Um breve testemunho sobre a vida e a obra do filósofo Olavo de Carvalho (parte i)

3

Morreu, ontem, Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (1947-2022), num hospital de Richmond, Estados Unidos da América.

É sempre uma tragédia quando um homem notável, e um polemista temível, nos deixa assim, sem aviso prévio.

Partiu, contudo, em absoluta paz, depois de se confessar, tranquilamente, a um padre e ter reclamado, enquanto cristão devoto e sincero, a necessária Graça Divina.

Ao contrário da mentirinha que por aí circula (era já previsível, tendo em conta a natureza peculiar da matilha esquerdopata!), NÃO morreu por causa da covid-19.

É mentira.

De acordo com o boletim médico, subscrito, de resto, por um profissional reputado que o acompanha há 35 anos, Olavo de Carvalho morreu na sequência de uma deficiência respiratória e de uma pneumonia bacteriana e infecção generalizada (septicemia), causadas pela bactéria Staphylococcus aureus, resistente à Meticilina.

Parte fisicamente o homem, mas ficam, grafados, dir-se-ia, na tessitura mesma do “espírito objectivo”, a obra e o perene exemplo de um ser superior.

Neste momento, isso é o que mais importa.

Olavo de Carvalho foi, seguramente, um dos maiores Filósofos, Comunicadores e Escritores do século XX, de nível mundial.

A sua obra filosófica é simplesmente monumental, singular. Inigualável. Cintilante.

Sim, um dos maiores Pensadores do século XX.

A sua influência foi extraordinária.

Tinha mais de 20 livros publicados, sendo alguns deles best-sellers internacionais.

Sei que os palpiteiros e propagandistas de serviço, desses que pululam alegremente por aí e “brilham”, perdidos numa afoita ignorância, nas nossas obscuras “sentinas sociais” (para usarmos uma imagem sugestiva do poeta bravense Eugénio de Paula Tavares), não gostam nada de ouvir a verdade.

A verdade incomoda!

Mas os FACTOS são teimosos, como gostava de proclamar um ídolo dessa gentalha totalitária, V. I. Lenine.

Olavo de Carvalho, homem de mil ofícios, foi um gigante. Porque foi, antes de tudo, RECONHECIDO pelos gigantes, isto é, pelas maiores figuras mundiais das Letras, das Ciências Humanas, da Filosofia e da Literatura do século XX.

Ele não precisa, pois, de falsos elogios de pigmeus de esquerda, complexados, sibaritas sem visão e figurinhas de província (para não falarmos de burlões encartados…), calcados na pura inércia, cuja única “obra” conhecida é o fel venenoso que destilam, sem pensar, pelos lábios malignos.

A obra de Olavo de Carvalho, meus amigos, JÁ ESTÁ FEITA! Com brilho. Consummatum est.

A matilha enraivecida já nada pode fazer contra isso! Tarde de mais.

Ouçamos, então, alguns depoimentos, expendidos por autoridades insuspeitas de várias áreas do saber, acerca do preciosíssimo contributo de Olavo de Carvalho ao mundo do conhecimento:

“1. Sobre Olavo de Carvalho:

  • “Autor de valiosas reflexões filosóficas.”

Carlos Alberto Montaner, O Estado de S. Paulo, 19 jan, 1999.

  • “De reconhecida competência na área da filosofia, tem obtido grande sucesso tanto em suas pesquisas como no trato com seus alunos.”

Jorge Amado

  • “Já deu prova cabal da seriedade de seus propósitos e de sua extensa cultura filosófica. Qualquer esforço que venha dele é digno de apoio e só pode acrescentar prestígio a quem o proporcionar.”

Romano Galeffi, catedrático de Estética, Universidade Federal da Bahia (relatório sobre o projeto de Uma Filosofia Aristotélica da Cultura).

  • “Indiferente às elites universitárias e ao mundo do show business cultural, Olavo de Carvalho escolheu a vida intelectual plena como ambição e exercício de seus dias.”

José Enrique Barreiro, TV Educativa, Salvador BA

  • “Intelectual independente, não filiado a qualquer grupo político ou filosófico; dono de vasta cultura, alicerçada no conhecimento da filosofia.”

Carlos Cordeiro, Diário de Pernambuco, Recife, 26 ago. 1989

  • “Tem o brilho e a coragem dos Inconfidentes.”

Aristóteles Drummond.

  • “Admiro Olavo de Carvalho não apenas pelo alto valor de sua obra intelectual, que inclui livros importantes sobre a filosofia aristotélica, sobre o relacionamento entre Epicuro e Marx e sobre a ‘revolução cultural’ provocada por Gramsci, mas também pelo vigor polêmico com que está enfrentando o que ele mesmo classifica como as ‘atualidades inculturais brasileiras’.”
  1. O. de Meira Penna, Jornal da Tarde, São Paulo, 10 out. 1996.
  • “Filósofo de grande erudição.”

Roberto Campos, Folha de S. Paulo, 22 set. 1996.

  • “Filósofo, e não apenas professor de filosofia.”

Nelson Saldanha, mensagem de saudação a O. de C. No Instituto de Tropicologia da Fundação Joaquim Nabuco, Recife, PE, 13 de maio de 1997.

  • “Estupendo. Sua obra tem como que o sopro de uma epopéia da palavra, a palavra destemidamente lúcida e generosamente insurgente, rebelde e justa, brava e exata.”

Herberto Sales, da Academia Brasileira

  • “O mais brilhante e controverso filósofo brasileiro.”

Monica Grigorescu, Rompress ~ Romanian National News Agency, 3 jul. 1997.

  • “Coragem intelectual.”

Jarbas Passarinho, O Estado de S. Paulo, 19 jun. 1988.

  1. Sobre A Nova Era e a Revolução Cultural
  • “Louvo a coragem e lucidez das suas idéias e a maneira admirável com que as expõe.”

Herberto Sales, da Academia Brasileira.

  • “O ensaio, além de excelente, chega na hora certa.”

Josué Montello, da Academia Brasileira.

  • “Um ser vivo. Magnífico. Iluminador. Tem a vibração da coragem ética. Certamente um dos documentos mais importantes já produzidos no Brasil.”

Jacob Klintowitz, crítico de arte.

  1. Sobre Símbolos e Mitos no Filme “O Silêncio dos Inocentes”
  • “Análise fascinante e ~ ouso dizer ~ definitiva.”

José Carlos Monteiro, Escola de Cinema da UFRJ.

  1. Sobre Aristóteles em Nova Perspectiva
  • “Olavo de Carvalho vai aos filósofos que fizeram a tradição ocidental de pensamento, dando ao leitor jovem a oportunidade de atravessar esses clássicos.”

Paulo Francis, O Globo, 5 jan. 97.

  • “Nas suas obras como nos cursos que profere, predominam o equilíbrio e a coerência.”

Luís Carlos Lisboa, Jornal da Tarde, São Paulo, 7 jan. 1995.

  • “Desde Giambattista Vico que não surgia uma interpretação tão luminosa para acabar com a mistificação das ” duas culturas”, e esta perpassada de um diálogo enriquecedor com comentadores de Aristóteles como Octave Hamelin, Werner Jaeger, Eric Weil, e autores convergentes nesta encruzilhada decisiva da história intelectual do Ocidente como Mary Louise Pratt, Chaim Perelman, Thomas Kuhn e Erwin Panofkski.”

Mendo Castro Henriques, Universidade Católica de Lisboa.

  1. Sobre O Jardim das Aflições
  • “Poucos livros tenho lido com o interesse e o proveito com que li O Jardim das Aflições.”

Josué Montello, da Academia Brasileira.

  • “Inexaurível erudição e incontornável honestidade intelectual… O clarim de uma adiada e temida ressurreição da independência crítico-filosófica da nação.”

Bruno Tolentino, prefácio a O Jardim das Aflições.

  • “Um livro maravilhoso, um clarão nas trevas.”

Leopoldo Serran, Jornal do Brasil, 6 set. 1996.

  • “Se a obra de Olavo de Carvalho se distingue da prosa empolada e vazia dosphilosophes de plantão, é sobretudo por seu texto vivo e bem humorado, por sua erudição generosa e pela busca permanente de clareza e honestidade intelectual.”

Antônio Fernando Borges, Jornal do Brasil, 6 jan. 1996.

  • “Olavo de Carvalho chega a ser um iconoclasta, de uma iconoclastia tornada necessária… Ele vai até adiante da coragem, dispõe de larga e profunda erudição, como se vê nos seus textos filosóficos de grande base helênica, Os Gêneros Literários e Uma Filosofia Aristotélica da Cultura, breves, concisos, rigorosos conceitualmente, de apurado método lógico, por trás do calor polêmico que assim não o prejudica.”

Vamireh Chacon, Jornal de Brasília, 22 jan. 1996.

  1. Sobre O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras
  • “Livro imperdível. Exijam dos livreiros.”

Paulo Francis, O Globo e O Estado de S. Paulo, 28 jul. 1996.

  • “Lúcido e eloqüente como Irving Kristol.”

Alan Neil Ditchfield

  • “Como Jackson de Figueiredo, como Gustavo Corção, O. de C. vê a imbecilidade como erro moral, tem uma visão filosófica e universal desse problema.”

José Arthur Rios

  • “Uma inteligência como poucas entre nós.”

Paulo Bentancur, Jornal do Comércio (Porto Alegre), 22 nov. 1996.

  • “Temível inteligência e imbatível domínio filosófico.”

Ângelo Monteiro, Diário de Pernambuco, 23 nov. 1996.

  • “Olavo de Carvalho restabelece uma tradição que estava declinando assustadoramente: a tradição da crítica severa e corajosa, que desmitifica falsos valores, higienizando a vida intelectual.”

Edson Nery da Fonseca, Diário de Pernambuco, 17 de maio de 1997.

  1. Sobre a conferência “Les plus exclus des exclus” (Unesco, Paris, 29 jun. 1997)
  • “Fascinating.”

Amy Colin, Pittsburg University.

  1. Sobre a conferência “A Gerência Geral do Espírito”, na Casa de América Latina em Bucareste (10 jul. 1997)
  • “Conheço praticamente todos os pensadores europeus dos últimos trinta anos e nunca ouvi de nenhum deles algo de tão interessante.”

Gabriel Liiceanu, reitor do New European College da Romênia.

  1. Sobre a introdução aos Ensaios Reunidos de Otto Maria Carpeaux
  • “Longa, profunda e bela introdução. Sem o ter conhecido pessoalmente, penetrou fundo no drama de Carpeaux.”

Edson Nery da Fonseca

  • “No substancioso prefácio à reedição dos principais livros de Carpeaux, assinado por Olavo de Carvalho, temos um painel crítico desse importante momento da vida cultural brasileira… Curiosamente, Carpeaux e Olavo não se conheceram. Um dos desencontros que eu considero mais cruéis do destino, uma vez que os dois, guardadas as posições radicalmente pessoais de cada um, tinham um approachidêntico da condição humana. Até mesmo na capacidade da exaltação e da polêmica.”

Carlos Heitor Cony, orelhas dos Ensaios Reunidos de Otto Maria Carpeaux, vol. I. (Rio, Topbooks, 1999)”.

Só nos resta dizer o seguinte: a verdade é como o azeite. Não pode ser ofuscada. Jamais. Consummatum est!

Olavo Pimentel de Carvalho era um clássico (que dominava línguas antigas e modernas), um intelectual reputadíssimo e, por isso, obteve, como recompensa pelo seu elevado talento e contributo na área educativa, um VISTO especial de entrada nos Estados Unidos da América, após uma meticulosa análise da sua reflexão enciclopédica.

Tocou praticamente, com mão de mestre, todas as áreas do saber.

Isso não é para qualquer um. Olavo era um iluminado.

Foi reconhecido pelo governo norte-americano. Os democratas da “new left” estavam então no poder.

Que honra, que dignidade!

Deu, por outro lado, centenas de palestras no Brasil, na Roménia, na universidade de Harvard, em todo o lado.

Foi sempre seguido por uma efusiva legião de fãs e admiradores. Era um fenómeno mediático!

Fundou jornais, cursos online e editoras. Prefaciou grandes autores.

Despertou milhares de jovens pelo mundo inteiro, abrindo-lhes, com bonomia, as portas da alta cultura e do autêntico conhecimento.

Reeditou livros esquecidos e fundamentais, sempre com comentários estimulantes. Foi um Sage, como diriam os franceses.

Transformou vidas e carreiras. Libertou-nos da desinformação, e dos seus espartilhos ideológicos.

Era um conhecedor profundo da geopolítica e das relações internacionais. Um mestre nas religiões comparadas, matéria que nenhum estadista consequente ousa dispensar, mormente neste transitivo presente, de feição quase hobbesiana.

E ganhou, também, inúmeros prémios, condecorações e altas distinções internacionais (ver um esboço do seu incrível “curriculum vitae”, de resto bastante desactualizado e incompleto, porque cobre até 2005, em:

https://olavodecarvalhofb.wordpress.com/…/curriculum…/) .

Desenganem-se, ó gambuzinos insignificantes. Tenham paciência.

Olavo de Carvalho não é da vossa laia.

Ele paira muito acima dos vossos cérebros de ameba. Conformem-se.

  1. C. sempre esteve, felizmente, e para a vossa inteira desgraça, num outro campeonato.

É o saber que verdadeiramente nos liberta. Só o saber.

Como ele gostava de dizer:

“SAPIENTIAM AUTEM NON VINCIT MALITIA”.

(Continua…)



3 COMENTÁRIOS

  1. Foi tudo isso, não interessa vir aqui discutir isso. Agora ele foi o mentor de Jair Bolsonaro e da sua política de extrema direita. Este Senhor , Casimiro de Pina, também apoia os princípios políticos de Bolsonaro a começar da prática evangélica ?

  2. Cabo Verde atravessa, neste momento, um período complicado, tragicómico. É uma espécie de “reino dos palpiteiros”. As pessoas, impelidas por uma estranha necessidade, querem falar e opinar SEM qualquer preparação intelectual. É o pagode! Ora, Olavo de Carvalho nunca foi “guru” de ninguém e ele sempre recusou, de resto, veementemente, esse tipo de difamação, mesquinha e desprovida de qualquer fundamento. O trabalho dele desenvolveu-se, repito, num nível bem superior. Deixou-nos 30 livros de Filosofia e História das Ideias e um famoso Curso de Filosofia que conseguiu angariar, em poucos anos, mais de 20 mil inscritos, mobilizando licenciados, mestres e doutores do mundo inteiro, que procuravam, com entusiasmo, os ensinamentos do cativante filósofo de Campinas. É esta, para não entrarmos em mais pormenores, a ESSÊNCIA da sua vasta produção intelectual. Alguns desses livros são mesmo best-sellers internacionais, como já se advertiu. Já agora, a malta sabe o que significa “extrema-direita”?! Jair Bolsonaro nada tem a ver, em rigor, com essa pretensa ED, mais um rótulo difamatório que a propaganda estalinista instalou, suavemente, na mente popular desde os anos 30 do século XX. Falar à toa é, sem dúvida, uma coisa triste e pouco recomendável. Há que ESTUDAR primeiro. O amor à verdade e ao conhecimento é, justamente, um dos pilares dos ensinamentos de Olavo de Carvalho, que sempre radicou a vera Filosofia neste como que irredutível traço da personalidade.

Comentários estão fechados.