Agência Inforpress lança pânico, medo e desconfiança sobre Covid-19

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Agência pública de notícias deturpou, não se sabe a troco de quê, informação sobre as projeções de casos de Covid-19, em Cabo Verde

Num tempo em que o mundo e Cabo Verde assistem ao evoluir da pandemia do coronavírus, e com as autoridades nacionais empenhadas no maior controlo da doença, apelando ao necessário distanciamento e isolamento social, a Agência de Notícias Inforpress lança pânico, medo e até desconfiança no seio dos Cabo-verdianos, sobre o Covid-19.

Ora, uma projeção apresentada na última sexta-feira, 10, nota-se bem, projeção, aponta que, caso as autoridades nacionais nada fizessem, poderíamos chegar a ter perto de 40 mil casos e, pelo menos, 430 mortes, no horizonte de julho. Repetimos: são projeções.

A Agência de Notícias, não se sabe com que intenções, passou por cima do termo projeção, e espalhou o estudo como se uma realidade fosse. A sua “notícia” sobre a projeção acabou por lançar pânico, medo e desconfiança.

De uma Agência suportada e financiada com recursos do Estado, portanto, com impostos de todos os Cabo-verdianos, esperava-se e espera-se, sempre, responsabilidade e nunca a truncagem de dados, a descontextualização de um fato, nem em parte nem em todo.

Ao descontextualizar a apresentação do autor da projeção, a Inforpress produziu uma informação bombástica e errada. E por ser uma Agência os “perigos” desta truncagem são incomensuráveis, porque outros órgãos, no País e no estrangeiro, são induzidos a erro, caso dessem continuidade àquela “notícia”.

O apresentador da projeção, bastas vezes, aludiu precisamente ao fato de ser uma projeção, como que já desconfiava de alguma mente mal intencionada na abordagem ao assunto.

Ora, o próprio OPAÍS.cv editou aquela informação e sublinhou que era uma projeção, ou seja, deixou a advertência desde o primeiro momento.

Tentamos compreender as motivações que podem levar uma Agência pública de notícias a trocar de contexto um determinado assunto, e acreditem, não conseguimos vislumbrar as razões.

Ora, para além de referir que eram projeções, o autor referiu, igualmente, e de forma objetiva, – confirmar no vídeo desta peça –  que tal cenário ocorreria caso as autoridades nacionais de Cabo Verde nada tivessem feito. Sucede que fez. E fez muito bem ao apelar ao isolamento e distanciamento social. Fez muito bem ao sufragar o estado de emergência e fez, também muito bem quando adotou um conjunto de medidas para salvar a economia, para proteger o emprego, para amparar o setor informal e proteger as famílias.

Clarividência, e sentido de responsabilidade são necessários na abordagem de assuntos sérios.

Todos somos necessários nesta luta contra o Covid-19, e como dizia o Papa Francisco, neste barco ninguém se salva sozinho.

OPAÍS.cv



5 COMENTÁRIOS

  1. A modelagem matemática é estatística não é uma coisa para amadores. Kakuto fez ótimo trabalho. Nós da área das ‘quantitativas’ adoramos. Não nos interessa muito se o número é elevado ou reduzido. Enquanto especialistas, o que importa é se o método científico foi respeitado. Do que pude ver, independentemente dos resultados, Kakuto não violentou os métodos matemático e estatístico. Logo temos uma grande colaboração da ciência para compreender a COVID-19 em Cabo Verde. Todo o resto é conversa. Fosse um médico virulogista, o autor do trabalhocom quanto que respeitasse o método científico, estaríamos igualmente conversados. Bravo Kakuto.

  2. Correção: onde se lê : “não interessa se o número é elevado ou reduzido (…)”. Deve ler-se, não interessa se o resultado final é elevado ou reduzido.

  3. Termino este comentário, no exato momento em que uma amiga me faz chegar um comentário, publicado no perfil do Facebook, que, pelo nome da pessoa deduzo ser do Júlio PCA do HAN. Nada contra, excepto um detalhe: mesmo que o trabalho do Kakuto fosse um mero trabalho ou exercício acadêmico (parece que as pessoas se esquecem, não raras vezes, que formaram-se nas academias e que seus mestres são ou foram acadêmicos), um trabalho científico ou acadêmico só é desmentido por outro trabalho também ele acadêmico. Por mais experiente que seja o Júlio, é ele é muito experiente, pelo Facebook ele não tem condições para denegar outro trabalho científico. Terá de mostrar através de outro trabalho científico ou artigo científico o método, as hipóteses, as técnicas, os resultados, as limitações do método e a literatura de base. Afinal, por respeito à ciência e por humildade ele deve permitir-se ser também ele escrutinado cientificamente.

  4. Pode até ser um óptimo trabalho, não é o que está em causa. Mas no momento que vivemos não era necessário as projecções. No fim da Pandemia poderia apresentar as estatísticas para mostrar que as medidas foram bem tomadas, mas não agora.

  5. “O método científico é como a democracia. É o melhor que temos”, Natália Pasternark. Kakuto apenas seguiu o método científico.

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