ANA BESUGO: O que fiz nestes últimos anos foi colecionar fotos de animais e ambientes

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“Sal d’ baixo d’ Água” assim se intitula a exposição que está patente ao público no Museu do Sal, até ao fim do próximo mês de setembro

Fotografias que retratam a biodiversidade marinha de Cabo Verde e em especial do Sal podem ser vistas numa exposição inaugurada no passado dia 23. Desde tartarugas marinhas, a lindos cardumes de peixes em dança sincronizada, lesmas-do-mar de várias formas e cores berrantes, peixes coloridos e escondidos do inimigo, corais de cores vibrantes, até às pouco visitadas grutas, tudo está retratado em fotografias que Ana Besugo e uma sua convidada nos mostram por estes dias.

A iniciativa é da bióloga marinha Ana Besugo, uma portuguesa que optou por fixar residência no Sal onde desenvolve atividade profissional, tendo criada uma empresa de eco-turismo, a ZUGAdventures, que tem por missão mostrar o Sal aos visitantes.

Em entrevista ao OPAÍS, Ana Besugo fala-nos das suas paixões pela fotografia, provavelmente herdada do seu pai e da sua convidada, Romina Andreini, com quem leva os visitantes a um “mergulho” pelas belezas subaquáticas do Sal.

Licenciada em biologia marinha pela Universidade do Algarve, Ana é Mestre em Estudos Integrados dos Oceanos, pela Universidade dos Açores. Em 2005 começou a mergulhar e desde tenra idade tem paixão pela fotografia e por onde passa capta imagens singulares.
Confira a entrevista.

OPAÍS – Como surgiu a ideia desta exposição que está a decorrer no Museu do Sal?

Ana Besugo – A ideia surgiu da vontade de partilhar o meu trabalho fotográfico dando a conhecer aos habitantes e aos visitantes da ilha do Sal as suas belezas escondidas, as quais poucos são aqueles que têm acesso a elas, já que apenas os praticantes de mergulho as podem ver durante os mergulhos que fazem aqui.

O que se pode ver mesmo aqui até setembro?

Na exposição estão exibidas fotografias de animais e também de ambientes subaquáticos. Todas as fotografias foram tiradas no Sal e retratam a biodiversidade marinha de Cabo Verde e em especial do Sal. Desde tartarugas marinhas, a lindos cardumes de peixes em dança sincronizada, lesmas-do-mar de várias formas e cores berrantes, peixes coloridos e escondidos do inimigo, corais de cores vibrantes, até às pouco visitadas grutas, tudo está retratado em fotografias no Museu do Sal onde poderá desfrutar deste mergulho fotográfico.

Trazes uma convidada para juntas mostrarem o Sal debaixo das águas… Brincando um pouco, sozinha não podias mostrar está ilha?

Sim convidei a Romina Andreini, porque é uma amiga do mergulho, com quem já tive o prazer de trabalhar e por quem eu tenho uma admiração do seu trabalho e das fotografias. É claro que sozinha também conseguiria mostrar o Sal d´baixo d’água, mas a vida é melhor quando é partilhada e em especial com os amigos, não concorda?

Pois, e como descobriu estas belezas que agora nos exibe?

Eu sou formada em biologia marinha e faço mergulho desde 2005. Apaixonei-me pela fotografia desde pequena, com cerca de 10 anos penso que já tinha uma máquina fotográfica. Influências do meu pai, que também é um apaixonado pela fotografia.

Em 2005 quando comecei a mergulhar, fiquei deslumbrada com o que podia observar debaixo de água e foi quase inevitável começar também a fotografar naquele meio. Quando me mudei para o Sal, em 2015, trabalhei em vários centros de mergulho, e tinha a oportunidade diária de poder tirar fotos dos animais e do fundo marinho do Sal. O que fiz nestes últimos anos foi colecionar fotos de animais e ambientes, as quais quis agora dar a conhecer a todos.

Esta exposição fica apenas aqui ou há perspetivas de a levar para outras ilhas?

As expetativas de poder levá-la para outras ilha é relativa, vai depender de se surgirem convites de outras entidades para a exibir noutros locais.

Como descobriu a ilha do Sal, desde quando mesmo?

A primeira vez que eu pisei Cabo Verde foi em 2010, e na verdade, a minha primeira paragem foi aqui na ilha do Sal. Dormi uma noite no Sal e no dia seguinte viajei para a Boa Vista onde participei como voluntária num programa de conservação de tartarugas marinhas através da ONG Natura 2000. Nessa noite não deu para ver nada do Sal. Por isso só viria a conhecer o Sal em 2015, quando me mudei para cá com o meu marido, por motivos profissionais.

O que lhe cativou de facto nesta ilha?

O que me cativa estar aqui agora é o facto de ter conseguido criar uma empresa de eco-turismo, a ZUGAdventures, e poder mostrar aos visitantes do Sal a sua beleza natural causando o mínimo impacto possível. Fazendo com que os turistas não levem daqui só fotografias dos locais visitados, mas também uma sensação de bem-estar e harmonia com a natureza e a cultura cabo-verdianas.