sim ma FikaKalada!!

Porque nós vamos vencer a crise!!



4 COMENTÁRIOS

  1. Rigorosamente Gil Evora esta correcto num tempo, ao que me parece, estarmos ante, diria, liderancas perdidas.
    Votos que Cabo Verde venca esse mal criado pelas malicias do ser humano.

  2. Eu acho que têm razão todos aqueles que criticam, sem chamar nomes feios, tanto o sr. Primeiro Ministro, ou por se ter deixado levar apenas pelas conversas do PCA, sr. Gil Évora, aquando da visita do PM à Empresa que fabrica, também, álcool e gel, onde o governante ouviu, ou foi induzido em erro, que havia medicamentos e desinfetantes em quantidade suficiente para abastecer o país, durante algum tempo para, logo, a seguir, o chefe do governo garantir, ou, no mínimo passar a ideia, porque o discurso dele pareceu-me meio truncado, que estava tudo bem, em termos de abastecimento, quando toda a gente no país sabia, porque ouvia todos os dias, que havia tanta carência quanto a procura por desinfetantes. Só hoje, e apenas só hoje, finalmente, no jornal da noite da TCV, o país ouviu, de forma inequívoca pelas próprias palavras do PCA, Gil Évora, que o país não tem capacidade de produzir os desinfetantes em quantidade que satisfaça a demanda. Mas por quê só agora? Perderia alguma credibilidade o PCA se admitisse, na primeira oportunidade, a real situação de incapacidade da empresa que ele tutela? Ou ele sentiu receio de assumir logo os fatos, para não por o cargo em risco, diante da pressão que pudesse vir a sentir, quer da parte da sociedade, quer da sua própria tutela? Seja como for, a acreditar nas palavras, tanto do Gil Évora, PCA da empresa de medicamentos, como do Primeiro Ministro, foi grande a expectativa e o cortejo de muita gente que, em todo o país, durante vários dias, se fez às farmácias espalhadas em todos os Concelhos do pais atrás dos benditos desinfetantes. Benditos mas não fundamentais porque o que neste preciso momento não deve faltar em todos os “cutelos, ribeiras e achadas” desse nosso, agora martirizado, país é, sem sombra de dúvidas, água e sabão para todos puderem lavar as mãos, já que estamos todos confinados em nossas casas. Mas, se foi já decretado pelo Governo crise hídrica em Cabo Verde pelos sucessivos anos de seca, fato com que, dramaticamente, temos que lidar, eis que surgiu hoje, dia 02 de abril, no jornal da noite da TCV que, por mero capricho de algum pseudogestor/responsável da empresa ADS não se liga a conduta da água na zona de Achada Lém, Santiago Norte, para o desespero da população. QUE DEUS NOS ACUDA!

  3. Parabéns ao autor por finalmente alguém dizer em voz alta o que a maioria desta população viu, ouviu e sente. Uma falta de vergonha total do Paicv e sua líder que continua a afundar na opinião pública

  4. Gil tem toda a minha consideração e apreciação por um artigo tão bem direcionado, numa altura em que se exige dos políticos e da sociedade não mais do que clarividência. Vejo para os nossos técnicos da Saúde, de todos os níveis e categorias, e o que ressalta, neste momento crucial é o engajamento, comprometimento, entrega total de si, sem ver aquém. Vejo também, uma liderança técnica superiormente exercida por Doutor Artur Correia e uma liderança política do Ministro Arlindo do Rosário sem máculas, até o momento. Já entre alguns políticos, pelo menos entre alguns, a hora é de chicana política. Janira a espalhar charme entre os escritórios. Vejo JMN a comparar a crise do COVID-19 com a crise económica de 2008, e, ao mesmo tempo querer desculpar-se hoje, por sua inação de há uma década. JMN não vislumbra que não é um ou outro modelo de organização económica que está em causa hoje, mas a própria sobrevivência da nossa civilização, tal como a vimos até agora. Para JMN o ‘coronavírus’ é um aliado natural que deve ser aproveitado. O sujeito desdobra-se em asneiras sobre asneiras para dizer ‘non-sense’ e baboseiras das mais toscas possíveis. Vejo a liderança Entre o empresariado nacional, vejo jogos do faz de conta que a ninguém beneficia. Reúne-se com o Governo de manhã e à tarde, com a chefona da Oposição para prestar contas. Onde se viu uma coisa dessas, num momento desses?

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