Tempos de lideranças (2)

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A pandemia que assola o nosso país convocou-nos a todos para um “djunta mon” pois cedo nos apercebemos que somente com a convergência, a solidariedade nacional e uma grande mobilização dos cabo-verdianos conseguiremos vencer estas dificuldades que diariamente nos vêm sendo impostas sem piedade.

Se é verdade que esta crise tem revelado o essencial que nos une enquanto nação, não é menos verdade que também pôs em relevo o facto de, mesmo em tempos difíceis, certa liderança partidária corriqueiramente truculenta, ter optado uma vez mais pelo terreno pantanoso da política e da crítica barata bem longe das exigências que legitimamente a sociedade reclama hoje da classe política.

Não estou aqui a pôr em causa a necessidade de se propor outros caminhos, defender as causas que parecem ser justas ou debater assuntos de interesse nacional já que a pandemia, como sempre se disse, não suspendeu a democracia e o consequente exercício da oposição. Mas o que me parece dispensável é esta avidez desmedida, a falta de sentido de Estado e a permanente insensatez que certa líderança vem demonstrando nas várias intervenções sobre as medidas de contingência para enfrentar a pandemia, num populismo barato, ridículo e irresponsável. Parece por demais evidente que esta liderança pretende apenas o palco, o protagonismo, a contabilidade dos votos e está claramente nas tintas se as coisas correm bem ou não para o País.

Os cabo-verdianos desejariam que neste momento toda a classe política estivesse unida para defender o país deste inimigo invisível que nos fustiga, mas infelizmente o que temos visto é uma permanente tentativa do cheque-mate por parte da tal líderança, como se o país e seus problemas fossem desprezíveis, um assunto menor ante a férrea vontade de chegar ao poder a todo o custo.

Nem uma pandemia consegue alertar esta liderança para a necessidade da seriedade e da responsabilidade, preferindo antes, o quanto pior, melhor colocando sempre a aritmética política em primeiro lugar.
A candura com que se apresentou uma vez ou outra no Parlamento, mudando até de tonalidade de voz, não é mais do que um desmesurado fingimento a medir forças com o poeta, pois o seu estado normal são as gritarias parlamentares, e o seu verdadeiro registo é o da política da terra queimada.

Recentemente andou pela imprensa a debitar suas propostas, algumas plagiadas noutras paragens, para depois em jeito de auto-satisfação concluir que tudo o que se tem feito no âmbito desta crise, tem a sua marca e do seu partido. Convenhamos.

Essa da paternidade das propostas resultantes dos apelos, primeiro foram as 6 das 10 medidas e depois as mascaras e os testes, não lembraria nem ao diabo e, cá entre nós, nem o famoso Casimiro diria melhor: “pode filmar, é tudo meu. Tou aqui , tou Alá …” . A isto chama-se o calculismo político no seu requinte máximo.

Os sinais de desespero são evidentes porque rareia matéria para o estilo de liderança que impôs ao seu partido, preferindo por isso a narrativa agressiva, opaca e desrespeitosa, e as permanentes retóricas das suspeições e incriminações.

A união dos caboverdianos continuará a permitir vitórias permanentes sobre a pandemia, pois este é um desafio em que a obrigatoriedade é vencer. Mas o País questiona se nem uma pandemia como esta tem o condão de unir a classe politica caboverdeana rumo a um mesmo objetivo – vencer a luta contra o Covid 19 – ou se, pelo contrário, vamos continuar a assistir a este permanente “show” em que a “atriz principal” está literalmente fora do palco.



2 COMENTÁRIOS

  1. Nas hostes tambarinas, é o império da estupidez. Ninguém entende a Janira a incitar a construção clandestina nem o pedido de aumento salarial dos professores.

  2. Os ‘janirinhos’ de turbante que estão a dar as cartas no PAICV são umas gracinhas, para não dizer “gracinhos”. Depois do Samilo, recém desembarcado de Lisboa, incentivar as pessoas a violar as leis, a vez é de um outro ‘janirinho’ sempre muito mal vestidos, a solicitar que Cabo Verde mande dinheiro para o exterior para o combate da Covid-19, onde há comunidade caboverdiana. Enfim, no Paicv parece que deu um branco na mente das pessoas, e como há mais de um milhão e meio de crioulos descendentes no exterior, e se a cada um for enviado 10 €, bom é só fazer as contas, coisa que os janirinhos parecem detestar. Enfim a baderna é geral no Paicv.

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